Brasília - As autoridades brasileiras estão preocupadas com o número crescente de denúncias de pressão laboral nas eleições em empresas no Brasil, prática conhecida como assédio eleitoral, embora considerem que, para já, não é relevante para afectar o sistema democrático.
Em declarações à Lusa, o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT) brasileiro, José de Lima Ramos Pereira, admitiu que há "preocupação" com este fenómeno, mas lembrou o assédio eleitoral não é uma novidade e, no sufrágio de 2018, o órgão registou 212 denúncias relativas a 98 empresas.
Nas últimas semanas, os media e as redes sociais têm disseminado vídeos e notícias sobre empresários brasileiros pressionando empregados a votar em candidatos de sua preferência, algumas vezes até ameaçando-os de demissão.
O assédio eleitoral caracteriza-se por acções de coação, intimidação, ameaça, humilhação, constrangimento para influenciar o voto dos empregados por parte das empresas e empresários ou mesmo acções de favorecimento, ou seja, quando os trabalhadores recebem propostas de recompensas financeiras para votarem em determinados candidatos.
O MPT já contabilizou oficialmente 447 casos de assédio eleitoral, segundo dados divulgados pela assessoria de comunicação do órgão.
A maioria das queixas ocorreu em empresas do sul e sudeste do país, regiões mais industrializadas onde o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tem um grande apoio do sector empresarial.