Luanda - A investigadora angolana Rosa Roque afirmou, em Luanda, que Angola tem condições para ganhar, futuramente, o estatuto de "potência cultural no mundo".
Em entrevista à Televisão Pública de Angola a criadora e mentora do projecto Gingas do Maculusso afirmou que, para isso ocorrer, é necessário cumprir, cabalmente, as linhas do Plano Nacional de Desenvolvimento Cultural.
Angola é um país de múltiplas riquezas culturais, detentor de vários povos, línguas e patrimónios imateriais de elevada relevância histórica.
Nos últimos anos, o Governo angolano tem adotado estratégias de desenvolvimento, visando a preservação e promoção da cultura nacional no Mundo, em vários domínios.
Uma das áreas que ganha mais visibilidade é a do património cultural, devido, principalmente, à candidatura da cidade de Mbanza Congo para ascender a património da humanidade.
A Comissão de Património Mundial da UNESCO declarou, em 2017, por unanimidade, o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, Zaire, como Património Mundial da Humanidade.
Trata-se da primeira cidade do país validada por aquela organização, que anuiu o projeto "Mbanza Congo, cidade a desenterrar para preservar".
O centro histórico de Mbanza Congo está classificado como património cultural nacional desde 10 de junho de 2013.
Na essência, Angola empenha-se no reforço da identidade africana e no fortalecimento da acção dos Estados africanos em favor da potenciação do património cultural dos povos africanos.
Apesar dos avanços registados, Rosa Roque entende que ainda não há, em Angola, políticas "sólidas" e regulares nesse domínio, havendo, também, "falta de envolvência de todos".
Do seu ponto de vista, é imperioso introduzir nas escolas a cadeira de história das artes do país, para que os alunos, desde cedo, tenham contacto com a cultura nacional.
"Nós, ao chegarmos ao quinto ano de escolaridade, já tínhamos lido todos os clássicos portugueses, mas um aluno que termina o ensino médio aqui nem sequer conhece um autor angolano", desabafou.
Conforme a investigadora, a escola é factor fundamental para a criação de projectos de raíz, e para o domínio da língua local e da história.
Durante a entrevista, a criadora falou sobre o seu percurso com as Gingas do Maculusso e do estado actual da música angolana, realçando que não houve protecção da geração que muito trabalhou para manter a música angolana de raíz, bem como não se venera os clássicos.
"Acreditamos apenas que é tempo da nova geração e esquecemos o passado", rematou.