Rangun - Um tribunal de Justiça birmanês condenou, esta quarta-feira, 27, Aung San Suu Kyi, a mais cinco anos de prisão num dos casos de corrupção que a líder destituída enfrenta.
Naquele processo, a Prémio Nobel da Paz e antiga governante Aung San Suu Kyi é acusada de aceitar subornos no valor de 600 mil dólares e 11,4 quilos de ouro do antigo governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou em Outubro contra a líder eleita.
Suu Kyi, de 76 anos, está em prisão domiciliária, desde as primeiras horas do golpe de Estado em Myanmar, em Fevereiro de 2021, e apoiantes e observadores internacionais classificam as acusações como injustas e fabricadas, com o objectivo de a afastar definitivamente da política.
Ela já tinha sido condenada a seis anos de prisão noutros casos e enfrenta mais acusações de corrupção: por ter alegadamente abusado da sua posição para arrendar terrenos; por alegadamente se apropriar indevidamente de fundos doados a uma fundação a que presidiu e por construir uma residência com eles, bem como por alegadamente comprar e alugar helicópteros.
No início de Dezembro, Aung San Suu Kyi foi condenada a quatro anos de prisão (reduzidos a dois anos após receber um indulto da junta militar) por violar leis antipandémicas e por incitação contra a junta militar. A 10 de Janeiro, a vencedora das eleições de 2015 e 2020 foi condenada a mais quatro anos de prisão por ignorar medidas de prevenção face à covid-19 num acto eleitoral e por importar ilegalmente dispositivos de telecomunicações.
Suu Kyi está, também, a ser julgada por alegada violação da Lei dos Segredos Oficiais, punível até 14 anos de prisão, sendo ainda acusada de fraude eleitoral durante as eleições de Novembro de 2020.
O golpe de Estado de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise económica, política e social, com quase 1800 pessoas mortas e mais de 13.000 detidas. Além disso, o golpe intensificou a espiral de violência com novas milícias civis que intensificaram acções de guerrilha, que duram há décadas no país.
Aung San Suu Kyi continua a ser uma personalidade muito popular no país, ainda que a sua imagem internacional tenha sido manchada pela sua incapacidade em defender a minoria muçulmana dos Rohingya. Desde que foi detida, a antiga líder desapareceu dos radares, aparecendo apenas em algumas fotografias no tribunal divulgadas pela imprensa.
Vários opositores à junta militar consideram que a sua luta deve ir para além da Prémio Nobel para tentar acabar com o controlo dos generais sobre a política e a economia no país. Houve milícias a tomarem as armas contra a junta em diferentes regiões, contrariando o princípio de não-violência defendido por Aung San Suu Kyi.
Na semana passada, o chefe da junta, Min Aung Hlaing, apelou para que se façam negociações de paz com as facções rebeldes que controlam partes do território e que combatem o exército há décadas.
Os seus apoiantes classificam as acusações como injustas e fabricadas, com o objectivo de a afastar definitivamente da arena política.