Luanda - Os artistas Kiluanji Kia Henda e Felix Shumba exibem, desde quinta-feira, no Museu de História Natural, em Luanda, “Memórias de um Rio Envenenado”, uma mostra sobre o impacto ecológico em África.
A mostra, que vai decorrer até ao dia 15 de Janeiro, está igualmente patente na Jahmek Contemporary Art.
“Memórias de um Rio Envenenado”, do angolano Kiluanji Kia Henda e de Félix Shumba, artista visual do Zimbabwe baseado na África do Sul, é um testemunho “poderoso de uma tragédia anunciada”.
Nesta exposição, os dois artistas problematizam o colapso da Terra provocado pela exploração de recursos minerais e de como, em África, esta fonte de “ganância e de ilusão” de prosperidade e futuro desencadeou catástrofes ecológicas silenciosas.
Traçando uma cartografia imaginária e orgânica sobre mapas antigos, Kiluanji Kia Henda e Félix Shumba dão voz à matéria inerte e à vida selvagem através de uma fábula com animais embalsamados e plantas – são eles os protagonistas da tragédia que a exposição retrata, desviando o foco do depredador desta história de autodestruição, o Homem, geralmente exaltado como vítima.
A obra retrata as cicatrizes que sobrevivem à lenta regeneração da paisagem natural, num conjunto de obras inéditas dos dois artistas em desenhos a carvão, murais, instalação, entre outros materiais, usando técnicas mistas.
Integra dois núcleos em cada um dos espaços de exposição, um mais ligado à paisagem, outro à fauna.
Imani Jacqueline Brown, curadora da exposição, descreve-a como “um caleidoscópio multimédia das memórias de um rio sobre a ascensão (e a profetizada queda) do extrativismo”.
Segundo a activista e artista americana baseada em Londres, a mostra remete para a "época anterior ao extrativismo, os povos que um dia se juntaram ao rio em rituais de cuidado e gratidão. O rio chama por eles – por nós – através das marés do tempo. Se não se lembra de nada, lembre-se disto: a Terra se defenderá por todos os meios necessários. Aguarda que nós, seus filhos, nos juntemos a ela na resistência.”
“Memórias de um Rio Envenenado” é uma iniciativa da Jahmek Contemporary Art e conta com o apoio da Soclima, Tigra e Air France. ART