Ano inédito na FAN em quase meio século de existência

     Entrevistas           
  • Luanda     Terça, 16 Abril De 2024    14h21  
Joaquim dos Santos, presidente da Federação Angolana de Natação
Joaquim dos Santos, presidente da Federação Angolana de Natação
Francisco Miúdo-ANGOP

Luanda - Criada em 1979, precisamente há 45 anos, a Federação Angolana de Natação (FAN) prepara-se para acções inéditas no seu historial, algumas intrinsecamente ligadas à realização do Campeonato Africano das Nações (CAN), de 30 de Abril a 5 de Maio deste ano.

Por José Donga e Marcelino Camões, jornalistas da ANGOP

A disputa deste evento, nas especialidades de águas abertas e puras, dará vazão a outros tantos momentos ímpares como o Congresso Eleitoral da Confederação Africana e a gala de homenagem aos antigos praticantes de mérito.

Em recente entrevista à ANGOP, em Luanda, em que abordou o cumprimento do Plano de Acção para o quinquénio 2020-24, o presidente da FAN, Joaquim dos Santos, mostrou-se confiante na capacidade desportiva e de infra-estruturas.

Em final de mandato, a fonte mantém, todavia, o “suspense” sobre a sua recandidatura para os próximos quatro anos (2024-28) e remete o anúncio da decisão para depois dos Jogos Olímpicos de Agosto/Setembro, em Paris (França). 

No entanto, sobre o CAN’2024 garante que tudo caminha para uma organização exitosa e que, inclusive, estão já nos cofres da Federação 240 milhões de kwanzas cabimentados pelo Ministério da Juventude e Desportos (MJD).

Eis a entrevista na íntegra:

ANGOP: Angola prepara-se para organizar, pela primeira vez, um Campeonato Africano. Como vão os prepararivos?

Joaquim dos Santos (J.S) A máquina está oleada especialmente porque, tendo organizado o Campeonato Zonal, há menos de um ano, hoje temos mais noção do que fazer e, acima de tudo, do que não fazer. A equipa organizativa é praticamente a mesma.

Até à data, temos 22 países confirmados, mas, tendo em conta que alguns possíveis concorrentes da região ainda não confirmaram, como Moçambique, Namíbia, e Zâmbia, poderemos ultrapassar a casa das 25 selecções.

Contamos ter uma média de 300 atletas e um total de 400 pessoas envolvidas directamente no evento continental, juntando às equipas técnicas e dirigentes.

ANGOP: Com que valores financeiros a FAN conta organizar o evento?

J.S – Para o Campeonato Africano, o Ministério da Juventude e Desportos disponibilizou 240 milhões de kwanzas, já integralmente entregues à Federação. 

ANGOP: Em situações do género, é comum o recurso a patrocínios. Não é assim, presidente?

J.S – De facto. Nós preferimos patrocínio em bens e serviços em vez de dinheiro. Tiramos este peso das contas e de olhar para os números, porque se alguém disponibilizar os equipamentos para os voluntários, os árbitros e os técnicos, não tenho de preocupar-me com a factura se é de um milhão ou 10 milhões de kwanzas.

Portanto, nós fazemos as contas em termos de necessidades globais e não das necessidades financeiras, porque, muitas vezes - e já tivemos essas experiências - a necessidade financeira é uma naquele momento e depois, dada a escassez do produto, dada a demora na materialização do negócio, o preço sofre alteração.

O nosso mais importante parceiro nessa jornada é o Banco de Fomento Angola, por via do patrocínio que permitiu fazer o pagamento directo ao fornecedor  até como forma de aliviar todas as limitações financeiras.

Há patrocinadores que vão dar, por exemplo, equipamentos para os voluntários, para os árbitros e para os cronometristas, e é por isso que afirmo ser difícil quantificar os custos suportados pela Federação e os por via do patrocínio em bens e serviços.

