Luanda - O regime de monodocência na 5ª e 6ª classes, introduzidas há 20 anos no quadro da reforma educativa, foi extinta pelo Governo e, a partir do ano lectivo 2021, as disciplinas deixam de ser ministradas por um único professor.
Nesta altura decorre os trabalhos de ajustamento nos programas e planos curriculares, uma vez que as duas classes vão ser regulamentadas num diploma próprio.
Segundo o diário da República I série número 123, que cita a lei n° 32/20, o ensino primário tem a duração de seis anos, sendo que a avaliação final dos objectivos pedagógicos vai ser efectuada na sexta classe.
O modelo da monodocência, no ensino primário, vai continuar nas classes da iniciação a quarta.
Em declarações ao Jornal de Angola, o secretário provincial da Associação de Professores (APA), Domingos Álvaro, disse que a monodocência é agora desintegrada das outras classes devido aos estrangulamentos observados no processo de ensino e aprendizagem.
O líder associativo supõe que o retorno ao antigo modelo e a construção de novas salas de aula vão permitir a entrada de novos professores no sector de ensino, uma situação já acautelada pelo Executivo Angolano, no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2021, em aprovação .
Por seu turno, o psico- pedagogo, Alcides Chivango, admitiu que o retorno ao regime anterior é aceitável em função da formação dos professores, que não abarcava várias disciplinas.
"Os professores do ensino primário devem ser os melhores na disciplina que vão leccionar, mas durante o trabalho muitos apresentavam dificuldades", disse, sublinhando que alguns professores não dominavam e nunca tiveram determinada disciplina, como música e educação física.
Apesar de admitir que alguns países tiveram bons resultados com a monodocência, afirmou que algumas escolas de formação de professores desapareceram, nos últimos tempos, recorrendo-se agora a quadros sem formação na área de educação.
"Um professor do ensino primário, no sistema de monodocência tem de ter habilitações para ensinar várias disciplinas, mas não era nossa realidade, referiu.
O presidente do Sinprof, Guilherme Silva, considera a medida como um ganho para todos.