Ondjiva – A especulação nos preços dos materiais escolares, nos mercados do Cunene, foi apontado, esta segunda-feira, pelos encarregados de educação, como grande entrave para a sua aquisição.
O preço do caderno escolar varia entre os 200 a mil 500 kwanzas dependendo do tamanho e da qualidade, já a borracha, o afia lápis e o lápis de carvão está a ser comercializado a 50 kwanzas.
A esferográfica custa 100 a 150 kzs, lápis de cores 1000 kzs, enquanto a bata custa 2.500 kzs, para crianças e três mil para adultos.
Numa ronda feita pela ANGOP, nos estabelecimentos comerciais e mercados informais da cidade de Ondjiva, os entrevistados afirmaram que os preços praticados estão fora do alcance de muitas famílias.
O encarregado de educação, Maria Paulo, disse que os preços ora praticados afastam muitos a comprar, pelo facto de os pais não terem capacidade financeira para suportar o ano lectivo.
Sugeriu que os preços devem ser praticados de acordo com o salário mínimo nacional, visto que para quem tem cinco a seis filhos, encontra muita dificuldade para completar o material escolar.
António Zamba pai de seis filhos, a frequentarem o ensino primário, I e II ciclo, explicou que com a subida dos preços dos materiais escolares, é obrigado a gastar o dobro do que gastou no ano lectivo anterior.
“Anteriormente tínhamos facilidade de comprar o material, na vizinha República da Namíbia, mas agora que o câmbio do dólar namibiano está a valer quatro mil 500 kwanzas, está mais difícil”, disse.
Emergido Venomalenga, pai de três filhos, alega incapacidade financeira para comprar os materiais didácticos, uma vez que é apenas negociante.
Fez saber que o pouco lucro que vem do negócio, nem serve para comprar alimentação e outras despesas de casa e o táxi para as crianças irem à escola, o que acaba por ser um aperto na vida com o material escolar.
O encarregado de educação, Emílio Século disse que os materiais escolares servem de motivação para as crianças, daí a necessidade de iniciarem as aulas, todos completos.
Afirmou que o desenvolvimento mental do aluno depende das condições que são proporcionadas, de modo a facilitar o processo de ensino e aprendizagem.
Já o director do Gabinete provincial do Desenvolvimento Económico Integrado do Cunene, Felisberto Hisimongula, disse que estão atentos a esta situação, daí que reforçaram as acções de fiscalização para combater a especulação de preços.
Felisberto Hisimongula sublinhou que existe uma equipa de fiscalização multisectorial no terreno com a respectiva integração dos Serviços de Investigação Criminal da Polícia Nacional.
Por seu turno, o director da Educação no Cunene, Domingos de Oliveira, fez saber que em termos de manuais escolares, para o ensino primário têm disponíveis mais de 10 mil livros, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
O responsável explicou que os livros nesta altura encontram-se na província de Benguela, faltando apenas serem transportados para a província e sua distribuição aos alunos.
Cunene conta com 228 mil 770 alunos a frequentar as aulas, sendo 26 mil 479 no pré-escolar, 154 mil 925 no ensino primário, 30 mil 357 no I ciclo e 17 mil no II ciclo, que serão atendidos por cinco mil 793 professores.
A província possui 334 escolas, destas 257 do primário, 41 complexos, 23 colégios, cinco magistérios, três liceus e igual número de institutos técnicos e dois institutos politécnicos. PEM/LHE/VIC