Neste segmento, um marco importante, e claramente um ganho desta organização, é termos conseguido o patrocínio da Mota-Engil para recuperação da piscina do Alvalade, algo que já não acontecia de forma tão profunda como agora.

ANGOP: Qual é a abrangência da reestruturação da piscina?

J.S – Nós temos fugas de águas dentro e fora dos tanques de salto e de 50m, pastilhas soltas, deque da piscina e balneários num estado inadequado, as partes paisagísticas interna e externa, iluminação e outros sectores que carecem de obras.

ANGOP: Pode ser mais abrangente sobre os aspectos organizativos do CAN?

J.S – Em termos organizativos, temos tudo quase preparado. Os hotéis para a acomodação das diferentes delegações, algumas como participantes do Africano qualificativo aos Jogos Olímpicos de Paris’ 2024 e outras que vêm para o Congresso.

A prova será de apuramento aos jogos de Paris. Portanto, contará com alguns dos melhores atletas do continente. Importa explicar que vamos ter o Africano, de 30 de Abril a 5 de Maio, ou seja, de 30 de Abril a 4 de Maio (natação pura) e 5 de Maio (águas abertas).

As delegações começam a chegar, entre 27 e 28 de Abril. Estão identificados o Hotel Continental, o Horizonte Express e o Hotel Fórum.

Como disse, fruto de tudo que já organizámos, temos também asseguradas as questões dos transportes, dos hospitais, dos bombeiros, da Polícia, do Serviços de Migração e Estrangeiros, entre outros aspectos afins.

ANGOP: Em que período decorrerá o Congresso?

J.S – Será realizado, no dia 4, e vamos aproveitar o momento para,  no dia 5, último dia da mais importante semana da natação, em Angola, organizar uma gala de homenagem às figuras históricas que marcaram a modalidade.

Nós encontrámos a natação num determinado estado graças aos feitos de várias figuras que nunca foram reconhecidas. Estamos a falar de treinadores, dirigentes e atletas, não exclusivamente de presidente, que até pode nem ser o mais influente e decisivo na condução da FAN.

Trata-se de personalidades que marcaram gerações e brilharam, sem nunca terem recebido um reconhecimento, um agradecimento por parte do órgão de tutela.

Estamos a falar de árbitro, estamos a falar daqueles voluntários que abraçaram a causa da natação, até mais do que abraçaram a causa dos seus próprios filhos, tiveram participação sem dúvida marcante e determinante naquilo que é a história da natação.

ANGOP:  Quantas pessoas nessa condição a Federação vai homenagear?

J.S – Cerca de 100 pessoas, distribuídas pelas mais diversas categorias. Criou-se uma comissão, não foi a direcção da Federação a decidir, foi a comissão que identificou os nomes marcantes, desde o arranque da modalidade, em 1979

ANGOP:  Qual é a realidade em relação aos voluntários e quantos se conta ter?

J.S – Temos mais de 100 voluntários, fluentes em francês ou em inglês. Na chegada, teremos sempre um “Welcome Desk” do lado antes e depois da fronteira e na zona de recolha de bagagem para a condução das equipas até aos transportes.

Também nos hotéis, iremos reforçar as equipas de voluntários poliglotas, aqui na piscina para todo o apoio às várias delegações e temos os voluntários que farão trabalhos internos.

ANGOP: Permita-me voltar ao Congresso. Angola fará alguma proposta em concreto?

J.S – Este congresso tem vários pontos, sendo o mais importante e que acaba por ofuscar todos os outros a eleição do novo Bureau da Confederação Africana. É já ponto assente que o histórico presidente Sam Ramsamy não vai concorrer à sua sucessão. 

Ainda não foi divulgado o nome dos candidatos, diz-se nos bastidores que deverá haver dois concorrentes à presidência e caberá a estes formarem a sua equipa que também será eleita nesse congresso.

