Estudantes do INP flagrados a consumir drogas

     Educação           
  • Cuanza Sul     Terça, 28 Setembro De 2021    18h01  
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Parte frontal do Instituto de Petróleos do Cuanza Sul
Parte frontal do Instituto de Petróleos do Cuanza Sul
Tarcísio Vilela
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Director-geral do Instituto Nacional de Petróleos, Alegria Joaquim
Director-geral do Instituto Nacional de Petróleos, Alegria Joaquim
Luís Catraio

Sumbe – Vários estudantes internados no Instituto Nacional de Petróleos (INP), no Cuanza Sul, foram flagrados recentemente a consumir drogas no interior do estabelecimento, situação que a direcção da instituição promete combater energicamente, soube hoje a Angop.

Na maioria das vezes, após o consumo de substâncias psicotrópicas, com realce para liamba, registam-se actos de vandalismo envolvendo alunos das diferentes classes, em que os mais antigos exigem bens aos caloiros e, quando não satisfeitos, partem para a agressão verbal e física, chegando a danificar bens da instituição.

Segundo apurou a Angop, a prática já vem de longa data, de forma muito subtil e matreira, ignorando alguns estudantes por completo as regras do estabelecimento escolar.

“Os colegas da 12ª classe obrigam-nos a lhes dar parte dos nossos pertences e, se não o fizermos, somos agredidos até com paus”, relatou um aluno da 10ª classe.

Devido a esse comportamento agressivo dos mais antigos, os caloiros são obrigados a manterem-se nos dormitórios, enquanto não estiverem em aulas, e a sair apenas por motivos de manifesta necessidade.

“Somos alunos internados, mas essa situação faz-nos parecer "presos" e a estudar com muita insegurança, porque não sabemos o dia em que cada um pode ser atacado”, disse um outro aluno que confirma o consumo excessivo de liamba por parte de muitos alunos.

No entanto, sabe-se que existem fornecedores dessa droga, mas ninguém os consegue identificar.

De acordo com um encarregado de educação, o seu filho foi fortemente espancado tão logo chegou à instituição e receberam-lhe alguns dos seus haveres, sem motivo aparente.

“Minimizamos na altura e chegamos a pensar que fosse uma espécie de boas-vindas aos caloiros, tal como era feito até 2015 no INP, mas, refira-se, numa cerimónia oficial e sem violência”, disse angustiada, acrescentando que chegou a pensar em retirar de lá o seu educando, inclusive a pedido do próprio.

Direcção confirma comportamentos negativos

O diretor-geral do INP no Cuanza Sul, Alegria Joaquim, esclareceu, que decorrem processos administrativos e judiciais, para os alunos que frequentam da 10ª a 12ª classe e protagonizaram tumultos na instituição.

Reagindo à Angop, em função de vídeos que circulam nas redes sociais sobre o uso de drogas pelos estudantes da instituição, confirmou a veracidade dos mesmos, porém refere que as efemérides - dia da província, do Herói Nacional e do INP  (15,17e18 de Setembro) - contribuíram para a desocupação dos estudantes.

“Registamos casos de anarquia em que os estudantes da 12ª classe atacaram os da 10ª classe e não admitindo, os alunos da 11ª intrometeram-se para apaziguar, gerando tumultos e ofensas corporais”, disse o responsável.

Sobre a segurança, referiu que o INP era protegido por agentes ligados à Unidade de Protecção de Objectivos Estratégicos (UPOE), a seguir pela Brigada Escolar de Polícia, que foi extinta e deixou a escola sem policiamento.

Dos alunos implicados na posse e uso de drogas, Alegria Joaquim informou que, 38 por cento são provenientes de Luanda.

“ Muitos estudantes deslocam-se à zona de vedação da instituição fingindo que vão estudar, quando na verdade aproveitam para receber drogas deixadas por comparsas”, exemplificou.

Com vista a um maior controlo, o INP iniciou a instalação de um Circuito Fechado de Televisão (CCTV), que tem já ajudado na segurança do estabelecimento.

Reacção dos encarregados de educação

Em nome dos encarregados de educação, António Ribeiro destacou que “ actos do género, não deviam acontecer na instituição, visto que os estudantes, na abertura do ano lectivo e entrada para o internato, foram advertidos sobre as regras rígidas e sem contemplações”.

“ Isto é, tão-somente, o reflexo da educação que damos aos nossos filhos mimados e com dupla personalidade”, disse, acrescentando que os pais estão disponíveis a levar os seus filhos para casa, caso estejam envolvidos nos tumultos.   

Informou que encorajaram a direcção do INP no sentido de identificar os alunos e que lhes sejam instaurados processos administrativos e judiciais, para desencorajar que situações do género, que colocam em causa a segurança dos alunos da 10ª classe, muitos deles menores de idade, voltem a acontecer.

Por seu turno, o intendente Xavier Maria, do Comando Provincial da Polícia Nacional no Cuanza Sul, disse que o caso já é do conhecimento da instituição, que tudo está a fazer para identificar os implicados.

"Situações do género provocam pânico, sentimento de medo e outros males (…) e a escola, apesar de a educação começar em casa, é um local onde se forma o homem e não pode ser encarado como um sítio para distúrbios”, referiu.

Por este facto, fez saber que a Polícia Nacional está a trabalhar com o INP no sentido de prevenir e criar um sentimento de segurança.

O INP é uma instituição pública de ensino e formação profissional, criada em 1983 por um Decreto Conjunto entre os Ministérios da Educação e dos Petróleos, e que se rege, hoje, pelo Decreto Presidencial 37/15, de 30 de Outubro, com um perfil de entrada à 10ª classe, com idades entre os 15 e 17 anos

A instituição do ramo petrolífero e mineiro conta, este ano lectivo, com 653 alunos nos cursos de Instrumentação Industrial, Manutenção Industrial, Refinação de Petróleo e Processamento de Gás, Geologia de Petróleo, Minas, Química, Perfuração e Electromecânica.

 

 





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