Moçâmedes- A ministra da Educação, Luísa Grilo, afirmou, esta quarta-feira, em Moçâmedes, província do Namibe, estarem criadas as condições para que, pela primeira vez, os jovens e adultos com atraso escolar possam concluir a 9ª classe em apenas cinco anos, desde a sua entrada na alfabetização.
Falando no acto central do 8 de Setembro, Dia Internacional da Alfabetização, que aconteceu em Moçâmedes sob o lema “ Alfabetizar para aumentar a inclusão digital em tempos de pandemia”, afirmou que a criação das condições dá corpo ao Plano de Intensificação da Alfabetização e Educação dos Jovens e Adultos 2019/2022, com o objectivo de massificar as acções de combate ao analfabetismo e redução do atraso escolar.
Com a implementação do referido plano, disse, foram realizadas várias acções, tais como a abertura da campanha de alargamento da rede de parceiros de alfabetização, a generalização do primeiro ciclo de ensino de jovens e adultos em todos os municípios do país e o lançamento da iniciativa “ minha família sem analfabetismo” .
Detalhou que estas acções permitiram atender 419 mil 402 cidadãos no subsistema de ensino educação de adultos no ano lectivo 2020/2021, dos quais 144 mil 429 na alfabetização, estando assim criadas as condições para que os jovens e adultos com atraso escolar possam concluir a 9ª classe, em apenas cinco anos, desde a sua entrada na alfabetização.
Apesar dos avanços registados, à luz das metas previstas no plano, Luísa Grilo afirmou que os desafios ainda são enormes, tendo em conta que todos os anos crianças ficam fora do sistema de ensino, o que aumenta o número de indivíduos com atraso escolar, para os quais, a Educação para Jovens e Adultos deve estar em condições de atendê-los.
Enquanto se investe na criação de condições para garantir a oferta educativa para crianças em idade regular, a ministra advogou a necessidade de se apostar na educação de jovens e adultos, pois estes representam uma grande franja da população economicamente activa, por isso, responsáveis pela mão de obra que deve ser qualificada.
Neste sentido, alertou para a necessidade do rigor na efectivação das acções traçadas no plano, como a constituição das comissões provinciais e municipais de alfabetização, com vista a diversificação de apoios e fontes de financiamentos, criação de turmas nos locais de serviço, quer no sector público, quer no privado, tendo como meta a declarar estas instituições territórios livres do analfabetismo e reactivação do premio nacional de alfabetização.
Por outro lado, informou que, com apoio financiamento do Banco Mundial, prevê-se, através do Projecto de Aprendizagem para Todos, a implementação de acções atinentes ao empoderamento de cerca de 250 mil jovens e raparigas e rapazes, que por várias razões, não concluíram o ensino primário e secundário.
Inclusão Digital
Garantiu ainda que o país está a trabalhar para aumentar as taxas de inclusão digital, por forma a facilitar que todos os angolanos possam ter acesso à internet e nela encontrar conteúdos que possam ajudar no desenvolvimento dos vários sectores.
Disse que o programa de inclusão digital do executivo vai diminuir as barreiras tecnológicas, promover a instalação de fábricas para montagem de equipamentos informáticos, a extensão da fibra óptica, o alargamento do surgimento de operadores de telefonia, a conexão do cabo submarino, entre outros.
O acto foi marcado com a entrega de certificados aos alfabetizadores, alfabetizandos e parceiros.
Governo do Namibe empenhado na erradicação
Por seu turno, o governador do Namibe, Archer Mangueira, considerou a alfabetização o caminho certo para o combate à pobreza e às desigualdades.
Disse que ano lectivo transacto funcionaram 29 centros de alfabetização, sendo 13 em Moçâmedes, seis no Camucuio, cinco na Bibala, três no Tômbwa e dois no Virei, que matricularam 11.834 alunos, dos quais aprovaram 5.614 alunos.
Neste ano lectivo, informou, foram inscritos 14.100 alunos nos diversos níveis da Educação para Jovens e Adultos.
Afirmou que o governo do Namibe pretende, num prazo razoável, declarar mais de 10 bairros livres do analfabetismo.
Já o secretário permanente da Comissão Nacional de Angola na UNESCO, Alexandre Costa, disse que a organização adoptou a estratégia para a alfabetização de jovens e adultos entre 2020-2025.
No seu entender, é importante a promoção da alfabetização na língua materna, por forma a desenvolver conhecimentos e competências, incluindo a cidadania global e habilidades profissionais.