Portanto, por ser um congresso electivo, tem despertado também o interesse da maior parte dos países e todos querem estar presentes, para  poder eleger ou ser eleito, se for o caso.

ANGOP: Angola pode perspectivar a integração em uma das listas concorrentes?

J.S – Nós já tivemos o DR. Mário Fernandes nos órgãos de direcção tanto da CANA da Zona 4 como da  Confederação Africana. Não faremos campanha, mas será um orgulho, naturalmente, se formos convidados para integrar a uma das listas concorrentes.

ANGOP: Nesses fóruns, normalmente debate-se a vida da modalidade. Angola terá alguma proposta?

J.S – Angola tem apresentado já várias propostas e algumas delas inclusive já foram adoptadas pela Federação Internacional.

Não esperamos por reuniões formais para apresentar propostas. Em momento de necessidade, de dúvidas ou de questões, colocamo-las e temos tido bastante acolhimento por parte da Confederação Africana e da Federação Internacional.

ANGOP: O que lhe preocupa mais, presidente?

J.S – Há uma certa falta de apoio específico para o desenvolvimento. Por exemplo, sempre tivemos o apoio da Federação Internacional na formação, mas estes treinadores vinham por dois ou quatro dias, que são insuficientes. 

Quando estivemos no nosso consulado, em 2021, o primeiro treinador vindo da FINA ficou por dois meses porque é quase um micro ciclo e aí, sim, há tempo e espaço para que a mensagem seja passada e apreendida. 

ANGOP: Dos 300 atletas que se perspectiva para o Africano, quantos angolanos fazem  parte?

J:S – Nós contamos ter cerca de 23 atletas em natação e águas abertas.

ANGOP: Qual é o grande objectivo de Angola nesta prova?

J.S – Manter Angola estável. Durante este ciclo olímpico, conseguimos feitos que nunca tinham sido alcançados, como a conquista de medalha em todos os campeonatos continentais. 

Conseguimos, em 2021 (campeonato que podia ter sido realizado em 2020), conseguimos, em 2022, e  gostaríamos de voltar a conquistar medalhas, em 2024. Porém, o facto de ser uma prova em ano de Jogos Olímpicos tornará tudo mais competitivo devido à motivação extra, por um lado.

Por outro, estarão presentes atletas das maiores potências do continente. Será uma missão hercúlea e gostaríamos de conquistar medalhas, mas estar presentes nas finais já seria uma grande conquista para aquilo que é o histórico da natação angolana.

ANGOP: Como será feita a preparação da Selecção Nacional?

J.S – Os  atletas continuam a treinar nos seus clubes. Apesar de a natação ser uma modalidade individual, nós criamos o espírito de grupo, até porque há também alguns trabalhos específicos com a preparação das estafetas, no caso das águas abertas, a adaptação às correntes marítimas, aos ventos e outros.

ANGOP: Com a convocação da selecção e a indicação da equipa técnica, qual é o passo seguinte?

J.S – A  equipa técnica é coordenada pelo professor Artur Henriques, que é o presidente do Conselho Técnico e coordenador das selecções nacionais, mas inclui o professor Ivan Matos, a professora Maria Graça e  o professor José Manuel.

ANGOP:  Afirmou que a selecção se concentra, uma semana antes. Não será tarde?

J.S – O  coordenador das selecções tem contacto permanente com os técnicos dos atletas selecionados e, em função dos objectivos específicos, indica quais são as provas que irão competir e depois os próprios treinadores definem o plano de treino.

ANGOP: Pode comentar sobre o regresso de Pedro Pinotes à Selecção Nacional?

J.S – O Pinotes foi um dos atletas que conquistou medalhas, em 2021, em Accra. Aliás, o Pinotes faz parte da lista dos mais medalhados, tendo começado a conquistar medalhas nos Jogos Africanos e em Campeonatos Africanos, em 2011.

