Benguela – Depois de anos de espera, o antigo sonho dos habitantes da Ganda de frequentar o ensino superior neste município está prestes a se tornar realidade, com a construção de um instituto superior politécnico privado ainda este ano, apurou a ANGOP.
Trata-se do Instituto Superior Politécnico da Ganda (ISPG), a primeira instituição de ensino superior privada a ser instalada no interior da província de Benguela, sob a égide da empresa FRECLM, entidade promotora do projecto, do qual é mentor a Fundação Projovem, organização não-governamental fundada em 1998.
Com previsão de conclusão da primeira fase em 2024, o projecto está orçado em cerca de 400 milhões de kwanzas a serem suportados com financiamento da banca angolana e também com fundos próprios da Fundação Projovem e parceiros interessados.
Assim que as obras forem concluídas, a unidade, um edíficio moderno de cinco andares, no centro da cidade da Ganda, terá 40 salas de aula, laboratórios, entre outras valências, devendo leccionar 16 cursos de licenciatura em ciências da saúde, engenharias, educação e económicas.
Em entrevista à ANGOP, o presidente do Conselho de Administração da Fundação Projovem, Ricardo Lourinho, garante a viabilidade do projecto do ISPG entretanto já aprovado, em Março de 2022, pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), sendo que a primeira pedra foi lançada em Junho do mesmo ano.
A expectativa é de que a instituição comece a funcionar no próximo ano, sem quaisquer constrangimentos legais, uma vez que o MESCTI já deu luz verde e até encoraja a prossecução do projecto, como admite Ricardo Lourinho.
Destaca que, quando estiver a funcionar em pleno, a instituição prevê atender, aproximadamente, entre três e quatro mil estudantes não apenas da comunidade local e da dos municípios limítrofes da Ganda, como Cubal, Caimbambo e Chongoroi, mas também algumas regiões vizinhas da província do Huambo, como Chinjenje,Ucuma e Longonjo.
Deu a conhecer que o ISPG irá oferecer à comunidade estudantil uma gama diversificada de cursos de licenciatura que serão abertos faseadamente, em coordenação com o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, para evitar constrangimentos legais.
É neste quadro que o PCA da Fundação Projovem sublinhou os cursos de licenciatura em análises clínicas, fisioterapia, gestão hospitalar e estomatologia, enquanto as engenharias contemplam informática, computação, zootecnia e agronomia.
Já no ramo da educação, destacam-se os cursos de licenciatura em educação de infância, educação pré-escola, psicologia social e a de trabalho, sendo que nas ciências económicas a primazia recai para gestão empresarial, contabilidade e finanças, finanças públicas e recursos humanos.
Segundo o entrevistado, a inclusão do curso de licenciatura em zootecnia e agronomia é por conta do potencial produtivo e económico da Ganda, que tem até uma estação zootécnica, desde o tempo colonial, vocacionado à melhoria das espécies animais, como o gado bovino, suíno e caprino.
No que respeita ao recrutamento do corpo docente para garantir o normal funcionamento daquela instituição, Ricardo Lourinho diz estar tudo salvaguardado por parte da comissão instaladora, coordenada pelo actual decano da Faculdade de Economia do Lubango.
“Não vamos muito longe. No Lubango e em Benguela temos potencial do corpo docente”, frisou, para quem a estratégia da empresa FRECLM, enquanto gestora do projecto, é arrancar ainda com professores licenciados para o primeiro e segundo ano, mas que, depois, passarão por uma formação em pós-graduação e mestrado.
Fim da espera
Mesmo que o projecto esteja em fase de implementação, Ricardo Lourinho já celebra o “fim à vista” dos longos anos de espera e desespero dos gandenses, em especial os estudantes-trabalhadores obrigados a percorrer diariamente mais de 400 quilómetros (ida e volta) da Ganda para Benguela, por motivos de estudo.
A seu ver, as constantes viagens de autocarro da Ganda para Benguela, num trajecto de 201 quilómetros, e vice-versa também acaba por criar problemas financeiros aos estudantes, além da constante fadiga e faltas no local de serviço.
“É uma flor que vai brotar no município da Ganda e valorizar a sua importância”, confessa com indisfarçável emoção Ricardo Lourinho, enquanto aponta para uma maquete do futuro Instituto Superior Politécnico da Ganda, na sala de reuniões da Fundação Projovem, na rua de Angola, na cidade de Benguela.
Aquele responsável encara, ainda, o projecto como um passo importante para a promoção do tão almejado desenvolvimento social e económico da Ganda e quiçá uma forma estratégica de atrair os seus melhores filhos, para que ajudem no progresso local.
“A Ganda é conhecida mundialmente como grande produtor de café arábica”, frisou, lembrando que o município da Ganda não tem ensino superior, daí ter a Fundação Projovem decidido, a 21 de Dezembro de 2021, mudar o cenário.
Neste momento, referiu, as autoridades administrativas da Ganda cederam um espaço de 10 hectares para o Campus Universitário, no qual será erguido o edifício do Instituto Superior Politécnico.
“De facto, é o nosso maior sonho. Agora, todas as nossas atenções estão viradas mesmo para este grande objectivo”, confessa o responsável, agradecendo o apoio institucional da Administração Municipal da Ganda a um projecto para engrandecer a região.
Optimista, Ricardo Lourinho acredita que, em breve, os munícipes verão a concretização de um antigo sonho, depois de muito trabalho e anos de espera. JH/CRB
