Lubango - O presidente do Instituto Superior de Ciência da Educação (ISCED) da Huíla, Helder Bahu, defendeu hoje, quarta-feira, no Lubango, a necessidade das academias desenvolverem mais estudos sobre os SAN de Angola, na dimensão da humanização deste grupo minoritário no país.
Helder Bahu fez esta apreciação à margem da abertura da Conferência Científica Nacional, sobre “Os SAN (erradamente chamados de khoisan) de Angola, Vida, Civilização e Directo ao Desenvolvimento”, que a instituição acolheu, uma realização da Associação Científica de Angola (ACA).
O também antropólogo admitiu que dentro da academia ainda pouco se faz para a obtenção de conhecimentos sobre essa comunidade, que de certa maneira está marginalizada no contexto actual, porque os estudos são incipientes, os alertas são raros e a perspectiva de actuação está mais direccionada para o assistencialismo.
“Estamos a falar de um povo que possui, em termos genético, o génese mais antigo do mundo, que privilegia aquilo que está relacionado com o início da Humanidade, mas infelizmente a dimensão do conhecimento, relativamente a humanização, ainda está aquém dos desafios da construção de uma verdadeira nação inclusiva”, aludiu.
Afirmou que este processo de subalternização iniciado ao longo das migrações, especificamente das migrações Bantu, se eternizou com o tempo, quando se trata o povo SAN, de “Kamussekele” e outros adjectivos, a ideia é na perspectiva discriminatória, algo que não se limita a este grupo, mas outros minoritários, também.
Sublinhou que dentro desta complexidade, é importante lembrar que se está a perder uma “soberana oportunidade” para resgatar algum conhecimento local que não está a ser valorizado, principalmente os voltados à gestão de doenças, da caça, reprodução de animais e outros saberes muito bem vincados a nível destas comunidades.
“Podíamos aproveitar tudo isso, com diálogo mais fraterno e uma integração mais intensiva e entretanto continuamos a passar ao lado destas dimensões”, lamentou.
Sobre a língua, referiu que há pessoas a estudar a língua ´KUNG, mais podia se fazer um pouco mais, criarem-se programas televisivos e não só, em que se possa divulgar a língua, porque a nova geração ainda olham para este grupo como uma comunidade “exótica”.
O evento tem como objectivos analisar os desafios do passado, presente e futuro dos SAN, promovendo o direito à existência e ao desenvolvimento sustentável e o conhecimento sobre esses povos de Angola, discutir desafios actuais que os mesmos enfrentam, construir pontes entre os Sane a sociedade angolana.
No certame estão a ser abordados temas sobre, “Os SAN de Angola, vida, Civilizações e Direito ao desenvolvimento”, “Os SAN e seus aspectos históricos, sociais e económicos, a organização social e aspectos linguísticos dos SAN, os direitos Deles e as políticas de sustentabilidade.
A Associação Científica de Angola é uma agremiação não-governamental de âmbito nacional especializada em investigação e no desenvolvimento científico e tecnológico, através da educação científica e na promoção da cultura científica em Angola. BP/MS