O que acontece é que a natação se tem desenvolvido e o Pinotes ainda conseguiu participar no Mundial de Budapeste, em 2021. Houve outros que, depois disto, o superaram e, portanto, isto, para nós, é um sinal de desenvolvimento.

ANGOP: Angola deve apostar mais em provas rápidas ou longas?

 J.S – Em função do nosso biótipo, a maior parte dos nossos atletas não são altos. Portanto, dizem os especialistas que, estrategicamente, devemos apostar em provas de meio-fundo e fundo, o que tem funcionado.

Não foi por acaso que quatro das seis medalhas conquistadas, em Accra (Ghana), foram em estafetas. Nós somos mais fortes não pelas nossas individualidades mas sim pelo colectivo. Eu diria que provas longas e estafetas são as nossas maiores apostas.


ANGOP: No CAN, envolvendo grande número de estrangeiros, o turismo está equacionado?

J.S – Com certeza. Tivemos esta experiência no Campeonato Zonal, onde cerca de 100 encarregados acompanharam os filhos, mas, entre uma prova e outra, faziam turismo e levaram para os seus países memórias e reportagens interessantes sobre Angola.

Portanto, sim, estamos certos de que Angola ganhará também com o turismo, especialmente tendo em conta o último decreto presidencial que isenta uma série de países de vistos.

Com esta combinação de números de voos, isenção de vistos e mais baixos custos, estamos certos de que atrai bastantes turistas.

ANGOP: Dadas as experiências de antes, quais as zonas de maior preferência dos turistas?

J.S – Nós fizemos a ponte. Pusemos os interessados em contacto com as agências de turismo e estes órgãos é que deverão organizar programas específicos, roteiro de locais de interesse a visitar.

ANGOP: Está em final de mandato qual é o balanço, e pensa recandidatar-se?

J.S – Estou ainda preocupado em fazer o que me propus até ao final do mandato, uma jornada que tem sido positiva.

2021 foi de viragem, marcante mesmo para a natação devido à materialização de um grande anseio de todos os amantes de ter um sistema de cronometração automática, visando garantir a fiabilidade das provas e dos resultados.

O ano foi marcante, também, porque tivemos o Campeonato Africano de Accra, em 2021, onde conseguimos um histórico 3º lugar da classificação geral, feito nunca antes alcançado.

A prova foi  também histórica por causa do número de medalhas. Tivemos seis medalhas, antes, em toda a história, a natação angolana logrou conquistar sete medalhas continentais, e agora, numa única competição, conseguiu-se seis.

No ano seguinte (2022), obteve-se mais uma medalha, igualando o número obtido em toda a história da natação no país.   

Mas continuando, no ano de 2021, tivemos também outros grandes marcos, por exemplo, o lançamento do site da Federação, porque, até então, não tínhamos um canal oficial de comunicação  e o relançamento das outras páginas digitais como Facebook e Instagram.

Tivemos ainda a honra e o privilégio de ter acolhido a primeira visita do presidente da Federação Internacional de Natação, Husain Al-Musallam, que culminou com o lançamento dos programas “Swim for all” e “swim for life”.

O programa visa o combate às mortes por afogamento por via da formação de monitores capazes de ensinar de forma objectiva e científica as técnicas de sobrevivência no meio aquático.

Tivemos depois, em 2022, o Campeonato Africano da Tunísia, onde também conquistamos uma medalha perfazendo sete. 

Devo recordar que todas as medalhas que conquistamos, tanto as de 2021 como as de 2022, foram de bronze.

Disputamos o Campeonato do Mundo júnior em que  lançamos novos atletas, porque tínhamos já uma equipa sénior mais ou menos estabelecida, só que se registava um hiato grande entre os seniores e os juniores.

No período em referência, tivemos também uma juíza no Campeonato do Mundo júnior, Maria José Aparício, desde 2017 que não tínhamos.

