Luandenses exigem melhorias na iluminação

Via pública na cidade de Luanda
Via pública na cidade de Luanda
Pedro Parente

Luanda – A província de Luanda, com mais de sete milhões de habitantes, continua a ressentir-se da deficiente iluminação pública, apesar dos novos investimentos feitos pelo Estado, situação que contribui, sobremaneira, para o aumento do número de crimes e de acidentes de viação.

Segundo especialistas, o problema, que já se arrasta há vários anos, deriva, basicamente, da falta de manutenção periódica de milhares de lâmpadas, fusíveis, disjuntores e outros elementos essenciais para o normal funcionamento dos sistemas de iluminação.

Dados compilados pela ANGOP indicam que a capital do país regista pelo menos nove mil e 151 postes de iluminação pública inoperantes e mil 137 vandalizados, sendo que o número de ruas às escuras, até ao momento, é de cerca de 90.

Apesar da existência de mais de três mil e 900 postes que se acendem regularmente, numa extensão de 386,69 quilómetros, o problema da deficiente iluminação ainda tira o sono às autoridades, em particular, e a milhares de automobilistas e peões, em geral.  

Por causa dessa fragilidade dos serviços, de acordo com o chefe do Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária, superintendente Simão Paulo, só no segundo trimestre de 2021 foram registados 40 acidentes de viação, com um saldo de 20 mortos.

Segundo a autoridade policial, a maior parte dos atropelamentos aconteceu devido à fraca iluminação pública, com realce para as avenidas Fidel Castro, com 19 registos e sete mortos, e Deolinda Rodrigues, com oito casos e cinco mortes, respectivamente.

Para inverter o quadro, o Governo angolano lançou um programa de emergência para restauração e manutenção da iluminação pública em Luanda, numa responsabilidade da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE).

Com este programa, a manutenção e exploração de todo o sistema eléctrico, incluindo a iluminação pública deixou de ser da responsabilidade exclusiva da ENDE, passando estes serviços a serem geridos por várias empresas privadas do sector eléctrico.

A estas empresas foi atribuída a responsabilidade da reabilitação e manutenção do sistema de iluminação, mediante contrato com o Governo local, durante seis meses.

Antes deste programa, todo o sistema e toda a rede de iluminação pública estava abandonada e não beneficiava de serviços de manutenção, havendo apenas algumas intervenções pontuais nos principais eixos viários.

Em Julho de 2021, por exemplo, no âmbito deste programa, foi lançada a primeira fase para iluminar e restaurar 25 avenidas e ruas estruturantes da província de Luanda.

Para a empreitada, foram contratadas as empresas nacionais Powergol, Prof, Makeny, Eletroquicam e Imotec, especializadas em electricidade, que trabalharam com técnicos da ENDE na substituição de lâmpadas e armários, entre outros aspectos técnicos.

A primeira fase do programa de recuperação foi dedicada a um conjunto de ruas do centro da cidade e permitiu que mais de 300 estradas secundárias e terciárias fossem iluminadas.

Já a segunda fase, que teve início em Outubro, está avaliada em oito mil milhões de kwanzas, é mais alargada e inclui avenidas mais extensas, como a Via Expressa, Lueji A’Nkonde, estrada de Cacuaco, rua da Fubu e Calemba 2, entre outras.

Para a realização da segunda fase foi feito o levantamento das vias degradadas, para serem intervencionadas, um trabalho conjunto da Empresa de Distribuição de Electricidade (ENDE), Governo Provincial de Luanda (GPL) e os empreiteiros contratados.

Neste programa, a Avenida Fidel Castro será restaurada nos seus 56 quilómetros, do antigo controlo ao município do Cacuaco, prevendo-se que envolva ainda a via principal da Samba/Mirantes do Talatona ao Benfica.

Quanto à Centralidade do Kilamba, estão a ser feitas intervenções do poder local, prevendo-se que venha a ser abrangida na segunda fase, desde a Avenida Fidel Castro/Kero/K-5000, bem como no acesso ao Sequele.

Entre as vias a serem reparadas constam a Deolinda Rodrigues/ao Km 25, Lueji A’Nkonde da administração distrital do Sambizanga (Ndunduma) até a Estrada Nacional 100/Norte.

O  responsável do projecto, António Luemba Nicolo, disse na ocasião que foram já restauradas em 80 e 90 por cento as avenidas Murtala Mohammed, Ho Chi Minh, rua principal da Samba e 21 de Janeiro.

De acordo com o engenheiro, está em mais de 80 por cento de recuperação a avenida Pedro de Castro Van-Duném por ter as infra-estruturas que compõem a iluminação pública, bastante degradadas.

A avenida Pedro de Castro Van-Duném foi considerada o “calcanhar de Aquiles” do projecto, devido aos elevados custos para a reposição dos Postos de Transformação (PT’s) destruídos e vandalizados por desconhecidos.

