Lubango – Angola lançou hoje, terça-feira, o processo de reforma do seu sistema de ensino agrário e técnico-profissional, com a apresentação, no Instituto Médio do Tchivinguiro, na Huíla, do Projecto de Apoio à Formação Agrícola e Rural (PAFAR).
O lançamento foi feito pelos ministros da Educação e da Agricultura e Florestas, respectivamente, Luísa Grilo e Francisco de Assis, com o foco na reforma da formação agrícola no subsistema do ensino secundário e técnico profissional, para responder às reais necessidades de competências do mercado de trabalho, bem como às orientações políticas do sector agrícola.
O programa que conta com apoio do Governo francês, na sequência de acordos assinados pelos Presidentes João Lourenço e Emmanel Macron, em Paris, em 2018, visa à reforma da formação agrícola e rural, para responder aos desafios da diversificação da economia nacional.
No acto de lançamento, Luísa Grilo sublinhou que o facto de o evento realizar-se no Tchivinguiro reveste-se de importância simbólica, dada sua história, pois desde a criação do mesmo em 1938, como o nome de Escola Agropecuária da Huíla “Dr. Francisco Vieira Machado”, formou de técnicos do sector que têm prestado um serviço valioso à Nação.
Assinalou que o momento não é um evento isolado, mas um passo no compromisso assumido pelo Executivo angolano de diversificação da economia, desafio que passa pela formação pertinente e de qualidade de técnicos angolanos que sejam capazes, com o seu saber, de alavancar a economia do país.
Sublinhou que Censo2014 indicou que mais de dois milhões, 573 mil famílias praticavam a agricultura, mas esse número esconde um obstáculo à diversificação da economia, o facto de a vasta maioria fazer uma de subsistência, devido à falta de formação na área, ou pelo desajuste às reais necessidades do mercado.
“É neste cenário que após visita do Presidente Lourenço à França, em 2018, foram assinados acordos ligados às modalidades de cooperação nos domínios da agricultura e agro-alimentar, para reforçar os laços de cooperação na formação profissional agrícola, particularmente a nível do ensino secundário, que venham reforçar a capacidade dos quadros e promover a empregabilidade na agricultura.
Conforme a ministra da educação, foi feito um diagnóstico por angolanos e franceses aos 12 institutos médios agrários do país, que ajudou a identificar as áreas concretas para actuar e concretizar um plano de acção que responda à prioridade estratégica do Estado angolano, de reforçar o ensino agrícola, a formação profissional e formatar a formulação de um projecto seguro.
Para Luísa Grilo, é urgente assegurar uma melhor adequação entre os cursos de formação técnica e profissional às competências necessárias, aos trabalhos e aos que trabalham no sector agrícola, por meios da adaptação dos currículos às necessidades regionais do sector.
Outra vertente a ter em conta, segundo a governante, passa pelo reforço da componente prática da formação nessas escolas, reforçar as competências profissionais dos docentes em aspectos didácticos e disciplinares, assim como apoiar a integração profissional dos alunos, através dos Gabinetes de Inserção na Vida Activa.
O programa projecta, igualmente, o reforço da integração dos Institutos Técnicos Agrários no seu território e melhorar a governação na formação agrícola e rural, pelo que para tal deverão transformar-se em centros de prestação de serviço para os actores agrícolas e rurais, mediante a criação de cursos de formação agrícola de curta duração para jovens e adultos.
“Vamos fornecer aos institutos as infra-estruturas que lhes permitam ensinar em boas condições e assegurar a sustentabilidade de seus bens, assim como colocar a disposição os recursos humanos e financeiros para manter as suas infra-estruturas funcionais”, disse.
Sinalizou que uma parte desse desiderato será materializada com financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento, na ordem de 35 milhões de euros, para um o período de cinco anos.
Um estudo de viabilidade para a reabilitação de 12 Institutos Médios Agrários no país foi realizado desde Dezembro de 2020 pela Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD) e visou suprir debilidades na formação de técnicos médios agrários formados nestas instituições, uma vez que muitos têm dificuldades em ingressar no ensino superior, competir no mercado de trabalho, empreender no ramo ou desenvolver uma actividade de extensão rural.
A iniciativa francesa enquadra-se num estudo de viabilidade do projecto de Apoio aos Institutos Técnicos Agrários (ITA) de Angola. O estudo afectou escolas do Cuando Cubango, no Instituto Médio Agrário de Missombo e já abrangeu as instituições de Dango (Huambo), Kapangambe (Namibe), Tchivinguiro (Huíla), Bimbas (Benguela), Waco Kungo (Cuanza Sul), Negage (Uíge) e Camuaxi (Cuanza Norte). MS