Em termos históricos, tivemos o Carlos Lino, em 1996 e 2003, e depois Osvaldo Morais, em 2017, e só em 2021 é que voltamos a ter um juiz no Campeonato do Mundo de júnior.

2022 foi igualmente um ano de aposta nas águas abertas conforme o plano de mandato, com a participação no Campeonato do Mundo de júnior e sénior.

Durante muito tempo, as águas abertas eram praticadas por atletas de natação pura, e nós, olhando para todo o histórico mundial em que há competições próprias de águas abertas, preferimos ter também nadadores especializados e lançamos este mote nacional e internacionalmente.

Foi significativa também a eleição, no período de 2020 a 2022, para a vice-presidência da Confederação Africana de Natação da Zona 4, algo que não nos propusemos, não nos candidatamos, os nossos parceiros é que elegeram e estamos a exercer até à data.

ANGOP: Enquanto vice-presidente da Zona 4, que ganhos para Angola?


J.S – Estando Angola de forma activa no principal fórum de decisão da Zona 4, tornou possível a realização do Campeonato Zonal de 2023, porque tivemos informações privilegiadas do andamento dos outros candidatos à organização e as desistências.

Tivemos apenas seis semanas para nos organizarmos, mas tivemos algum tempo antes para fazermos o trabalho de casa e conseguirmos dar os passos subsequentes.

Angola tem beneficiado de formação e já esteve no país, para o efeito, o professor Cedric Finch (técnico da Selecção Sul-africana), que treina as vedetas que todos nós conhecemos, campeões, recordistas mundiais e olímpicos.

Ele esteve cá por duas vezes, uma a convite e com custos suportados pela Federação e outra pela Confederação Africana por período alargado.

Em 2023, tivemos o Campeonato Africano da Zona 4, como disse, organizado em seis semanas, mas por todos visto como uma prova muito bem conseguida sem percalços. Igualamos a nossa melhor classificação e melhoramos em termos de medalhas.

Ainda em 2023, substituímos os blocos de partidas e os separadores de pistas da piscina do Alvalade colocados desde a sua construção, nos anos 60, e isso também para nós foi um momento histórico.

Depois de já o termos feito, em 2022, voltamos a conseguir ter um árbitro no Campeonato do Mundo de águas abertas, Kimbo Kiambata.

Tivemos ainda outra participação no Campeonato do Mundo de júnior com mais de 10 atletas, constituindo-se na maior delegação em prova mundial do escalão.

Contamos ainda com o lançamento da natação adaptada com atletas Paralímpicos especialmente vindos da província do Huambo.

ANGOP: Como tem decorrido o ano de 2024?

J.S – O ano de 2024 não podia ter começado melhor, depois de termos concorrido com o Egipto. É importante dizê-lo, trazer para Angola o Campeonato Africano e ter o Congresso da Confederação Africana é um momento singular.

O fórum continental será electivo e é de tal importância que o presidente da World Aquatics, Husain Al-Musallam, estará presente, tal como o primeiro vice-presidente que é também o presidente da Confederação Africana, Sam Ramsamy.

Outra individualidade que se fará presente é o segundo vice-presidente, que é o presidente da Liga Europeia de Natação, António Silva. Portanto, Angola será claramente a capital mundial da modalidade.

Esqueci-me de frisar que outro ponto marcante da nossa gestão foi a conquista de medalha nos Jogos Africanos que se realizaram, em Accra (Ghana), onde Rafaela Santo arrebatou o bronze.

ANGOP: Estamos a falar de que Africano, o decorrido este ano?

J.S – Nos jogos africanos de Accra, sim.

Tratando-se de uma competição que fica muito próxima dos Jogos Olímpicos, os atletas agora seleccionados devem ser os representantes para Paris’2024.

Temos cinco candidatos aos Jogos Olímpicos de Paris, Salvador Gordo e Henrique Mascarenhas (masculinos), Lia Lima, N’hara Fernandes e Maria Freitas (femininos).

