Mbanza Kongo - A União Nacional dos Artistas e Compositores-Sociedade Anónima (UNAC-SA), na província do Zaire, expressou, esta terça-feira, em Mbanza Kongo, a sua satisfação pela contínua preservação dos hábitos, usos e costumes por parte dos habitantes da região.
Em declarações à ANGOP, no rescaldo do Dia da Cultura Nacional, assinalado segunda-feira, 8 de Janeiro, o delegado regional da UNCAC-SA para as províncias do Zaire e Uíge, Bernardo Alves Mayifuila, afirmou que a tradição está salvaguardada, fruto do trabalho de intercâmbio intergeracional.
Destacou, a título de exemplo, a língua materna kikongo, as danças típicas da região como makuebo, kindoda, lusende e outras, como alguns dos atributos do património imaterial que continuam a se perpetuar no seio das comunidades locais.
Na vertente da gastronomia tradicional, falou da preservação dos pratos característicos da região, nomeadamente ntolola, nsaki ya madezo, kindungu,nsuesua e tantos outros, assim como do maruvo, onde destacam-se o nsamba e a lunguila.
Referiu-se, ainda, à medicina tradicional, cujos tratamentos à base de raízes, folhas e outros substratos naturais continuam a ser preferidos por muitos habitantes locais, para quem ser a prova da preservação da identidade cultural herdada dos ancestrais do Reino do Kongo.
Entretanto, o delegado da UNAC-SA no Zaire admite haver alguns aspectos da cultura local que por força da globalização se foram perdendo ao longo do tempo, mas sem entrar em detalhes, situação que considerou normal, aceitável e compreendida no âmbito do conceito de dinamismo.
“A globalização traz novos elementos à nossa cultura, mas, o importante é não perdermos a nossa identidade primária”, sustentou.
Numa outra vertente, Bernardo Alves Mayifuila queixou-se da falta de espaços para que os fazedores locais da cultura possam exibir as suas artes, nos mais variados domínios, desde a escultura, pintura, o teatro, a música e às danças.
“Falta-nos casas de cultura, para espectáculos, exposição de pintura, escultura, trova”, disse, frisando que esta situação condiciona a produção artística, considerando, também, haver uma tendência da desvalorização da própria arte, na região.
Referiu-se, também, à sistemática violação dos direitos autorais e da propriedade intelectual, por parte dos promotores locais de eventos musicais e instituições que fazem o consumo do produto artístico, sem qualquer contrapartida financeira.
Assegurou que, estas e outras preocupações estão a ser vistas com especial atenção pela sua instituição, que trabalha com entidades ligadas à cultura e governo local, com os quais se pretende estreitar as relações institucionais.
Disse ser sua missão, na qualidade de responsável local da UNAC-SA, estabelecer parcerias, promover os trabalhos artísticos dos membros, defender os direitos autorais e outras questões ligadas ao desenvolvimento das artes a nível do Zaire.
Bernardo Alves Mayifuila tomou posse em Dezembro último, para exercer o cargo de delegado regional da UNAC-SA, para as províncias do Zaire e Uíge, com sede em Mbanza Kongo.PMV/JL