Cuito – Os administradores municipais da província do Bié pediram hoje, na cidade do Cuito, o aumento de professores nas respectivas regiões, para responder ao défice actual, tendo em conta o número de crianças ainda fora do sistema de ensino.
Os gestores falavam durante o II Conselho Consultivo do Ministério da Educação (MED), que decorre desde quinta-feira, na capital biena, até sábado, sob o lema “Os professores de que precisamos para a educação que queremos – O imperativo global para inverter a escassez de professores”.
A administradora do Andulo, Celeste Adolfo, frisou que, neste momento, controlam mais de 20 mil crianças fora do sistema de ensino, por falta de professores e de mais escolas.
Fruto do último concurso público no sector, esta municipalidade beneficiou de 49 novos professores, considerados, pela administradora, insuficientes para responder a demanda.
Realçou serem necessários pelo menos mais 200 professores, para corresponder com as necessidades.
A administradora do Cunhinga, Jorgina Lumati, disse ainda haver falta de recursos humanos, para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem nesta região.
No último concurso público este município recebeu 42 novos docentes, também insuficientes, tendo em conta o número elevado de crianças que ainda não estudam.
Já na Nharea, município que recebeu mais professores do último concurso público, no total de 57, o mesmo de Camacupa, o seu administrador Neves Chissonde referiu que estes novos docentes vêm minimizar a carência existente.
Avançou ser pretensão estender o sistema de educação a todas as aldeias.
Enquanto isso, o administrador do Cuemba, Baptista Canõlossi Jambela Albino, reconheceu ser conjuntural a falta de professores, por isso têm gizado internamente políticas de redinamização dos quadros, sobretudo nas cargas horárias, para dar respostas às necessidades.
Os administradores do Cuito, Chinguar e Catabola, respectivamente Abel Guerra Paulo, Ângela Ucueianga e Madalena Da Silva, falaram igualmente da necessidade do aumento de escolas e de professores, em função do número da população que vai crescendo a cada ano.
O administrador do Chitembo, Alexandre José Celestino, frisou ser maior preocupação as zonas recônditas, onde se verificam faltas de estruturas próprias para o ensino e também de professores.
Apontou como desafios a construção de estabelecimentos escolares nestas localidades, através da implementação do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e do Plano de Combate à Pobreza, para corresponder com os anseios da população.
Já a administradora de Camacupa, Deolinda Belvina Gonçalves, falou da necessidade do aumento de infra-estruturas escolares e de professores, assim como da urgência em apetrechar da melhor maneira o instituto politécnico local, sobretudo nos cursos construção civil e energia renováveis e outros ali ministrados, para responder com o que se deseja, enquanto produto final.
Durante três dias, os participantes vão debater temas como “Os desafios da gestão dos recursos humanos”, “Programa de distribuição de bolsas de estudo do PAT II”, “Educação pré-escolar e ensino primário”.
Constam ainda “Gestão das escolas”, “Quadro legal do MED e “as modalidades de avaliação no sistema educativo angolano”.
O evento, que está a ser orientado pela ministra da Educação, Luísa Grilo, conta com a presença de membros do conselho de direcção do MED, directores e secretário dos gabinetes provinciais da educação, parceiros, sindicatos do sector e convidados.
Caracterização do Sector da educação do Bié
Segundo dados avançados pelo governador, o sector da educação na província do Bié conta com 827 escolas, correspondendo seis mil 989 salas de aula, onde leccionam 16 mil 689 professores, dos quais 479 foram admitidos no último concurso público.
No presente ano lectivo, 2023/2024, estão matriculados perto de 638 mil alunos.
Até 2023, o número de crianças fora do sistema normal de ensino na província do Bié havia baixdo significativamente, de 102 mil para 47 mil 252, fruto da construção de várias infra-estruturas escolares, quer no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) quer no Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP).
Esta região centro/sul do país necessita de pelo menos mais de dois mil novos professores, para corresponder às necessidades.
A província do Bié, situada no centro de Angola, possui uma população estimada em dois milhões de habitantes, distribuídos em nove municípios, 39 comunas e mil e 724 aldeias.PLB