Luanda – A obra “Missões em Conflitos – Havana, Washington e África, 1959-1976”, um estudo do escritor italiano Piero Gleijeses, sobre as operações de Cuba neste continente durante a guerra fria, traduzida em português, foi lançada, quinta-feira, ao público, em Luanda.
Traduzida pela “Mayamba Editora”, em Angola, o livro tem informações antes vistas como confidenciais, resultado de uma investigação em que o autor analisou arquivos, jornais, documentos e entrevistou políticos, militares de alta patente e soldados em vários países.
As reflexões, análises, conjecturas e conclusões desta pesquisa de Piero Gleijeses estão compiladas em 20 capítulos e 700 páginas, do qualquer um leigo interessado a melhorar conhecimentos sobre os meandros deste capitulo da historia sobre a Guerra Fria pode encontrar novidades.
Ilustrada com fotografias, mapas e editada em diversos países, é considerado um das mais completos livros sobre a temática e que retrata também a vibrante acção de Cuba em África entre 1959 e 1976, paralelamente com a política dos Estados Unidos da America em relação ao continente africano.
“Missões e Conflitos” aborda ainda episódios menos conhecidos, como o confronto secreto entre Havana e Washington no ex-Zaire (actual RD-Congo), entre 1964-1965, e a participação de Cuba, aqui revelado pela primeira vez, na luta de libertação da Guiné-Bissau.
Segundo Silvia Ochộa, a tradutora da "Mayamba Editora", a obra é de leitura obrigatória para estudantes de relações internacionais, ciências politicas, geopolítica e para quem questiona dogmas e mitos sobre este período e acontecimentos presentes, para quem quer conhecer melhor a origem da Nação angolana, sustentou, no acto.
Na ocasião, o declarante angolano, general Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, enfatizou que o livro representa parte da história contemporânea de Angola, com textos sobre a luta de libertacão que a nova geracão desconhece, a evasão sul-africana, ocorrido em 1988, entre outros conflitos.
Diz ainda que, tendo em conta o desconhecimento de certas facetas histórica do país, afirmou, há necessidade de se começar a fazer buscas nos arquivos existentes e espalhados pelo mundo para que, no futuro, não se fique dependente de investigacões feitas por especialistas estrangeiros, desabafou.
Para o general, a literatura histórica de Angola deve ser repensada e revista por formas a serem os nacionais a contar e escrevê-la, evitando interferências externas na sua concepção.
Nascido em Veneza, Itália, Piero Gleljeses é professor de Política Externa Americana na Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, instituição de ensino superior privada nos EUA.
“Misssões em Conflitos” recebeu o prestigioso prémio Ferrel Prize, da Society of Historians of American Foreign Relations de 2008.
