Governo aposta na indústria com Barragem de Camacupa    

Construção da barragem de Camacupa
Construção da barragem de Camacupa
Jilmar Chitondua

Cuito – O sector industrial e comercial da província do Bié poderá registar melhorias substanciais a partir de 2024, fruto da entrada em funcionamento da barragem hidroeléctrica de Camacupa, localizada a 82 quilómetros a Leste da cidade do Cuito.

Por Jilmar Enoque Chitondua, Claudete Ferreira e Adriano Chisselele, jornalistas da ANGOP 

Apesar dos 54 cacimbos celebrados e com 206 mil 985 habitantes, Camacupa apresenta-se despido de um parque industrial e comercial robusto, que impulsione mais o desenvolvimento da região, principalmente na criação de mais postos de emprego para a juventude.

As autoridades governamentais desta comunidade criaram parcelas de terras para  implementar um parque industrial, comercial, bem como terrenos para distribuir aos jovens, no âmbito da auto-construção dirigida, tão logo a barragem comece a operar. 

A barragem hidroeléctrica, destruída durante o conflito armado pós-eleitoral de 1992, tinha previsão de entrar em funcionamento este mês de  Dezembro. A mesma fornecia, até 1992, energia aos municípios de Catabola, Camacupa e do Cuito. 

As obras, retomadas em 2021, no quadro do Plano de Intervenção Integrado nos Municípios, orçam em mais de 16 milhões de euros. Estão sob tutela do Ministério de Energia e Águas. 

Esta empreitada a Barragem Hidroeléctrica de Camacupa estava paralisada desde 2014, por razões financeiras, situação que foi ultrapassada com a sua inscrição no PIIM. 

Neste momento, as obras estão na fase final de execução física  e, após a sua conclusão, terá uma capacidade de 1.8 megawatts, para abranger toda a sede do município de Camacupa e Catabola, acabando, assim, com o problema energético que se regista. 

Contempla, igualmente, a construção de redes de média e baixa tensão e iluminação pública, com uma linha de transporte de 60 quilowatts, bem como a instalação de três grupos geradores, que vão produzir cerca de 1.500 quilowatts. 

 A barragem, que estava para ser entregue às populações em Março de 2023, constatou algum ligeiro atraso devido à chegada tardia de equipamentos técnicos ao país.   

De acordo com o vice-governador do Bié, para o sector Técnico e Infra-estruturas, Edgar Marcelino, com a entrada em funcionamento da barragem, o Governo quer resolver o constrangimento energético, sobretudo de Camacupa, para atrair investidores à região. 

 Já a administradora de Camacupa, Deolinda Belvina Gonçalves, destaca o impacto que está infra-estrutura trará ao município, e assegura que, para se abastecer em toda sede da localidade e não só, o Ministério da Energia e Águas, em parceria com o Governo da província, está a instalar outra central térmica acima de 4 megawatts. 

 A ideia, disse, é tornar a municipalidade numa das mais iluminadas do Bié, assim como atingir o maior número possível de moradores da sede e contribuir para a industrialização de Camacupa, no mais curto espaço de tempo, e atrair investidores. 

 Deolinda Belvina Gonçalves tranquiliza, por isso, as populações que aguardam pela entrada em funcionamento deste empreendimento, visto que a municipalidade enfrenta um défice quer de produção quer de distribuição às famílias. 

As entidades governamentais pretendem abranger mais de duas mil ligações domiciliares da região, estando em estudo um projecto de asfaltagem do troço de ligação entre a sede municipal de Camacupa e a zona da Barragem Hidroeléctrica, num percurso de nove quilómetros. 

As obras da barragem deram possibilidade de emprego a centenas de jovens, entre os quais António Jamba e Caley Cassinda, que se mostraram satisfeitos com os postos de trabalho adquiridos na empreitada, com a qual conseguem contribuir para o sustento das famílias. 

António Jamba, que trabalha já há dois anos na barragem, considera gratificante estar a dar o seu contributo no desenvolvimento desta parcela do país, principalmente na melhoria da electrificação de Camacupa. 

Já Caley António Cassinda, chefe de equipa, aponta os benefícios que a empreitada trará aos habitantes locais, pelo facto de a energia hoje ser tida como um dos catalisadores do progresso da humanidade.   

Interligação com Laúca 

O município de Camacupa, com nove mil e 469 quilómetros quadrados, é constituído pelas comunas do Ringoma, Muinha, Umpulo e Cuanza que são abastecidas por grupos geradores.

Para mudar o actual cenário, o Executivo aposta na construção da linha de transporte de energia de Laúca, a partir da cidade do Cuito até ao município de Camacupa, podendo terminar dentro de seis meses, conforme o governador da província do Bié, Pereira Alfredo. 

