Bielorrússia vota no domingo em eleições sob forte controlo

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  • Luanda     Sexta, 23 Fevereiro De 2024    16h52  

Minsk - Os bielorrussos são convocados às urnas no próximo domingo para eleições legislativas e locais, onde nos boletins de voto surgem apenas quatro partidos apoiantes do regime do presidente Aleksandr Lukashenko.

O Belaya ru, o Partido comunista, o Partido liberal democrático da Bielorrússia e o Partido do trabalho e justiça são as formações autorizadas a participar no escrutínio, após o regime ter proibido ou dissolvido os restantes partidos na sequência dos protestos da oposição contra alegadas fraudes nas presidenciais de 2020 que reconduziram Lukashenko na chefia do Estado.

O líder bielorrusso no poder desde 1994, acusou esta semana o ocidente de tentar fomentar protestos para enfraquecer o seu poder e a líder da oposição no exílio voltou a definir a votação como uma "cínica farsa" e apelou ao boicote.

A votação iniciou-se de forma parcial na passada terça-feira, nas primeiras eleições desde o contestado escrutínio presidencial de Agosto de 2020, que concedeu ao líder autoritário da ex-republica soviética -- e principal aliado da Rússia nesta região do centro-leste europeu -- um sexto mandato presidencial que justificaram manifestações de protesto sem precedentes que se prolongaram por alguns meses e duramente reprimidas.

Mais de 35 mil pessoas foram detidas, ocorreram agressões em esquadras da polícia, e centenas de 'media' independentes e Organizações não-governamentais (ONG) foram encerradas ou proibidas.

Lukashenko permanece em parte dependente de ajuda financeira da vizinha e aliada Rússia, e permitiu ao Kremlin que utilizasse território bielorrusso na invasão militar da Ucrânia em Fevereiro de 2022, apesar de não se ter envolvido directamente no conflito.

As eleições também coincidem com um clima de persistente repressão da dissidência. Cerca de 1.400 presos políticos permanecem atrás das grades, incluindo líderes de partidos da oposição e o advogado de direitos humano Ales Bialiatski, Nobel da Paz 2022.

Na terça-feira passada, o centro de direitos humanos Viasna indicou que Ihar Lednik, um dos líderes do Partido social democrata morreu aos 64 anos na prisão. O opositor, que cumpria uma sentença de três anos após condenação por insultos a Lukashenko, não resistiu a um ataque cardíaco após intervenção cirúrgica na prisão.

A Viasna disse que a morte de Lednik é a quinta de um preso político sob detenção nos últimos três anos.

A líder da oposição Svetlana Tikhanovskaia, exilada na vizinha Lituânia após desafiar Lukashenko nas presidenciais de 2020, apelou ao boicote das eleições.

"Apelamos ao boicote desta cínica farsa, porque esta imitação de eleições nada tem que ver com democracia", disse em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP). "Os bielorrussos que vivem no interior do país odeiam este regime não o podem dizer abertamente devido à brutal repressão", assegurou.

Lukashenko acusou em particular as autoridades polacas da eventual utilização de chantagens e ameaças para convencerem altos responsáveis bielorrussos a alterarem a sua obediência.

A polícia bielorrussa já indicou que colocou patrulhas ao longo do país antes da realização das eleições.

Através de uma declaração, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, indicou que o bloco denuncia as "contínuas e insensatas violações de direitos humanos e um nível de repressão sem precedentes nas vésperas das eleições", acrescentando que "os responsáveis devem prestar contas".

A Bielorrússia recusou convidar observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), os únicos representantes internacionais que desde há décadas acompanham as eleições no país eslavo.

O analista político bielorrusso Valery Karbalevich, citado pela AP, considerou que Lukashenko aborda esta eleição como se fosse uma "operação militar".

"É o prosseguimento do conceito de eleição como uma guerra, uma operação militar na qual o líder bielorrusso combate inimigos internos e eternos", disse Karbalevich. "As autoridades na Bielorrússia encaram cada eleição como uma ameaça e um pretexto para reforçar a repressão e o controlo". JM





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