Benguela – Sete mil e 855 cidadãos foram alfabetizados, em 2020, na província de Benguela, apesar da sua atipicidade devido a pandemia da Covid-19, afirmou hoje, o director do Gabinete local de Educação, Edmundo Salupuva.
Segundo o responsável, que intervinha a propósito do Dia Internacional da Alfabetização, que hoje se assinala, estes resultados devem-se ao engajamento de 508 docentes, dos quais 214 professores e 294 alfabetizadores voluntários.
Entre os alfabetizados, 4.709 são senhoras, de um total de 10 mil e duzentos matriculados inicialmente.
Edmundo Salupuva informou que, desde 2007, período de lançamento do programa de alfabetização e aceleração escolar, até a data, foram já alfabetizados 597.561 cidadãos, dos quais 421.564 são senhoras, que aprenderam a ler e escrever na base de metodologias activas e participativas, como o “Sim, eu posso”, “Gostar de ler e escrever” e “Dom Bosco”.
Para si, o alcance destes resultados que considera expressivos, deve-se à participação activa de distintas instituições, nomeadamente as de carácter religioso, entre outros parceiros, na mobilização de alfabetizadores voluntários e criação de espaços educativos alternativos, que têm proporcionado um atendimento cada vez maior, além da entrega de instituições públicas que igualmente absorvem considerável número.
Por esta via e, de modo a dinamizar o processo de alfabetização, aprovou-se o Decreto Executivo Presidencial nº 257/19, de 12 de Agosto, que contém as normas do Plano de Intensificação para a educação de Jovens e adultos 2019/2022, referiu.
Neste âmbito, informou, Benguela está a implementar este plano de intensificação de educação, para aqueles jovens que não tiverem a possibilidade de estudar na idade regular, pelo que se trabalha para reduzir a taxa de analfabetos em 17,2 por cento até 2022, bem como reduzir o número de alunos com atraso escolar, para até 17,6 por cento.
Frisou que a consolidação da reforma escolar no ensino de adultos permitiu a introdução dos módulos I, II e III, conjugados com os procedimentos metodológicos voltados à andragogia, apontando já a criação de condições para a generalização do I Ciclo do ensino de adultos, no quadro da reforma curricular escolar.
“A partir deste ano lectivo, foram asseguradas as condições técnicas e materiais para a sua generalização ao nível dos colégios e complexos escolares, como forma de garantir a continuidade dos adultos que terminam o ensino primário obrigatório”, afirmou ainda o mesmo responsável.
Indicou que, para se mudar os indicativos demográficos negativos e para alcançar uma conduta social positiva, torna-se necessário que o cidadão adulto participe, de forma activa, nos desafios do país, tendo o domínio da leitura das tecnologias.
"A educação, ainda que no seu nível mínimo de “alfabetização”, é a condição fundamental e indispensável para dar dignidade plena aos cidadãos e para o desenvolvimento humano sustentável de qualquer país", sinalizou.
Na província de Benguela, estima-se que 204 mil cidadãos com idade superior a 15 anos não sabem ler e escrever, numa perspectiva de 18,7 por cento da população economicamente activa, o que compromete a realização dos grandes desafios económicos da região.
Por esta razão, o director apelou às distintas entidades no sentido de assegurarem que os alfabetizados tenham a possibilidade de conclusão, ao menos, do ensino primário obrigatório (que vai até a 6ª classe), para não voltarem ao mundo dos iletrados.
Entretanto, Januário Albino, chefe de departamento de Educação, admitiu a existência de pelo menos 181 milhões de Kwanzas em dívidas com os alfabetizadores de Benguela. Por esta razão, o ministério de tutela decidiu suspender todos os contratos desde o ano 2019.
“Desde 2019, não foi estabelecido nenhum contrato com os alfabetizadores, sendo que os que leccionam até aqui, são voluntários”, informou o responsável, antes de indicar que o pagamento dos subsídios (Akz 10 mil/mensais) são da responsabilidade do ministério de tutela, que também depende do ministério das Finanças.
A semana internacional da alfabetização foi assinalada sob o lema central da UNESCO: “Alfabetização para a recuperação centrada no ser humano – reduzir a disparidade digital”, enquanto o ministério da Educação adoptou como lema nacional "Alfabetização para aumentar a inclusão digital em tempos de Pandemia”.
A campanha de alfabetização foi lançada em Angola a 22 de Novembro de 1976, pelo Presidente fundador da nação, António Agostinho Neto.
O 08 de Setembro foi instituído em 1967 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência e Educação) e, segundo e responsável da educação em Benguela, a data foi assinalada nos 10 municípios, com actividades técnicas, científicas e de forma reflexiva, sobre a alfabetização que se tem e aquela que se desejada, numa moldura que envolveu acadêmicos, parceiros sociais e professores.