Desenvolvimento do Icolo e Bengo é “inevitável” - Administradora municipal

     Entrevistas           
  • Luanda     Domingo, 24 Março De 2024    14h13  
Preparação da fazenda de arroz no Icolo e Bengo
Preparação da fazenda de arroz no Icolo e Bengo
Assis Quituta-ANGOP

Icolo e Bengo – O desenvolvimento socioeconómico do município do Icolo e Bengo é “inevitável”, por dispor de um enorme potencial agrícola, óptimo parque industrial (com possiblidade de rápida expansão) e tranquilidade no tráfego rodoviário dos 62 quilómetros de estrada asfaltada, que liga a vila de Catete (sede municipal) à cidade de Luanda.

Por Cláudio Neto, Jornalista da ANGOP

Esta apreciação é da administradora municipal do Icolo e Bengo, Isabel Kudiqueba dos Santos, feita durante uma entrevista à ANGOP em que atesta que a região tem as condições necessárias para ter todo o tipo de serviços e garantir aos habitantes uma vida melhor e até alojar, no município, os funcionários que vivem distante, em casas de passagem, por haver muitas infra-estruturas sub-aproveitadas.

No cargo desde Outubro de 2023, Kudiqueba dos Santos mostra-se optimista quanto ao destino da circuncrição: "Nossa pretensão é dar continuidade ao slogan ‘Icolo e Bengo rumo ao desenvolvimento’ e atrair para o município mais investidores, naquela que é também conhecida como a terra onde nasceu o primeiro Presidente de Angola e Herói Nacional, António Agostinho Neto, e torná-lo num bom lugar para se viver".

Tal como se diz, o progresso é sempre esperado e Icolo e Bengo, com uma extensão de 3.819 quilómetros quadrados e uma população jovem, estimada em 131.268 habitantes, não foge à regra. Nos dias de hoje, o município vai conhecendo avanços significativos nos sectores da educação, da saúde, dos transporte, das vias de acesso, das comunicações e da energia e água.

Eis a íntegra da entrevista:

ANGOP - Senhora administradora, sendo nova no cargo, quais os desafios elencados para o progresso contínuo de Icolo e Bengo?

Isabel Nicolau Kudiqueba dos Santos (IKS) - Os esforços para os próximos anos são trabalhar no sentido de melhorar as condições dos munícipes. Nós temos que tirar a população de uma dependência maior do Estado, promovendo o auto-emprego e o aumento da renda familiar com políticas assertivas que vão de encontro à realidade do município.

ANGOP - Quais os sectores específicos que terão maior atenção?

IKS - Os sectores a destacar são a agricultura, a educação, a saúde, o turismo e a energia e água. Orgulho-me em dizer que Icolo e Bengo é um dos municípios mais lindos de Luanda e convido as pessoas a visitá-lo e conhecer o potencial turístico que tem, tal como o Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto (Vila de Catete), o Hospital Municipal de Catete (construído no tempo colonial), a estação ferroviária, a vila de Caxicane e a ponte sobre o Rio Kwanza, na Cabala, denominada 17 de Setembro.

De igual modo, há outros sítios, como o local do massacre de Calomboloca e o templo dos Tocoistas, no centro de Catete. O município possui um  hotel de duas estrelas e sete aldeamentos turísticos, dos quais dois se encontram em obras. A exploração e valorização dos recantos turísticos são uma forma de atrair potenciais investidores neste sector.

ANGOP - Icolo e Bengo é conhecido como celeiro da província de Luanda.  Os camponeses pedem melhoria nas vias de acesso do campo para as estradas principais. O que tem a dizer, senhora administradora?

IKS - Tal como me referi, o trabalho nas vias de acesso, com terraplenagem das estradas (secundárias e terciárias), para a sua melhoria será feito de acordo com o orçamento que o município vai receber para a gestão de 2024, que está fixado na ordem dos 12 mil milhões 635 milhões 106 mil e 65 kwanzas. Agora, se houver algum projecto de orientação de nível central, tal como o Plano Integrado de Intervenção nos  Municípios (PIIM), na sua segunda fase, pensamos que 70 por cento do eventual orçamento será alocado ao melhoramento das vias de acesso.

