Após 45 anos temos estruturas autónomas – presidente do Interclube

     Entrevistas           
  • Luanda     Domingo, 27 Junho De 2021    09h37  
Alexandre Canelas lamenta má época
Alexandre Canelas lamenta má época
Nelson Malamba

Luanda – Em véspera da celebração dos 45 anos de existência do Interclube, organização desportiva fundada a 28 de Fevereiro de 1976, o presidente de direcção, Alexandre Canelas, vislumbra um futuro promissor para o clube, baseado na potencialização das infra-estruturas, capitalização de recursos financeiros e aumento da massa associativa.

(Por Marcelino Camões e Walter dos Reis)

Num entrevista à ANGOP, no âmbito da efeméride, a assinalar-se domingo, o oficial superior do Ministério do Interior almeja a construção de um pavilhão adjacente ao estádio 22 de Junho dentro de quatro anos e ʽsonhaʼ com um título africano em futebol, basquetebol e andebol.

Licenciado em economia e pós graduado em várias áreas do saber, Alexandre Canelas ambiciona, ao longo do seu mandato, organizar um Campeonato Africano de basquetebol sénior feminino, modalidade de que o Inter é campeã africana da categoria em cinco ocasiões.  

Claro e comedido nas respostas, o interlocutor defende o melhoramento da comunicação, uma gestão mais participativa e anunciou para breve o site e instagram do clube (o facebook já vigora) visando melhor empatia com os adeptos e os sócios nesta era do digital.

Eis a íntegra da entrevista:

ANGOP: O Interclube celebra neste dia 28, domingo, 45 anos de existência - como está o clube em termos de infra-estruturas?

Alexandre Canelas (AC): A este nível iniciamos como o pavilhão 28 de Fevereiro e culminamos com o estádio 22 de Junho e a sede. Hoje temos as nossas infra-estruturas autónomas.

Também demos outro passo que é a edificação de um Centro de Alto Rendimento Desportivo, mas as condições que temos hoje não nos permitem continuar com a mesma dinâmica de antes na edificação deste projecto que vamos fazendo à medida dos recursos disponíveis.

Acreditamos que as instituições do Estado possam contribuir na construção do centro que inclui uma piscina e um pavilhão, cujo objectivo é albergar um Campeonato Africano de basquetebol sénior feminino, no início do próximo mandato [2025].

ANGOP: Há um horizonte temporal para a conclusão do Centro de Alto Rendimento?

AC: Há um horizonte temporal, mas como sabe, estamos a viver uma crise financeira mundial bastante acentuada e a gestão dos recursos é em função da situação que estamos a viver

Quase todas as projecções económicas no mundo falharam e temos que reajustar os programas de acordo com a realidade actual.

A par da crise mundial motivada pela baixa de preço do petróleo no mercado internacional, veio a covid -19 para piorar, pelo que temos de nos adaptar a isto.

Cremos que dentro de dois mandatos teremos concluído tudo que projectamos, mas nestes primeiros quatro anos queremos erguer já o pavilhão nas instalações do 22 de Junho, no quadro do Centro de Alto Rendimento.

ANGOP: Hoje já se pode dizer que o bairro Rocha Pinto é o centro do Interclube?

AC: Vamos começar por melhorar a relação e interacção e capitalizar a empatia com os adeptos, primeiro no Rocha Pinto, depois por Luanda, pelo país, por África e pelo resto do mundo.

Este trabalho que nós estamos a desenvolver é extensivo às redes sociais e nos próximos meses vamos lançar o nosso website. Vamos fazer com que as pessoas acreditem no nosso trabalho porque a meta é passar de 250 mil para 500 mil simpatizantes em Angola.

Estamos a alargar as nossas plataformas de comunicação e hoje já estamos no facebook, queremos estar no instagram e vamos colocar em funcionamento o website.

ANGOP: Quando o estádio 22 de Junho terá uma moldura humana a apoiar o Interclube e não o contrário quando defronta outros grandes do futebol nacional?

AC: Estamos neste caminho, e mais dois meses a realidade será diferente.

ANGOP: Diferente como?

AC: Com bons jogos, excelentes resultados, desempenho convincente dos jogadores e, como disse, por via de uma maior e melhor comunicação, o número de adeptos deve crescer.

ANGOP: Após vencer o Campeonato Nacional de futebol em 2007 e 2010 e uma presença nas meias-finais na Taça da Confederação em 2011, para quando a conquista de uma prova africana?

AC: Primeiro queremos ser uma equipa bastante competitiva internamente e a jogar com alegria para granjearmos simpatia de modo a que o estádio 22 de Junho tenha maior número de assistência e, por via disto, obter fontes de receitas.

Com a equipa bem competitiva e bastante organizada, só restará ganhar títulos nacionais e africanos dentro de dois anos para resgatar a mística anterior. Para a presente época, o objectivo é ficar entre os três primeiros lugares.

ANGOP: O cumprimento deste projecto pressupõe disponibilidade financeira. Como é feita a gestão destes recursos em tempo de crise mundial?