Apenas estes cinco são elegíveis, porque reúnem um dos critérios pela regra da universalidade por terem participado no Campeonato do Mundo de 2023, realizado em Fukuoka, e no Campeonato do Mundo, disputado em  Doha.

Portanto, estes cinco atletas são os elegíveis, vamos esperar até ao último minuto para indicar, qualquer um deles (um masculino e outro feminino).

Uma nota ainda para estes Jogos Olímpicos, vamos manter aquilo que fizemos em Tóquio. Quebramos um ciclo, em que, além dos atletas, temos direito a indicar um oficial e tradicionalmente alguém da direcção da FAN. Rompemos com este ciclo, indicando um treinador e vamos manter este princípio.

Para os atletas é importante a figura de um treinador, mas, mesmo em Campeonato do Mundo, nem sempre houve, beneficiando eles, algumas vezes, do apoio de seleccionadores da congénere portuguesa.

Desde que assumimos, temos sempre um treinador nas provas internacionais, sejam elas zonais, africanas, mundiais e agora nos Jogos Olímpicos.

ANGOP: Angola nunca esteve em Jogos Olímpicos por qualificação?

J.S - Por qualificação não, nós tentamos agora em  Doha, tentamos uma qualificação que  seria inédita em águas abertas, mas infelizmente não conseguimos, mas o embrião está lançado, vamos ver em Los Angeles, em 2028, e acreditamos ser possível.

Quando assumimos a direcção da federação, tínhamos nove atletas com mais de 500 pontos FINA. A pontuação FINA é atribuída em função do recorde mundial numa determinada prova e tínhamos  nove com mais de 500 pontos. Hoje são quase 30.

Quando participamos no mundial júnior tínhamos cinco atletas com mais de 500 pontos FINA. No ano seguinte, em 2023, já eram mais de 15 e é com base neste crescimento que acreditamos que, no próximo ciclo olímpico, se possa romper com as participações apenas com o  princípio da universalidade.

ANGOP: É com esta base que Angola pode conseguir chegar às finais em mundiais?

J.S – Nós temos os pés assentes no chão, a nossa meta é termos presença frequente nas finais dos Campeonatos Africanos. Repare que, no último ciclo olímpico, nós não conquistamos nenhuma única medalha continental e foram muito poucas as finais. 

No Campeonato Africano de Accra’2021, além das seis medalhas, tivemos cerca de 20 finais ou mais de 20 finais. Por aí já se vê um crescimento. Queremos antes de mais solidificar este facto.

 Primeiro nos pódios continentais e depois termos acesso às meias-finais dos Campeonatos do Mundo e continuarmos a crescer.

ANGOP: Permita um recuo. Pode explicar mais sobre as obras da piscina?

J.S - As obras da piscina do Alvalade começaram, em Março, e  devem ficar concluídas cerca de 15 dias antes  da competição, ou seja, em meados de Abril. A piscina deve ser entregue em tempo útil

Sendo uma empresa da dimensão e a força que tem a  Mota Engil, com provas dadas, em grandes empreitadas em Angola e pelo mundo, não temos dúvidas que não só a obra será concluída, como será feita com bastante qualidade.

Como já disse, nós vamos substituir as pastilhas dos tanques, vamos acabar com as infiltrações, com as fugas das águas, a piscina  tem uma conta de água muito alta, não só pelo consumo, mas também porque se desperdiça muito. Vamos rever a iluminação, rever o deque que tem um piso bastante irregular e acidentado. 
Vamos  intervir nos balneários e contamos inclusive construir ainda dentro desse prazo ou pelo menos lançar a primeira pedra na construção de uma sede para a FAN, que hoje funciona na piscina do Alvalade em três salas exíguas.

Não sabemos se teremos a sede pronta antes do Africano, mas certamente, o mais tardar até ao final de Junho teremos com certeza.

