Dundo - O vice-governador para o sector Social, Político e Económico da da Lunda Norte, Frederico Barroso, disse esta quarta-feira que a elevação da arte etnomatemática "Sona" à Património Cultural Imaterial da Humanidade, coloca a província na rota do turismo cultural.
Reagindo à elevação do "Sona", símbolo da cultura Tchokwe, Frederico Barroso disse que o Governo local e seus parceiros já trabalham na criação de condições para maior divulgação e promoção da arte.
Entre os projectos em carteira , destacou a construção da futura aldeia Sona, a ser financiada pela Fundação Brilhante, face social do subsector dos diamantes.
O projecto será implementado dentro de um ano e contará com 90 unidades (caserna em forma de círculo), de tipologias T1 e T2, quatro campos de ténis, duas quadras para a prática de basquetebol e igual número de futebol, além de espaços verdes.
Vai contar igualmente com uma escola de artes, uma igreja, uma casa protocolar, um espaço para rituais como mukanda (iniciação masculina), Cikwmbi (iniciação feminina), mungonge-cyiwila (nível alto do mukanda) e três jangos.
Segundo o responsável, prevê-se que desenhos do Sona nas paredes de todas as residências a serem erguidas na futura aldeia, para facilitar que os turistas tenham contacto com a arte.
Apelou a classe empresarial no sentido de aproveitarem a oportunidade de negócio que o sector da cultura oferece, alargando a rede hoteleira e de restauração na província, para fazer face a demanda de turistas que visitarão a província, atraído pelo Sona.
Para Frederico Barroso, a diversidade de funções que representa o Sona, quer enquanto meio de comunicação ou figura no domínio da etno-matemática, demonstra a sua utilidade sociocultural, educativa e científica, representando um testemunho único e excepcional do génio criador do povo Lunda Tchokwe.
O Sona na sua compreensão extensiva é um código Comunicativo do povo Lunda Tchokwe e compreendida em várias vertentes antropológico social/cultural, geométrico e geográfico, num conjunto de elementos configurados (linguagem, orientação geográfica, matemática, jogos, provérbios e representação do mundo).
É uma arte de aprendizagem, inicialmente na mukanda e no alto nível do mungongue(circuncisão), na sua complexidade de prática e compreensão.
Sonas, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.
Estas gravuras (Sona), de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, e num livro que aborda a cultura bantu e já foi retratada na longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.
Actualmente, existem mais de 10 obras científicas, publicadas em várias partes do mundo, a retratar o Sona e nenhuma em Angola.HD
