Cuito - O presidente da Associação Provincial da Dança no Bié, João Vity Tomas Daniel, defendeu hoje, na cidade do Cuito, mais apoios do Governo e da classe empresarial, visando estimular a cultura deste arte à juventude e não só.
Em declarações à ANGOP, João Daniel disse que os grupos e escolas de dança enfrentam muitas dificuldades, desde a falta de espaços próprios para ensaios ou ministrar aulas para as pessoas que queiram aprender.
Por falta de espaços condignos, os amantes da dança procuram a todo custo exercer actividade em quintas e outros espaços abertos.
Lembrou, no entanto, que os grupos e escolas de dança não dispõem de dinheiro para arrendar espaços propícios para desenvolver as suas actividades e nem receberam incentivos das entidades competentes, empresários e outras pessoas.
Além da falta de espaços próprios, João Daniel lembram que carecem igualmente de aparelhos sonoro, indumentária, bem como troca de experiência.
O responsável alertou ainda à importância das famílias convidarem os fazedores de dança, nos casamentos e outras festas, que, além de colorir o evento, permite arrecadar dinheiro, que serviria para cobrir despesas, como transporte, aquisição de aparelho sonoro, indumentária, alugar espaço para ensaios entre outros.
Já o professor de dança da escola “Company City”, no Cuito, Delfino Colombo, lamentou o facto de ter já recorrido a várias instituições públicas e privadas, mas nunca recebeu incentivo.
“Antes da covid-19, a escola “Company City funcionava num espaço arrendado, onde pagavam 25 mil kwanzas/mês, mas agora os proprietários exigem o pagamento de 40 mil kwanzas”, realçou.
O director do Gabinete Provincial da Cultura Turismo e Juventude e Desportos no Bié, Nelson Quinta, disse que o governo local tem apoiado pontualmente todas as actividades relativas à dança e não só, de modo a incentivar os fazedores da cultura a prosseguirem com o trabalho para a descoberta de novos talentos.
Lembrar que, no âmbito do PIIM, na província do Bié está a ser erguida uma academia de artes, com o objectivo de estimular os cidadãos a apostar na formação musical, dança e outros.
O empreendimento, já em fase conclusiva, terá salas de música, teatro, poesia e pintura, zonas de lazer e desporto, além de auditórios com a capacidade para 250 e 230 lugares, restaurante e outros compartimentos.
Este ano, o grupo tradicional Centro Geodésico de Angola venceu o prémio nacional da juventude na categoria de cultura e artes, promovido pelo ministério de tutela.
Em 2021, o Akamba Vanene saiu em segundo lugar na primeira edição do concurso nacional BAI dança com ritmo, realizado na capital do país, Luanda.
Essas premiações mostram o quanto a dança tradicional e não só vão crescendo a nível desta região centro do país.
Com um significado social próprio, que retrata os costumes das comunidades, na província do Bié predominam as danças tradicionais como Tchiyanda, Omakopo, Osawoya, Okatita, Omenda, Kenlenkele e Okundongo, que são dançadas por três grupos etnolinguísticos, nomeadamente Ovimbundo, Vanganguela e Tchokwe.
Com aproximadamente dois milhões de habitantes, o sector da cultura na província do Bié controla 66 grupos de dança e 37 escolas, sendo que cinco funcionam em espaços arrendados.
Entre as escolas destaque para Raiar do Semba, Pencial do Semba, Best Dance e Geração do Semba. Quanto aos grupos realce para os grupos Centro Geodésico, Akamba Vanene, Colectivo de Arte Jovens e o Livro (Eyovo), Rair tradicional entre outros.