AC: Se nós conseguirmos minimizar os custos e deixarmos muitas despesas desnecessárias para trás, nos focarmos numa meta, é possível.

Vamos procurar captar outros recursos, mobilizar mais patrocinadores e explorar melhor as infra-estruturas existentes (terciarizar serviços) e se gerirmos com transparência os recursos disponíveis, acreditamos que chegamos lá.

Outro aspecto importante é sabermos explorar a formação de atletas e colocá-los em outros mercados para o devido retorno financeiro.

Se repararem bem, a base actual da nossa equipa de futebol vem da formação e isto permite celebrar contratos que se ajustem à nossa capacidade financeira e não alimentar a especulação do mercado desportivo.

ANGOP: O Interclube caminha para um clube empresa?

AC: Este é o nosso grande objectivo. Termos quadros altamente capacitados que trabalhem e pensem permanentemente Interclube.

Com o profissionalismo em todos os sectores, surgirão melhores resultados e estamos a caminhar para este segmento. Em breve a sociedade vai perceber que a nossa gestão é diferenciada em relação a dos demais clubes em Angola.

 ANGOP: O futebol é a modalidade mais onerosa?

AC: Perfeitamente, porque é a que congrega maior número de atletas

ANGOP: Qual é o orçamento anual do clube e quanto gasta o futebol por época?

AC: Em termos percentuais, o futebol consome à volta de 30 por cento das receitas anuais.

ANGOP: Não respondeu a pergunta sobre o orçamento anual?

AC: Como disse, em tempo de crise mundial, Angola não está dissociada deste fenómeno, a gestão dos recursos financeiros é feita de forma criteriosa

ANGOP: Como está a formação no clube?

AC: Nós queremos também ter a nossa área de formação mais profissionalizada de modo a que quando o atleta evoluir para o escalão sénior consiga conquistar o seu espaço. Para isso temos que trabalhar seriamente e com os meios de trabalho necessários.

Normalmente queremos cobrar resultados sem investirmos. Vamos de agora em diante, criar todos os meios de treinamento, aliado ao desenvolvimento físico por via do ginásio e da boa alimentação.

Pretendemos também qualificar todos os treinadores da formação para poderem desenvolver um trabalho aceitável nestes escalões de menos idade.

O sucesso da formação também passa por maior contacto com o sector de alta competição, processo que está a ser consolidado.
 
ANGOP: Como funciona o Interclube com a situação da covid -19.

AC: Esta pandemia veio trazer mais custos, elevou o nível de exigência e empenho de todos.

Nós testamos semanal e bissemanalmente todos os atletas e os preços dos testes oficiais não são aos que temos acesso, chegam a ser mais caros.

ANGOP: Qual é a sua opinião sobre o surgimento da Liga de Clubes em Angola?

AC: A Liga é bem-vinda desde que a comissão que está a trabalhar para o seu surgimento esteja bem estruturada. É preciso criar diplomas legais que suportem a realização de eleições e regulamentos claros.

Como devem imaginar, este não é um trabalho fácil. O que se precisa para Liga é organização e bons patrocinadores, um desafio para a direcção a ser eleita, cujo presidente deve ser alguém com muito conhecimento e capacidade organizativa.

ANGOP: A Liga pode ser salvação do Campeonato Nacional de Futebol?

AC: Eu não diria que será a salvação do Girabola, porque vai depender das pessoas que lá estiverem. Se não mostrarem competência será difícil.

A Liga não é uma varinha mágica para a resolução dos problemas do futebol, quem pensa assim está completamente derrotado.


ANGOP: O Interclube acabou de contratar as atletas americanas Jasmine Gill (extremo-base) e Jade Walker (poste) para o basquetebol sénior feminino - quer comentar?

AC: Sim é verdade. O título africano foge-nos há três anos, daí a contratação delas que se vão juntar a Italee Lucas (norte-americana nacionalizada angolana). A meta é manter a hegemonia em África.

ANGOP: No andebol, apesar de ser das modalidades mais tituladas, as condições de trabalho não são das melhores. O que se faz para a inversão do quadro?

AC: Também é uma situação que a todos preocupa. Existe sim dificuldade em algumas áreas de treinamento e o desafio é ultrapassar as principais barreiras para garantir fundamentalmente a manutenção dos títulos.

Perfil

Nome: José Alexandre Manuel Canelas

Idade: 60 Anos

Local de nascimento: Golungo Alto

Estado civil: solteiro

Posto: Comissário da Polícia Nacional

Função: Presidente do Grupo Desportivo Interclube

Formação: Licenciatura em Economia, Mestrado em Direito judiciário, formação em Gestão Desportiva, entre outros.

Passatempo: leitura

Desporto Favorito: futebol

Prato favorito: Calulu

 Qualidade: exigente

Defeito: perfeccionista

Ídolo: Dinis "Brinca na areia"

Maior sonho: Ganhar o Campeonato do Mundo de Clube em futebol





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