Segundo Pereira Alfredo, as obras registaram um ligeiro atraso, em função dos trabalhos de desminagem que se efectuaram no percurso, mas que neste momento está  concluída a colocação dos postes de betão entre Catabola e Camacupa. 

De iniciativa do Ministério da Energia e Águas, o projecto vai ainda beneficiar o município de Catabola, que também possui apenas uma central térmica abaixo dos dois megawatts. 

 Pereira Alfredo, que não avança o nível de execução física e financeira desta empreitada, assegura apenas estarem as obras quase concluídas, sendo que os técnicos efectuam a construção de subestações, entre outros trabalhos. 

Para o efeito, o governador avaliou, recentemente, as obras da subestação eléctrica de Catabola que está a ser erguida nas proximidades dos 200 fogos habitacionais, num ritmo acelerado. 

 Entretanto, a administradora de Camacupa, Deolinda Belvina Gonçalves, destaca a importância que o Executivo dá à municipalidade com a interligação de mais 30 kilowatts de energia vinda da Barragem de Laúca.

Com esta energia, aliada à da Barragem de Camacupa, de acordo com a administradora, pretende-se electrificar as duas maiores grandes fazendas da província situadas na comunidade, nomeadamente a das Forças Armadas Angolanas (FAA), que se dedica à produção de cereais, e da Arrozal que produz somente a arroz. 

Noutro sentido, o governador do Bié esclarece que, quanto à construção da linha de transporte do Cuito ao município de Nhârea, as obras poderão iniciar a qualquer momento.  

De acordo com Pereira Alfredo, já foi realizado um concurso público para o efeito, ganho pela empresa MCA, cuja linha vai ainda beneficiar as municipalidades do Cunhinga e Andulo. 

Com isso, segundo o governante, espera-se que estejam resolvidos o défice de energia em Catabola, Camacupa, Cunhinga, Andulo e Nhârea. 

 A energia de Laúca já beneficia, há mais de um ano, a população da comuna de Chipeta, em Catabola, a 25 quilómetros a Leste do Cuito, após estar privada há 35 anos. 

O projecto, onde foi instalado um Posto de Transformação (PT) de 250 KVA e 140 postes de iluminação pública, abrange 200 ligações domiciliares, das 1.200 previstas.  

A província do Bié recebe, desde Março de 2019, 80 megawatts provenientes da Barragem de Laúca (Malanje), potência que se junta a 14 outros produzidos nas centrais térmicas do Huambo e Cuito, assim como por duas outras de grupos geradores.  

Só a energia de Laúca, por exemplo, permitiu instalar 80 megawatts no Cuito, quando a demanda é de apenas 20 MW, ajudando o Ministério da Energia e Águas a levar a cabo o processo de interligação dos municípios do Bié, a curto-prazo. 

Para o efeito, os técnicos do sector têm estado empenhados na retirada da antiga rede de expansão, feita antes de 1975, uma vez que se encontra obsoleta, substituindo, assim, com a rede de baixa e alta tensão, visando beneficiar um maior número de consumidores.    

Relativamente à cidade do Cuito, a título ilustrativo, mais de 12 mil novas famílias beneficiaram deste bem, com a expansão da rede de baixa e média tensão. 

Tais ligações estão localizadas nos bairros Catemo, Ndôngua, Boavista e Licimo, arredores da cidade do Cuito, no quadro do projecto de expansão da rede de distribuição de média e de baixa tensão.  

Instalou, ainda, na capital biéna, acima de 500 postes de iluminação pública (de betão e de madeira), com vista à redução do índice de criminalidade naqueles bairros, num custo de 300 milhões Kz, no âmbito do PIIM.  

Só em 2021, três mil 379 novas famílias do Cuito, Camacupa, Chinguar e Chitembo passaram a consumir energia eléctrica, no âmbito do Programa de Electrificação dos bairros. 

O Governo local está ainda a efectuar novas ligações e prevê dar continuidade à electrificação não só dos bairros da cidade do Cuito, mas também um pouco por todo o interior do Bié, em parceria com o Ministério da Energia e Águas. 

Procedeu, igualmente, a entrega este ano da central térmica de 1,6 megawatts no município do Cuemba, localizada a 162 quilómetros a Leste do Cuito, que está a garantir a iluminação pública e 1.500 novas ligações domiciliares.  

Ainda em 2022, o Governo formalizou a entrega, no município de Chitembo, de uma nova central térmica de mais de mil KVA, que também beneficia mais de 1.500 famílias, apesar de decorrerem mais alargamentos nas residências da sede do município. 

A rede de distribuição controlada pela Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) conta, nesta parcela do país, com 26 mil e 14 clientes, 16 por cento dos quais com o sistema de contagem e 2.666 clientes do regime pré-pago.    

Dos 26 mil clientes, 23 mil e 306 são de baixa tensão, dois mil e 666, do sistema pré-pago. JEC/COF/AC/VM





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