Benguela – Doze Institutos Técnicos Agrários do país começam a ser reabilitados no segundo semestre deste ano, no âmbito do Projecto de Apoio à Formação Agrícola Rural (PAFAR), anunciou, esta quinta-feira, o secretário de Estado para o Ensino Secundário, Gildo Matias José.
De iniciativa Presidencial e financiado pela Agência Francesa para o Desenvolvimento em 35 milhões de Euros (um Euro equivale a 904,70 kwanzas), o projecto conta ainda com uma doação de cinco milhões da União Europeia, totalizando Eur 40 milhões.
Tem como objectivo mitigar a insegurança alimentar, combater a pobreza, desenvolver práticas que possam ser amigas do ambiente, empoderar as mulheres na qualificação técnica agrária e revitalizar as políticas de inserção no mercado de trabalho dos diplomados do ensino técnico-profissional agrário.
Segundo Gildo Matias José, está-se na fase de conclusão do levantamento técnico para definição do tipo de intervenção que cada um dos ITA's carece.
Depois do levantamento, terá início a intervenção nas salas de aulas, laboratórios, oficinas e campos para prática agrícola.
“Não faz sentido termos um estabelecimento do ensino técnico agrário se ele não estiver circundado de um campo para prática da agricultura. Estamos a falar também da melhoria das competências dos professores, através da experiência de formadores franceses”, disse o responsável.
Referiu que haverá ainda melhorias com relação aos currículos, pois, o agro-pecuário é um sector onde os avanços tecnológicos são enormes e é preciso garantir a todo instante que os estudantes tenham acesso às boas técnicas, àquilo que de mais avançado existe nesta área.
Na mesma senda, o secretário de Estado informou ainda que o projecto também engloba a componente do empoderamento das raparigas, porque a produção agrícola é feita maioritariamente por famílias e pequenas cooperativas, onde há uma participação muito acentuada de mulheres.
No entanto, defende, é necessário empoderar essas mulheres no sentido de trazê-las ao ensino técnico agrícola, capacitá-las, daí estar-se a ver uma componente de bolsas de estudo para raparigas dentro deste projecto.
Explicou que os cinco milhões de Euros doados pela União Europeia serão canalizados, sobretudo, no empoderamento das jovens mulheres no domínio da formação e transição para o contexto trabalho/empregabilidade
"Pretende-se também melhorar a empregabilidade da juventude, através da sua inserção na agricultura e do empreendedorismo individual ou colectivo", disse.
De acordo com os responsáveis da Educação, o projecto quando foi desenhado já havia sido feito um estudo de base que informou sobre as prioridades e insuficiências, não só nesta instituição, mas das restantes.
Entretanto, a directora-geral da Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD), Valerie Tehio, considera que Angola tem um grande potencial no sector agrícola, pelo que a França está aqui para apoiar o Governo, em particular o Ministério da Educação.
"A articulação entre os ministérios da Educação e o da Agricultura é para melhorar o ensino, as condições dos alunos e estabelecer um diálogo mais forte entre o sector agro-pecuário e empresarial. Deste modo, será possível ajustar as competências dos estudantes à evolução do sector", disse.
Na mesma senda, referiu que Angola está a desenvolver a sua agricultura voltada para o mercado interno, mas que tem potencial para desenvolver competitividade no sector agro-industrial e expandir a exportação, precisando, para tal, de capital humano mais forte e adequado.
O projecto de reabilitação e apetrechamento dos ITA's tem a duração de cinco anos e é executado pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Agricultura e Pescas (MINAGRIP).
O protocolo entre a Agência Francesa de Desenvolvimento e o Governo angolano tem o objectivo de fornecer, aos ITA's, infra-estruturas adaptadas às necessidades específicas de mulheres e homens, permitindo ensinar em boas condições e assegurar-se a perenidade do património.
O ITA de Benguela conta com 1.066 estudantes, dos quais 51 em regime de internamento. Possui uma área de 210 hectares, contemplando oficina, carpintaria, serralharia, pocilga, aviário e o campo de experimentação de 25 hectares. CRB
