Dundo – As crianças são as que mais visitam o Museu Regional do Dundo, na província da Lunda Norte, em relação aos adultos, desde a implementação de taxas (cobranças), em 2020, para o acesso ao maior acervo cultural do leste de Angola.
A informação foi prestada hoje, terça-feira, pelo técnico de museografia, Nóbrega Matata, durante uma visita de trabalhadores dos centros de produção da Televisão Pública de Angola (TPA) das províncias da Lunda Sul e Lunda Norte, no âmbito das comemorações do 47º aniversário deste órgão público da Comunicação Social.
Segundo o técnico, desde a implementação de taxas para o acesso ao Museu, em 2020, registou uma redução significativa do número de visitas por parte dos jovens e adultos.
“Anteriormente, quando o acesso era gratuito, recebíamos mais de 300 pessoas por dia, maioritariamente jovens e adultos, mas desde 2020, esse número reduziu para 70 a 80 pessoas por dia, dos quais 80 por cento são crianças porque não pagam”, realçou.
Fez saber que os cidadãos dos 13 aos 19 anos de idade pagam 200 kwanzas, de 20 a 59 anos Kz 300, sendo que as crianças, idosos e ex militares têm acesso gratuito ao museu.
Disse que os “poucos” adultos que frequentam o Museu são na sua maioria estudantes e o fazem por obrigação académica.
O Museu
O museu, situado no “coração” da antiga cidade do Dundo e com mais de 100 anos de existência, ajuda a sociedade a identificar acontecimentos da história, que foram decisivos e essenciais para a construção do “Império” Lunda.
Para ajudar a preservar as memórias e, ao mesmo tempo, explicá-las aos interessados, a instituição conta com um acervo repleto de artigos e colecções etnográficas, biológicas, arqueológicas, de arte sacra, popular e alguns objectos que se relacionam com a história da Revolução Industrial, como a exploração de diamantes.
As colecções etnográficas do Museu do Dundo constituem a principal componente do objecto social da instituição e resultam da primeira campanha de recolha de peças, designada por expedição de Camaxilo, feita no longínquo ano de 1937, e do Alto Zambeze, em 1939.
O Museu do Dundo possui nove mil peças etnográficas e prevê, para breve, a recolha de outras que se encontram em posse de pessoas ligadas à arte e detentoras de colecções.
Entre os artigos culturais expostos, sobressaem a estatueta do Samanhonga (Pensador) - que se tornou num símbolo nacional -, as máscaras Mwana Phowo (retrata a beleza feminina), Mukishi wa Mwanangana (palhaço do rei) - que corresponde ao sacrifício sagrado e representa os antepassados do chefe tribal -, bem como os instrumentos musicais: Ngoma (batuque ou tambor) e puita.