Moscovo - As autoridades eleitorais de Moscovo rejeitaram hoje a possibilidade de uma recontagem dos votos electrónicos feitos durante as eleições legislativas, após o órgão supervisor das eleições na capital ter anunciado que o iria fazer.
"Após o anúncio dos resultados eleitorais, só um tribunal pode tomar uma decisão sobre uma nova recontagem. Os resultados das eleições em Moscovo já foram publicados, não é possível voltar a contar" os votos, declarou o vice-presidente da comissão eleitoral da capital russa, Dmitri Reut, citado pela agência Interfax.
Hoje, o órgão de supervisão de Moscovo anunciou que faria uma nova recontagem dos votos electrónicos para as eleições da Duma -- câmara baixa do parlamento russo - na capital, na sequência de várias acusações de fraude.
Pouco depois do anúncio, que gerou muita expectativa, o líder da comissão observadora da entidade, Alexei Venediktov, disse que não se tratava de uma "recontagem vinculativa", mas sim de um "comprovativo para confirmar ou descartar suspeitas de uma má contagem".
Venekditov, director da estação de rádio Echo de Moscovo, declarada "agente estrangeiro" pelas autoridades russas pela sua postura crítica em relação ao Kremlin, tinha pedido à comissão central de eleições que guardasse todos os documentos impressos da votação em linha para os comparar com os dados digitais.
Reut declarou que a proposta da entidade supervisora visava "estabelecer de forma independente a veracidade da contagem dos resultados da votação em linha através de uma auditoria".
Entretanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou que a "verificação" dos resultados da votação electrónica em Moscovo reforça o nível de confiança das eleições.
"Isto não é uma recontagem no sentido directo da palavra, é uma espécie de comprovativo que não só não prejudica, como aumenta o nível de confiança nos resultados eleitorais", apontou.
O representante da presidência russa afirmou que se trata de uma demonstração de "total transparência" e que o Kremlin considera a votação electrónica "segura, cómoda e rápida".
As principais acusações de fraude ligadas à votação electrónica foram feitas pelo Partido Comunista da Rússia, que viu cair consideravelmente os seus resultados em Moscovo.
O resultado do voto electrónico na capital russa demorou várias horas a ser tornado público, levantando suspeitas de fraude.
O partido do Kremlin, o Rússia Unida, manteve a sua maioria constitucional na câmara baixa do parlamento russo e ganhou todos os círculos eleitorais moscovitas.