ANGOP: Além do ganho em infra-estrutura como é que se pode maximizar o facto de Angola albergar o CAN?


 J.S - É importante referir que o crescimento da modalidade tem sido tão grande que, quando nós assumimos, tínhamos um registo de 4 ou 5  clubes a praticar. Hoje temos 11 e duas Associações  provinciais. 

Depois de Luanda, o Huambo é o segundo maior pólo de desenvolvimento da modalidade, com  três clubes e uma associação. 

Temos o Yofina (Clobarto Yofina), que já existe há alguns anos; o Desportivo da Caála, o Ferrovia do Huambo e ainda a Associação Provincial dos Desportos para Pessoas com deficiências.

ANGOP: Quais são as outras Associações? 

J.S – Associação Provincial de Luanda e Associação  Provincial dos Desportos para Deficientes do Huambo.

Os  clubes são: 1º de Agosto, Clube Náutico, ADEOA, Onda Sport Clube, Yofina, Clube Naval, Ferrovia do Huambo, Desportivo da Caála, Clube de Natação de Luanda, Clube Racing Vial e Barracudas de Luanda.

ANGOP: Em termos de números, estamos a falar de que população praticante?

J.S – É difícil responder a essa questão, porque a prática da natação tem uma dupla vertente, tem as escolas de natação  e tem a competição federada.

As escolas de natação não estão todas registadas, não temos uma base única e isto certamente terá de ser feito, mas hoje temos atletas que têm aulas pela piscina do Alvalade, por clubes, creches e escolinhas a praticarem e em várias outras piscinas.

ANGOP:  Não seria importante citar números, ainda que fosse em termos de perspectiva?

 J.S – Nós devemos ter um número superior a cinco mil praticantes. Não temos isso em base científica, mas é certamente superior a cinco mil praticantes.

ANGOP: Os custos do cloro dificultam a gestão da direcção? 

J.S – A federação não gere a piscina, então não prejudica directamente a nossa actividade, mas prejudica a dos nossos  filiados, tanto  daqueles que têm piscinas próprias, por isso têm de comprar cloro no exterior.

Em Angola não existe uma fábrica de cloro, tornando o produto caro.

ANGOP: Em África não existe um fornecedor ou o cloro tem de vir da Europa ou da América?

J.S – Daquilo que sei, penso que vem da China, essencialmente, mas como disse não tendo nós a gestão de nenhuma piscina, é um tema que eu não domino.

ANGOP: Quem gere o complexo da Piscina de Alvalade?

J.S
– O Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD)

ANGOP: Qual é a avaliação em relação à dotação financeira do MINJUD?

 J.S – Estabelecemos um caminho desde o início. Quando assumimos a direcção éramos paupérrimos e percebemos que o desporto como um todo tem tido uma fatia pequena do Orçamento Geral do Estado.

Como são mais de 20 federações e o Ministério tem de criar um tipo de critério objectivo para fazer a distribuição, então nós não nos movimentamos, nada fizemos até termos alguns resultados para apresentar.

A partir de 2021, passamos a ter muito mais apoios do Ministério porque também, a partir de  2021, conseguimos mostrar que,  com mais trabalho, com mais resultados teremos mais apoios e entendemos que  acaba por haver aqui uma espécie de justiça distributiva.

Há Federações que recebem mais, há umas que recebem menos, mas também o que nós tentamos estabelecer, desde o início, foi algum nível de autonomia, por um lado, recorrendo também a parceiros privados.

ANGOP: Fez a resenha do que cumpriu no seu mandato, mas não falou do que não cumpriu? 

J.S – Não conseguimos levar a prática da modalidade para fora de Luanda, não conseguimos “desluandizar” a natação.

A justificação é que formamos treinadores de várias partes de Angola, mas a verdade é que acabaram por não regressar às províncias de origem. Hoje estão habituados a viver em Luanda.