ANGOP - A saúde é crucial no progresso que se quer no município, quais os passos subsequentes para a sua melhoria contínua?

IKS - O município está muito bem, venho de uma gestão anterior, onde os centros de saúde não eram orçamentados. Aqui todos os nossos centros são orçamentados. O hospital municipal também está orçamentado e, por outra, nem temos falta de medicamentos. Apesar disso, não vamos parar, o trabalho para a melhoria da assistência médica e medicamentosa vai continuar.

As infra-estruturas dos centros e postos de saúde serão ampliadas e será dada uma atenção especial ao Hospital Municipal. Neste caso, o Hospital Municipal necessita de intervenção para melhorar os serviços de assistência médica, aumento de camas, de médicos especialistas nas várias áreas. Está prevista a construção de uma morgue.

ANGOP - Então a situação da saúde no Icolo e Bengo está bem?

IKS - Nunca está bem na totalidade, estamos hoje no século 21, é nosso desejo ter, no Icolo e Bengo, a Telemedicina. Estamos a trabalhar para isso. E ainda no quadro do combate à pobreza estamos a limpar um espaço onde será construído um posto de saúde a nível do Bela Vista, concretamente dentro da Centralidade KM 44. Actualmente, Icolo e Bengo tem 24 postos de saúde, cinco centros de saúde e um hospital municipal, assegurado por 15 médicos e 280 enfermeiros.

ANGOP - Como encontrou o sector da educação no Icolo e Bengo?

IKS - Nunca estamos bem, há sempre crianças a nascer e vamos aumentar as salas de aulas e melhorar as infra-estruturas das escolas. Ainda temos escolas de duas e três salas de aulas. Sim, temos projectos para construção de novas escolas, no âmbito do PIIM. Por outro lado, aqui no Icolo e Bengo, os parceiros sociais (empresários) são fortes. A título de exemplo, um empresário construiu duas salas de aulas e mais um posto de saúde. A nível do município, há uma tendência de os homens de negócio locais contribuirem com projectos sociais, pois naquilo em que há insuficiência, por parte da administração, contamos com eles.

Nos dias de hoje, o Icolo e Bengo conta com 77 escolas públicas, 52 privadas do ensino primário, I e II ciclos, que permitiram neste presente ano lectivo matricular 47.536 alunos, assegurados por mil e 144 professores.

ANGOP - O município do Icolo e Bengo é privilegiado por algumas indústrias (Cerâmica, água mineral e cimento), como está a situação da empregabilidade juvenil?

IKS - Segundo informação disponível, o recrutamento do pessoal é local, com preferência para a mão-de-obra juvenil residente no município, com prioridade para aqueles que habitam próximo da empresa, daí não haver o sentimento “gritante” de falta de emprego dos jovens, no Icolo e Bengo.  Recentemente, uma das empresas de água mineral montou uma nova linha de produção e isso, consequentemente, aumentou a oferta de trabalho para os jovens no município.

ANGOP - Ainda na senda da empregabilidade, o projecto de entrega de kits (instrumentos de trabalho) aos jovens vai continuar?

IKS - Esse é outro passo em curso sobre a empregabilidade dos jovens.  Estamos a ver como melhorar para os êxitos que desejamos, sendo que alguns kits estão descontinuados. Temos que estudar os critérios da sua entrega aos jovens, optando por aqueles que já estão a exercer a actividade, e nós ajudarmos a crescer e consequentemente aumentar a sua força de trabalho.

ANGOP- Quanto ao sector da Identificação e Registo Civil, o que tem a dizer?

IKS - A realidade aqui é que são muitos munícipes de outras zonas de Luanda que escolhem o Icolo e Bengo para resolver questões do género. Isso é muito bom (…)

ANGOP – O Icolo e Bengo alberga um Parque que carrega o nome de uma heroína (Deolinda Rodrigues), que parece estar degradado e abandonado ...

