Autoridades tradicionais de Cabinda defendem fim de facturas no casamento tradicional

     Cultura           
  • Cabinda     Sábado, 22 Outubro De 2022    19h04  
Uma vista da cidade de Cabinda, província mais ao Norte de Angola.
Uma vista da cidade de Cabinda, província mais ao Norte de Angola.
Tarcísio Vilela - ANGOP

Cabinda – Banir a palavra factura do contexto do casamento tradicional e dar competências as regedorias e aos sobados para a definição dos artigos do dote, bem como retomar a originalidade dos ritos do casamento tradicional são algumas das decisões saídas da primeira Conferencia Provincial sobre o Casamento Tradicional, em Cabinda.

Durante dois dias, entidades ligadas a cultura tradicional, autoridades tradicionais e representantes de igrejas reconhecidas debateram temas como o casamento tradicional, civil e religioso: sua interligação na constituição da família, a importância do casamento tradicional na estabilização da família e da sociedade.

O certame serviu para se abordar à interculturalidade nas cerimónias de casamento tradicional em Cabinda e autenticidade regional, a problemática do dote ou akembamento no casamento tradicional.

O Bispo de Cabinda, Dom Belmiro Chissengueti,  esclareceu que o acto obriga a enfrentar três cerimónias e os gastos que lhe são inerentes, sendo que o casamento tradicional é aquele realizado conforme os ditames da tradição, enquanto o civil obedece as normas determinadas no país e o religioso vai de acordo com o credo religioso.

Sublinhou que os três passos são de capital importância porque garantem a proteção da parte mais fraca, a mulher, e a perpetuação da espécie humana,  por isso apelou para a necessidade de se  garantir a harmonia social para que ninguém seja impedido de formar família.

Já o preletor Joaquim Paka Massanga encara o casamento tradicional no contexto da problemática do dote ou alembamento como um verdadeiro acto (Makuela), que significa casamento.

Segundo o especialista, se distancia do uso pejorativo do casamento tradicional e da ideia mercantil do alembamento como uma prenda, um reconhecimento ou uma gratidão dada aos pais da noiva e as respectivas famílias.

Os professores Francisco Nvumbi Ngimbi e Josefe Manuel Goma considearam fundamental a elaboração ou constituição da factura do dote a vigorar nos próximos tempos, em toda a província, devido a desvirtuação do casamento tradicional que termina em listas infindáveis do dote.

Josefe Manuel Goma, que narrou o histórico das alterações da desvirtuação do dote  disse que no período 1975-1991 era tipicamente tradicional e simbólico, mas entre  1992 a 2000 sofreu mudanças, registando-se um aumento na quantidade de produtos pedidos para o dote.

"Já no período 2001 a actualidade, a desvirtuação é deveres exagerada", lamentou.

O docente sugere que o Estado angolano defina um conjunto de instrumentos reguladores para se pôr fim aos exageros e a desvalorização do casamento tradicional em Cabinda.

Os participantes foram ainda unânimes na necessidade de se rever os pressupostos tradicionais do alembamento, a harmonização dos momentos do casamento tradicional nos quatro municípios (Cabinda-sede, Cacongo, Buco-Zau e Belize), a criação de uma estrutura que congregue o poder tradicional, religioso e estatal para a harmonização do dote.

Apontam que o regulamento do casamento preveja a produção de um documento resultante do acto tradicional e levado as autoridades religiosas e civis para o seu reconhecimento e a sua consequente mudança do estado civil.

 





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