Lobito - A Associação do Carnaval do Lobito (ACL) e os grupos carnavalescos mais titulados daquele município de Benguela estão na iminência de demarcar-se desta edição do carnaval, devido à falta de preparação antecipada, soube a ANGOP, este sábado.
Este alerta foi avançado pelo presidente da Associação do Carnaval do Lobito, Olavo Livulo, que afirma estar a haver grandes transtornos para participação na edição 2024 do Entrudo.
Baseando-se na experiência de antigos foliões, Olavo Livulo disse que a preparação do carnaval deve ser pensada assim que terminar a edição anterior.
"É necessário que a Administração Municipal do Lobito, responsável pelas políticas culturais, se junte aos órgãos afins, como a ACL, os grupos carnavalescos e os patrocinadores, para conversarem sobre o que deve ser feito para se fazer o carnaval", afirmou.
Segundo o presidente da ACL, faltam poucos dias para a realização do Entrudo e não se fez a mobilização dos grupos, nem o chamado "assalto ao carnaval", onde se faz o anúncio das actividades.
Por outro lado, até ao momento, não foram entregues os prémios da edição passada, situação que está na base da recusa dos grupos em participar na festa popular.
A falta de patrocínio para comprar tecidos para a indumentária e outros equipamentos, é outra situação que está a desmoralizar os responsáveis dos grupos.
O responsável referiu que é preciso tempo para coser trajes para um grupo que comporta 230 elementos, entre comandante, rainha e figurantes.
"Por causa disso, nenhum grupo está a ensaiar, excepto o Unidos do Lobito que vai participar na fase provincial", revelou.
Afirmou, no entanto, que se realizou recentemente uma reunião com a Administração, onde foram colocadas essas inquietações e houve promessas para se ultrapassar as dificuldades, mas, até ao momento, nada foi feito e "os dias da festa estão à porta".
"Praticamente a edição do carnaval de 2023 não ficou fechada porque não se fez a festa final, por causa da falta do dinheiro dos prémios", afirmou.
Projecto da ACL
O responsável contou que a ACL tem um plano estratégico para recuperar a mística do carnaval do Lobito, começando pelos "carnaval mirin".
"A criança deve conhecer a cultura do carnaval a partir da creche", defende.
Para Olavo Livulu, é necessário reconquistar os blocos de animação e realizar as tradicionais festas de carnaval, já que o Lobito é uma cidade hospitaleira e turística e sempre teve esse costume.
Disse ainda que a ACL tinha conseguido eliminar o complexo do carnaval ser realizado apenas no casco urbano, deixando de fora a população da periferia.
Segundo ele, esta situação aconteceu devido ao facto das reuniões de preparação acontecerem na Administração local.
"Muitas pessoas não apareciam por associar o facto ao governo, mas a situação passou a ser mais inclusiva, quando a responsabilidade da preparação foi entregue à ACL.
Segundo ele, para este ano, a notificação chegou muito tarde.
A Associação do Carnaval do Lobito surgiu por volta de 2010, com a perspectiva de "desafogar" a responsabilidade da Administração e passá-la para a sociedade civil, mas a Covid-19 contribuiu para travar as suas iniciativas.
Performance do carnaval do Lobito
Segundo contam os "mais velhos foliões", o entrudo do Lobito já foi dos melhores do mundo, tendo o seu ponto mais alto entre os anos 1972 e 1974.
Todas as classes sociais estavam envolvidas, de certa forma, com o carnaval, e desde as crianças aos adultos.
Os grupos apresentavam-se rigorosamente bem trajados e as canções eram produzidas de acordo com ao contexto.
Havia desfile de carros alegóricos, com a apresentação de vários cenários.
Os seus integrantes travavam "autênticas batalhas" através do arremesso de sacos de farinha e água, uns contra outros.
Além das marchas, havia também bailes de quintal e desfile de rua em rua.
A alegria e a perícia em dançar o carnaval e a hospitalidade da população do Lobito, era o motivo de atracção de turistas vindos principalmente de Portugal, Cabo Verde e Brasil, de acordo com testemunhas. TC/CRB
