Benguela – Dez anos depois, o historiador Joaquim Grilo, 77 anos, admite ter já concluído o seu primeiro livro intitulado “Memórias da Província de Benguela e da Sua Gente”, cuja publicação está condicionada por falta de patrocínios.
“Memórias da Província de Benguela e da Sua Gente – Desde o Século XVII ao Século XXI” – o título original – é uma obra de 939 páginas com fotografias antigas coloridas, sob chancela da editora brasileira Alupolo.
Em cinco capítulos, o livro de memórias vai abordar, entre outros, a geografia, primeiros habitantes, autoridades que governaram a província, famílias e algumas personalidades que marcaram profundamente a história e cultura benguelenses.
O desporto, mocidade portuguesa, grémio de pesca, cultura, rádio amadorismo, turismo, arquitectura, parque industrial e comércio são outros aspectos que o livro se propõe retratar.
Em entrevista à ANGOP nesta terça-feira, Joaquim Grilo revela que está sem dinheiro do próprio bolso para publicar o livro e, por isso, está atrás de patrocínios como quem procura “agulha no palheiro”.
Com a obra já no prelo, no Brasil, o autor conta que já tem inclusivamente encomenda para Portugal e algumas universidades em Luanda, mas atira a bola para os potenciais patrocinadores, sobretudo o empresariado e quiçá o Governo Provincial de Benguela ao mais alto nível.
“Se eu arranjar dinheiro no espaço de um mês, no segundo mês, temos cá o livro”, assevera, frisando que se sente feliz porque já tem filhos, plantou muitas árvores e escreveu um livro que já só falta publicar.
Só para tirar 200 exemplares pelas mãos da editora Alupolo, no Brasil, por exemplo, o historiador Joaquim Grilo estima que precisaria de pelo menos dois milhões de kwanzas, valores de que não dispõe até ao momento, daí a necessidade de apoios para não adiar o sonho que já dura dez anos.
“E (esses exemplares) vão desaparecer num ápice, porque muitos benguelenses em Portugal e em Luanda estão à espera da obra”, salientou Joaquim Grilo, que espera pela boa vontade dos empresários.
Segundo o autor, o livro de memórias está a um passo de tornar-se realidade, pese embora o seu lançamento no mercado literário nacional e internacional (Brasil e Portugal) esteja praticamente dependente da boa fé das empresas.
“O livro levou dez anos, sem direito a fim-de-semana. Uma parte dessas memórias vive, mas dois terços foi perquisa”, conta.
E lembrando que foi muito dificil encontrar uma editora como a brasileira Alupolo que fez um orçamento mais barato em relação às outras duas contactadas em Angola e Portugal.
“Incluindo o transporte, um livro sai a dez mil kwanzas”, adianta o historiador, reforçando que é por isso que ainda procura patrocínios.
"Antídoto" para juventude conhecer Benguela
Benfica, Calohombo, Calomanga, Calomburaco, Calundo, Cambanda, Camunda, Capiras, Casseque Goa, Casseque Macau, Casseque Marítimo e Cassoco são alguns dos 32 bairros históricos de Benguela, retratados no livro, tal como como os dez municípios, desde o litoral ao interior.
Preocupado com o pouco interesse da juventude em relação à história de Benguela, o historiador afirma que é um “mecenas” e, para isto, escreveu este livro como se de um medicamento se tratasse, para a juventude conhecer a história local.
“Está aqui o medicamento para a juventude conhecer a história de Benguela, dos bairros antigos e dos municípios”, frisou, enquanto mostra à reportagem da ANGOP uma versão enviada pela editora Alupolo, para algumas correcções técnicas, antes da publicação, ainda sem data.
“Isso é a prova que veio da editora Alupolo”, destaca, afiançando que é o único livro em Angola com cerca de mil páginas em formato A4 e páginas coloridas.
Sobre o autor
Pesquisador histórico , Joaquim José Luis Grilo, de pseudónimo “Kalunjololo”, nasceu a 24 de Março de 1946, na província Malanje, onde viveu até aos seis anos de idade, altura em que chegou a Benguela curiosamente a 17 de Maio de 1952.
Frequentou em 1968 um curso de jornalismo por correspondência desde Lisboa, Portugal.
Em 2012, a convite do Ministério da Cultura, participou num documentário de curta-metragem intitulado “A Rota dos Escravos”, na região de Benguela, realizado pela TV Record. JH/CRB