Luanda - A Associação Chá de Caxinde clama pela recuperação do Cine-Teatro Nacional, para dar vida a essa sala ‘emblemática’, Património Cultural de Angola, afirmou, recentemente, em Luanda, o editor Jacques dos Santos.
Em entrevista à ANGOP, no mês dedicado à literatura, Jacques dos Santos referiu ser intenção da associação, da qual é membro fundador, reerguer o teatro para dar vida a uma sala localizada no ‘coração’ de Luanda, onde diz não existir, até hoje, salas de espectáculos.
Segundo o interlocutor, a Associação Chá de Caxinde acredita que o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, “por ser uma pessoa ligada à cultura, nos permita alcançar esses objectivos”.
Inaugurado a 01 de Janeiro de 1932, O Cine-Teatro Nacional, com capacidade para 896 lugares, entre plateia e camarotes, foi a primeira sala de cinema e teatro de Luanda, sendo considerada ‘sala-mãe de todas as salas de teatro do país’.
Com alguma nostalgia, o editor revela que, embora já não pertença à direcção da Chá de Caxinde, continua uma figura ligada à associação, por isso, esta luta “anima-me e dá-me vida”.
Literatura
Referindo-se à literatura, o entrevistado mostrou-se preocupado com o facto de não se verificar, actualmente, uma vontade de os escritores “pegarem” no riquíssimo acervo do país, para transformá-lo em literatura.
“Julgo que não se tem tirado partido da enorme riqueza que temos na tradição oral (…), em que há histórias fabulosas que se podiam transformar em livros bons, mas que acabam por morrer no conhecimento dos mais velhos”, desabafou Jacques dos Santos.
Alertou para a necessidade de se valorizar a academia, destacando as faculdades de letras, para o bem da literatura angolana.
“Para se levar a literatura a sério, os escritores têm de estudar, aproximar-se da academia (…), ler mais e fazer reflexões muito sérias sobre o que escrevem”, apontou.
Condecorado com a medalha da ‘Ordem do Rio Branco’ pelo Presidente Lula da Silva, do Brasil, Jacques dos Santos passou por um infortúnio, ao perder a esposa, há um ano, e a filha (48 anos), há quatro meses.
Hoje, ‘afoga’ as lágrimas e tristeza, dedicando-se mais à escrita e, tendo, mais uma vez, o quotidiano angolano como pano de fundo.
O escritor tem na forja o lançamento de um livro, ainda este ano.
Autor de várias obras literárias, Jacques dos Santos gostaria de ver uma Angola melhor, onde o angolano é mais patriota, se preocupa mais com o próximo e deixa de aceitar cargos políticos, visando o lucro fácil e a auto-promoção. IA/IO