Caracas – Na Venezuela continuam a registar-se casos de desaparecimento forçado e tortura, em particular de opositores, segundo o relatório anual da Amnistia Internacional (AI) sobre o estado dos direitos humanos no mundo.
"O desaparecimento forçado e a tortura, entre outras violações dos direitos humanos, continuaram a fazer parte da política de repressão exercida pelo Governo", lê-se no documento, divulgado na terça-feira.
No relatório, a organização não governamental (ONG) denunciou que "a política de repressão do Governo prosseguiu" e que cidadãos ligados "à oposição política foram continuamente atacados e expostos ao risco de detenção arbitrária, tortura e outras violações dos direitos humanos".
Perante o Comité dos Direitos Humanos da ONU, "as autoridades venezuelanas argumentaram que o facto de uma pessoa passar horas ou dias detida sem que a sua família seja informada do seu paradeiro não constitui um desaparecimento forçado", lamentou a organização.
A Venezuela "reconheceu que, entre 2015 e 2022, apenas 10 dos 455 alegados desaparecimentos forçados tinham chegado a julgamento, sem que o paradeiro das vítimas fosse informado e sem que ninguém tivesse sido punido", acrescentou a AI.
O relatório referiu que o recurso do Governo à detenção arbitrária de civis "pode ser considerado um crime contra a humanidade" e explicou que, de acordo com organizações da sociedade civil venezuelana, terão sido feitas quase 15.700 detenções arbitrárias entre 2014 e 2023.
A AI sublinhou ainda que "a inflação e uma alarmante falta de poder de compra para adquirir bens e serviços básicos continuaram a provocar uma profunda crise humanitária que afecta a maioria da população, especialmente a que vive fora da capital, Caracas". JM