Mbanza Kongo – O abate indiscriminado de diversas espécies de árvores no perímetro fronteiriço entre a província angolana do Zaire e a região do Congo Central (RDC) preocupa o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) afirmou hoje, o seu chefe de departamento provincial, João Domingos Bernardo.
Em entrevista à ANGOP, o responsável disse que a sua direcção está desprovida de meios técnicos capazes e recursos humanos suficientes para contrapor a invasão da flora.
Destacou as localidades fronteiriças do Minga (Cuimba), Luvo e Mama Rosa, no município de Mbanza Kongo, como sendo as zonas em que se assiste com maior incidência o abate desenfreado de espécies florestais na região.
Entre as espécies florestais em conservação pela sua instituição na região e que são alvos de abate, o responsável mencionou o pau-ferro, rosa e o pau-preto, este último pode também ser encontrado nas florestas do município agrícola do Tomboco.
“São espécies que geralmente são usadas para o artesanato, por isso que são preferíveis por infractores”, referiu.
Para contornar a situação, o responsável do IDF na região defende a criação de políticas de reflorestação, bem como o reforço das actividades de fiscalização da flora, principalmente ao longo da fronteira com o país vizinho (RDC).
Considerou de insignificante o número de fiscais (oito) que o IDF na província controla para fazer face a extensa floresta, necessitando, para isso, mais 78 especialistas.
Em termos de receitas, a fonte disse terem sido arrecadados em 2020, dois milhões, setecentos e sessenta mil e 73 Kwanzas, contra dois milhões, quatrocentos e um mil e 873 Kwanzas coleccionados no período homólogo de 2019.
A quantia, segundo disse, resulta do pagamento de taxas de exploração e comercialização de diversos recursos florestais, com destaque para a madeira que é vendida nos mercados das províncias do Zaire e Luanda.
Informou que no ano transacto, o IDF na província licenciou quatro empresas de exploração de madeiras, deste número apenas uma conseguiu executar o seu projecto, enquanto as demais desistiram por alegado mau estado das vias entre as zonas de exploração e os centros comerciais.
Considerou a floresta como um elemento essencial para alavancar a economia do país e gerar riquezas para o sustento de muitas famílias, tendo apelado para a sua conservação.
Com uma extensão territorial de 40 mil e 130 quilómetros quadrados, a província do Zaire subdivide-se em seis municípios, 25 comunas e 711 aldeias.
Situada a norte de Angola, a província do Zaire partilha 310 quilómetros de fronteira com a RDC, sendo 120 kms de fronteira terrestre e 190 kms de fronteira fluvial, através do rio Zaire.