Por outro lado, a Federação tem apenas um funcionário administrativo permanente, recentemente contratamos um segundo, todos os outros são profissionais seniores nas mais diversas áreas e, por isso, têm alguma limitação na deslocação para outras províncias

Nós beneficiamos de uma oferta bastante generosa de sua excelência Presidente da República, João Lourenço, que nos ofereceu dois autocarros e, portanto, agora estamos prontos para competir fora de Luanda.

Conseguimos também parcerias com empresas privadas, para recuperar uma piscina fora de Luanda que deverá ser reinaugurada, ainda este ano.

Deste modo, os campeonatos da próxima época, em  piscina curta, nacional absoluto ou por categoria, decorrerão fora de Luanda.

De resto, diria que cumprimos quase todas as promessas eleitorais que fizemos e foi um ciclo  olímpico bastante recheado ou está sendo bastante recheado de conquistas e realizações.

ANGOP: E fica assim tentado a concorrer para mais um mandato?

J.S – Fico assim tentado a continuar até ao fim deste ciclo olímpico, a fazer o que estamos a fazer.

Ainda estamos focados no muito que ainda temos a fazer durante este ciclo, só depois disso, como somos uma modalidade olímpica, as eleições serão apenas  depois dos Jogos Olímpicos entre Agosto/Setembro.

ANGOP: Vai pensar no assunto ou vai anunciar a sua candidatura?

J.S – Certamente vamos pensar no assunto, vamos falar com os colegas e no devido momento. Agora estamos focados no africano.

Nós damos um passo a seguir a outro. Neste momento, se começarmos a pensar nas eleições, podemos correr o risco de perder o foco daquilo que estamos a fazer hoje

A nossa ideia é não nos candidatarmos, não faremos campanha, o trabalho está à vista de todos, não temos  muito a acrescentar porque, quando concorremos em 2020, não nos conheciam e não tínhamos obras feitas.

Hoje já temos obras à vista de todos. Portanto, não estamos preocupados senão em manter o foco.

Estamos a fazer essa obra na piscina que vai dar uma longevidade de muitos mais anos, estamos a organizar pela primeira vez o Africano, pela primeira vez o Congresso, pela primeira vez uma gala de homenagem.

Estamos a construir de raiz um edifício sede. Estamos, neste preciso momento, a remodelar uma piscina fora de Luanda.

Temos foco e não queremos nos distrair e não estamos sequer  a pensar nas condições a serem criadas para os atletas que vão aos Jogos Olímpicos que têm todos os apoios do Comité Olímpico Angolano.

Existe a consciência da preparação específica a ser  feita pela Federação, então os Jogos Olímpicos ainda precisam esperar um pouco.

Podemos albergar muitos outros campeonatos africanos, mas o primeiro será, em 2024. Podemos albergar muitos outros congressos, mas o primeiro será em 2024.

 A maior remodelação da piscina do Alvalade, desde a sua construção, está a ser feita, em 2024. É nisso que estamos ainda focados em fazer e concluir. 

ANGOP: A pergunta é inevitável. Como está a preparação para os Jogos Olímpicos?

J.S – A novidade é que Angola vai ter, pela primeira vez, um árbitro nos jogos olímpicos este ano, Kimbo Kiambata

Em três anos de mandato tivemos três árbitros em competições muito importantes. Por exemplo, no Campeonato do Mundo de Júnior’2022, com Maria José Aparício; no Campeonato do Mundo em Fukuoka’2023 em águas abertas, com Kimbo Kiambata.

Eu costumo fazer comparações para terem uma ideia. Tivemos um árbitro, em 1996 – (Roma) Carlos Lourenço Lino, depois em 2003 – Carlos Lourenço Lino e, em 2017 -  Osvaldo Morais.

Eu gosto de fazer comparações. De 1996 a 2020 (1976-2020) tivemos três anos e  três árbitros (2020-2024). JAD/MC/IZ





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