IKS - Não (…) tem nele o nosso jacaré bem cuidado e parece ser o jacaré mais bem acarinhado,  denominado Chico que é alimentado todas as sextas-feiras de cada semana. Por outro lado, quanto à reabilitação do espaço, temos uma proposta aprovada de uma empresa nacional que já vai começar com os trabalhos de reabilitação daquele lugar de lazer. O trabalho vai incluir a melhoria geral, a reposição da relva, a pintura e a melhoria das estruturas metálicas e dos assentos.

ANGOP - Há algum programa de loteamento no município do Icolo e Bengo?

IKS – Ainda não. Estamos em fase de diagnóstico para fazer algo mais conciso.

ANGOP - O Zango 8000 está dando problema?

IKS – Problema  é geral, não são questões que não se possam resolver. Lá existiu um loteamento e nós estamos acautelando tudo, pois há sobreposição, reclamação das camponesas, há o perímetro do novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, onde que não se deve construir e estamos aqui para fazer de tudo em busca das soluções desejadas.

Geografia

O Icolo e Bengo é uma cidade e município da província de Luanda. Segundo as projecções, tem uma população estimada em 131.268 habitantes e área territorial de 3.819 km2. Localiza-se no leste da província, sendo limitado a norte pelo município do Dande, a leste pelo município de Cambambe, a sul pelo da Quiçama e a oeste pelos da Viana e do Cacuaco.

O município do Icolo e Bengo está subdividido em cinco comunas, designadamente, a vila de Catete (sede) e as comunas-distritos urbanos de Bom Jesus, Cabiri, Cassoneca e Caculo Cahango.

Economia

O município de Icolo e Bengo conta com três cerâmicas (Fabrico de tijolos), uma de produção de cimento, igual número de água, de sumos e biscoitos e rede bancária com cinco dependências comerciais.

Tem 46 cooperativas agropecuárias, integradas por três mil e 800 camponeses. Em 2022, o município teve uma colheita de 39 mil toneladas de produtos diversos, entre mandioca, banana, milho, ginguba, tomate, batata e outros produtos.

Infra-estrutura

O Icolo e Bengo, nos dias de hoje, é dos mais vistosos e de eleição de muitos cidadãos para habitar por ter as centralidades do 44 e a do Zango 5 (8000), assim como a construção do novo Aeroporto Internacional  Dr. António Agostinho Neto, recentemente inaugurado pelo Presidente da República, João Lourenço.

Essas infra-estruturas são cobiçáveis e atiçam a curiosidade de muitos cidadãos ávidos de tornarem suas vidas facilitadas em termos qualitativos, de bem-estar e viagens para o exterior e viver numa zona com padrões aceitáveis socialmente.

Em meio ao surgimento de novos empreendimentos sociais e económicos de forma dispersa, prestigiantes à sociedade angolana, o município do Icolo e Bengo “foge” aos poucos dos seus marcos históricos habitacionais tradicionais, dando azo à evolução numa sadia coabitação entre o campo e a cidade.

Perfil da administradora municipal

Isabel Nicolau Kudiqueba dos Santos, nasceu a 25 de Dezembro de 1976, na província do Uíge. É licenciada em Psicologia pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) Luanda, pós graduada em Gestão e Administração Escolar, pelo Instituto Superior de Ciências Educativa de Portugal, e Mestre em Administração Educacional e Pedagógica pelo ISCED.

Foi coordenadora Pedagógica Nacional de Alfabetização da brigada Hoji-ya-Henda, entre 2002/2013, chefe de Secção da área da Juventude na Direcção Provincial da Juventude e Desportos de Luanda, de 2005 a 2014, de 2006 a 2009 exerceu as funções de professora no Instituto Superior de Serviços Sociais.

Já foi administradora do Distrito Urbano da Vila Verde, Município de Belas e actualmente exerce a função de administradora municipal do Icolo e Bengo, província de Luanda.CLAU/AJQ/IZ





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