Londres - Quase 800 mercenários sírios recrutados pela Turquia, de grupos de oposição ao Presidente da Síria, Bashar al-Assad, morreram nas guerras da Líbia e de Nagorno-Karabakh, denunciou hoje o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR).
A organização não-governamental (ONG) revelou, em comunicado, que 496 destes mercenários, onde se incluem vários adolescentes, morreram na Líbia, e 293 no conflito no enclave Nagorno-Karabakh.
Várias centenas ficaram feridos ou o contacto com estes foi perdido após terem sido recrutados pelos serviços de inteligência turcos, noticia a agência Efe.
Segundo o SOHR, desde Dezembro de 2019 o Presidente turco, Recep Tayeb Erdogan, decidiu intervir directamente na guerra civil na Líbia para apoiar o Governo de Acordo Nacional (GNA) da Líbia, reconhecido pelas Nações Unidas.
Assim, um total de 18 mil mercenários sírios, incluindo 350 adolescentes, foram transferidos pelo Governo turco para o oeste daquele país.
Destes, um total de 10.750 regressou à Síria depois de cumprirem os seus contratos e receberem os seus vencimentos.
Segundo uma investigação da agência Efe, os rendimentos rondam os 1.500 euros, com um prémio de quatro mil euros por lesões e 10 mil euros para a família em compensação em caso de morte.
A ONG alerta ainda que cerca de 2.500 tunisianos estão entre os combatentes enviados pela Turquia para a Líbia, muitos deles ligados a grupos jihadistas.
E explica que, por outro lado, cerca de quatro mil mercenários sírios, recrutados nas milícias leais ao Presidente Al-Assad, foram transferidos para o conflito pela empresa de segurança militar privada russa 'Grupo Wagner', propriedade de Yevgueni Prighozin, um oligarca próximo do presidente russo, Vladimir Putin.
A Rússia, juntamente com o Egipto, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Jordânia, além da França, apoia o marechal líbio Khalifa Hafter, líder do governo não reconhecido na cidade oriental de Tobrouk e homem forte do país.
A ONG realça ainda que o número de soldados sírios transferidos para o Azerbaijão para a guerra com a Arménia foi de 2.580, dos quais 342 já regressaram "após desistirem de tudo, incluindo os incentivos financeiros".