Menongue - O sector da educação no Cuando Cubango precisa de mais 600 novas salas de aula, para acolher o número de crianças fora do sistema de ensino, cifrado em 29 mil e 34 crianças, revelou hoje, terça-feira, o governador provincial, Júlio Bessa.
O governante prestou esta informação quando intervinha no acto central da abertura do ano lectivo 2021/2022, decorrido em Menongue, capital do Cuando Cubango, orientado pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.
Júlio Bessa disse ter noção de que o investimento no capital humano e nas infra-estruturas têm de continuar, porque muito há ainda por se fazer para que se reduza, ao máximo, o défice de salas de aula e consequentemente o número de crianças fora do sistema escolar.
Recordou que dados do sector da educação apontam que o sistema de ensino colonial não deixou mais de 15 escolas no Cuando Cubango, mas que, depois da Independência Nacional, até 2009, a província contava já com uma rede de 72 escolas do ensino primário e I ciclo.
Neste período contavam apenas com três mil e 209 professores nos diferentes níveis e subsistemas de ensino.
De 2009 até 2021, de acordo com o governador, a província alcançou a cifra de cinco mil e 437 professores, uma rede escolar de 274 escolas com mil 735 salas de aula e 153 mil 186 alunos matriculados.
Na primeira fase do PIIM, conforme o gestor, estão em execução no Cuando Cubango 15 unidades escolares, sete das quais primárias de sete salas cada, cinco do I ciclo de sete salas cada, duas do ensino técnico-profissional de 12 salas cada e uma do II ciclo com 12 salas.
Está ainda em curso a reestruturação, reabilitação e alargamento de dez outras unidades escolares, em quase todos os municípios, sendo sete primárias, com sete salas, duas do I ciclo, com sete salas, e uma de ensino técnico-profissional, de 12 salas.
Professores devem estar mais comprometidos
A ministra da Educação, Luísa Grilo, defendeu à necessidade de os professores, a distintos níveis, estarem cada vez mais comprometidos com o processo de ensino e de aprendizagem de qualidade, para que se tenha alunos com distinções em competições escolares no país e nas escolas públicas.
A responsável lançou este desafio pelo facto de a província do Cuando Cubango ter conquistado, pela segunda vez, as primeiras posições nas Olimpíadas Nacionais de Matemática, nas categorias da 8ª e 10ª classe.
Em 2020, dois estudantes, nomeadamente Mateus Kayambo e Otíria Namenda Mulungo, dos municípios do Dirico e Rivungo, conseguiram tal proeza na fase nacional, facto que a ministra ressaltou, uma vez que muitas escolas existentes naquelas circunscrições, que distam a 700 e 900 quilómetros de Menongue, não possuírem condições adequadas como as outras espalhadas pelo país.
Os alunos receberam cada da ministra de Estado Carolina Cerqueira um computador portátil, tablet, telefone, máquina calculadora e material didáctico.
APA quer mais atenção aos associados e à Covid-19
A Associação dos Professores Angolanos (APA) congratula-se com os acordos alcançados entre o Ministério da Educação e os sindicatos, em valorizar o tempo de serviço dos docentes, mas que é preciso olhar-se numa nova tabela salarial.
O membro da APA no Cuando Cubango, em representação dos associados no país, José Vander-Kel, disse não fazer sentido, actualmente, um professor do 13º grau auferir 107 mil kwanzas, valor que não responde ao poder de compra actual.
Para o associado, o retorno com êxitos às aulas depende, em grande medida, da atenção redobrada dos professores, das famílias e dos alunos, no cumprimento das medidas de segurança, com destaque para o uso correcto das máscaras faciais, distanciamento físico, lavagem regular das mãos com sabão, entre outras exigidas pelas autoridades.
Disse que o contexto actual exige dos professores resiliência na abordagem dos conteúdos programados e no cumprimento do calendário do ano lectivo 2021/2022, preparados para superar obstáculos em relação à Covid-19.
No âmbito da abertura do ano lectivo em referência, a ministra de Estado para Área Social, Carolina Cerqueira, procedeu à inauguração de um complexo escolar no bairro Cazenga, de oito salas de aula, orçada em 130 milhões de kwanzas, que irá albergar, a partir desta quarta-feira, 700 crianças que estudavam ao ar livre e em capelas.
Igualmente procedeu ao lançamento da primeira pedra para a construção e apetrechamento de uma escola do I ciclo com sete salas de aula, mais campo de jogos, a ser executada pela empresa Hagen Angola, S.A., durante seis meses, avaliada em 589 milhões 384 mil e 770 kwanzas.
