Moscovo - A Associated Press (AP) pediu uma investigação independente sobre o ataque aéreo israelita que destruiu sábado o edifício Al-Jalaa, que abrigava a mesma agência, a emissora Al Jazeera e outros meios de comunicação.
Segundo a Associated Press (AP), a mídia estava instalada no edifício há mais de 15 anos e nunca soube do uso de salas por militares do Hamas. Mídia francesa caracteriza o ocorrido como "possível crime de guerra".
Sally Buzbee, editora executiva da mídia, disse que o governo israelita ainda não forneceu evidências claras para apoiar o seu ataque e que o público merece ter conhecimento sobre os factos com mais clareza.
"Estamos numa situação de conflito. Não tomamos partido nesse conflito. Ouvimos israelitas dizerem que têm evidências, não sabemos o que são essas evidências. Achamos apropriado neste momento que haja um olhar independente sobre o que aconteceu, uma investigação independente", disse Buzbee citada pela mídia.
A editora também comentou que a AP tem escritórios no edifício Al-Jalaa há 15 anos e nunca foi informada ou teve qualquer indicação de que o Hamas pudesse estar no prédio.
No sábado, o governo israelita deu a jornalistas da AP e a outros inquilinos cerca de uma hora para evacuar o prédio, alegando que o mesmo seria bombardeado por abrigar um escritório da inteligência militar do Hamas.
Buzbee disse que os jornalistas da AP ficaram "abalados" após o ataque aéreo, mas que estão bem e relatando os novos acontecimentos. A editora expressou preocupação com o impacto da acção na transmissão das notícias.
"Isso afecta o direito mundial de saber o que está a acontecer em ambos os lados do conflito em tempo real", disse Buzbee.
O jornal francês Reporters Without Borders (Repórteres Sem Fronteiras, na tradução) relatou numa carta ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que 23 escritórios de mídia internacionais e locais foram destruídos nos últimos seis dias na região, e pediu uma investigação alegando que os bombardeamentos podem ser "possíveis de crime de guerra", segundo a mídia.
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a destruição do edifício Al-Jalaa era "perfeitamente legítima, pois o prédio abrigava "um escritório de inteligência da organização terrorista palestiniana que planeava ataques".
Enquanto os ataques continuam com forte intensidade e sem um horizonte para um possível cessar-fogo de ambas as partes, quem sofre é a população. De acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, cerca de 197 palestinianos morreram, incluindo 58 crianças, e mais de 1.200 ficaram feridos. Do lado israelita, dez pessoas morreram, incluindo duas crianças, e centenas ficaram feridas.