O  GPL está também a implementar um outro projecto que tem como fim iluminar mais de cem ruas secundárias e terciárias, em diversos municípios, no interior de bairros, com lâmpadas e torres comunitárias.

Nesta senda, o município do Cazenga retomou também em Julho, o programa de iluminação pública, com a reposição paulatina da luz na rua dos Comandos, Comércio, 5ª avenida e Ngola Kiluanje, que tinham os candeeiros vandalizados. 

Foi feita a recuperação e reabilitação dos equipamentos existentes, com destaque para os armários e postos de iluminação pública completamente destruídos e vandalizados.

O município do Cazenga começou com o programa de iluminação pública em 2019. O mesmo esteve paralisado devido, entre outras causas, ao furto dos transformadores de energia eléctrica que abasteciam os postes e torres comunitárias de luz.

Os trabalhos de iluminação pública, financiados com fundos locais, devem  beneficiar igualmente as ruas reabilitadas e as torres comunitárias de iluminação pública existentes nos distritos urbanos do Hoji ya Henda, Kalawenda, Tala hady, Cazenga, 11 de Novembro e Kima Kieza.

Para esta segunda fase, o município de Talatona lançou igualmente um projecto de iluminação pública, que está a ser implementado nos distritos urbanos da circunscrição.

A empreitada, iniciada em Outubro, através do Comité Técnico de Gestão do Orçamento, visa  iluminar as zonas suburbanas com maior índice de criminalidade no período nocturno.

Vandalismo 

Com frequência várias ruas e avenidas nos arredores de Luanda ficam completamente às escuras devido ao furto de transformadores de energia eléctrica da rede de iluminação pública.

Fonte da ENDE dá conta que os núcleos dos transformadores, com capacidade de 200 KV, têm um custo de cerca de USD 25 mil cada e são roubados para a venda do cobre que contêm.

Só a vandalização e subtracção de material de iluminação pública da ENDE, que deixou parcialmente às escuras as Avenidas Deolinda Rodrigues, Dr António Agostinho Neto e Revolução de Outubro, causou prejuízos orçados em mais de um milhão de Kwanzas/mês.

Nestas ruas, os ladrões levaram 40 metros de cabos eléctricos, fusíveis com as suas barras de suporte e destruíram os armários.

A Avenida Deolinda Rodrigues ficou parcialmente sem luz, depois da vandalização dos postes de iluminação pública, da Praça da Independência até a Unidade Operativa de Luanda.

Na Avenida Revolução de Outubro foi prejudicada a zona da Clínica Girassol até a Faculdade de Arquitectura, enquanto na Dr António Agostinho Neto o furto ocorreu da Rotunda da Praia do Bispo ao Hotel Baía.

A zona da igreja Sagrada Família e a rua Comandante Jika encontra-se também às escuras, depois do roubo de cabos eléctricos.

A acção dos criminosos acontece, geralmente, na calada da noite, e, de quando em vez, de dia e em ruas movimentadas onde existem câmaras de vigilância.

As zonas mais afectadas pelos furtos são a Avenida Fidel Castro (Via Expressa), abrangendo os municípios de Cacuaco, Viana, Talatona e Belas e a Cidade Universitária, devido a sua extensão.

Segundo fonte da ENDE, os cabos eléctricos de linhas de alta, média e baixa tensão, postos de seccionamentos e PT’s são os principais alvos.

Um estudo do Governo local (2017) refere que a província precisava, na época, de 300 milhões a um bilião de kwanzas para repor a iluminação nos principais eixos viários.

Cidadãos aplaudem 

Cidadãos em Luanda aplaudem o desempenho do GPL na implementação do projecto de restauração e manutenção da iluminação pública, em curso nas principais vias da circunscrição desde Julho de 2021.

Entrevistados pela ANGOP, muitos cidadãos dizem notar uma nova dinâmica na cidade, com as lâmpadas acesas, oferecendo mais beleza às ruas e mais segurança pública e rodoviária aos seus habitantes.

O citadino Manuel da Conceição considera que a  iluminação pública tem contribuído para salvar muitas vidas, pois inibe os assaltantes na sua acção, bem como evita atropelamentos e outros tipos de acidente rodoviários.

Corroborando com a ideia, o munícipe de Viana Délcio Cortez disse que a acção das autoridades deve abranger o interior dos bairros.

Uma outra cidadã, moradora da Centralidade do Kilamba, lamentou a escuridão em alguns troços da Avenida Fidel de Castro, e considera que essa realidade deve ser tida em conta.

Automobilistas lamentam a falta de iluminação pública em várias ruas e avenidas da capital angolana, com realce para os cerca de 55 quilómetros da Avenida Fidel Castro.

De acordo com os automobilistas, os constantes atropelamentos e outros acidentes que acontecem no período nocturno, são causados principalmente pela escuridão.

 





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