Malanje - Especialistas em matemática defendem a necessidade de se reajustar o plano curricular da disciplina, no ensino geral, através da redução da carga horária, para melhorar o ensino e a aprendizagem.
Essa visão foi manifestada, sexta-feira, numa mesa redonda sobre o estado actual do ensino da matemática, que concluiu ser importante a contínua capacitação dos professores da disciplina, de maneira a evitar-se situações em que o docente a lecciona por mais de 5 anos, sem actualizar o conteúdo.
Para o mestre em matemática e aplicações, Manuel Tomás Gomes, o plano curricular dessa cadeira no país está desajustado do contexto actual, pelo que se deve trabalhar na sua reformulação, a fim de se simplificar o conteúdo e torná-lo mais atractivo para os estudantes.
Apontou, sobretudo, o currículo dos liceus, como exemplo do excesso da carga horária para um ano lectivo, o que faz com que matérias para um determinado período curricular transitem para os anos seguintes, como é o caso dos conteúdos de estatística, proporções e análises combinatórias e derivadas.
A ideia é comungada pela mestre em matemática para professores, Rabilde Zage, que realça a necessidade dos professores “desconstruírem” os preconceitos dos alunos sobre a disciplina, para que ganhem gosto pelos conteúdos.
Por outro lado, frisou que a monodocência vem, em parte, agudizar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem da matemática, tendo em conta que muitos professores das classes de monodocência não são formados na área, sendo por isso imperioso a capacitação contínua dos mesmos para elevar a sua performance.
Na ocasião, o director do Gabinete Provincial da Educação, Manuel Osório, lembrou que a matemática é das disciplinas "mais odiadas”, em todos os níveis de ensino, o que obriga dos professores mais proactividade e auto-superação, a fim de convencer os alunos a aprenderem "pelo gosto e não por obrigação".
A mesa redonda sobre o estado actual do ensino da matemática juntou professores, coordenadores de disciplina e gestores escolares.
Temas como o conceito de matemática no campo epistemológico, a natureza do conhecimento da matemática versus estratégias de ensino, as componentes do ensino da matemática, a organização do currículo da disciplina no ensino não universitário foram abordados no encontro.
O encontro visou buscar a compreensão da utilidade da matemática, com base nos programas e métodos utilizados pelos professores dessa disciplina, nas salas de aulas e decorreu sob o lema “Porque a maioria odeia a matemática na escola”.