Conflito Israel/Hamas

     Mundo           
  • Luanda     Terça, 12 Dezembro De 2023    19h42  

A embaixadora de Israel junto da ONU em Genebra, Meirav Eilon Shahar, garantiu hoje que a ajuda humanitária em Gaza aumentará a partir desta terça-feira com abertura de um segundo posto de controlo em Kerem Shalom, situado perto da fronteira entre israelita, o sul de Gaza e o Egipto.

  

Conflito Israel/Hamas

Embaixadora anuncia abertura de 2.ª entrada de ajuda humanitária a Gaza

"Esta manhã abrimos esse controlo, são necessários controlos de segurança para garantir que só entra comida, medicamentos e água" em Gaza, sublinhou a embaixadora em declarações aos jornalistas, durante uma cerimónia de comemoração do 75.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Nas últimas semanas, as Nações Unidas negociaram com Israel a abertura, em Kerem Shalom, de um segundo ponto de entrada de ajuda humanitária a Gaza, depois de quase dois meses em que apenas funcionou o de Rafah, entre o Egipto e a Faixa de Gaza.

A embaixadora fez estas declarações sobre a ajuda humanitária a Gaza depois de criticar a intervenção no evento comemorativo da ONU do ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano, Riad al Maliki.

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 07 de Outubro, quando grupo islamita atacou, de surpresa e com uma força inédita, o território israelita, matando, segundo as autoridades de Telavive, 1.200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel tem bombardeado Gaza e bloqueou a entrada de bens essenciais como água, medicamentos e combustível.DSC

Hamas apela à ANP para se juntar à "resistência armada"

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) apelou hoje à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) para que rejeite os Acordos de Oslo de 1993 e passe à "resistência armada" na Faixa de Gaza.

O apelo do Hamas foi feito após o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter afirmado que as tropas israelitas estão a preparar-se para uma possível operação em grande escala na Cisjordânia.

O Hamas sublinhou que as declarações de Netanyahu mostram que Israel "não está interessado num acordo político e quer consolidar a ocupação, especialmente sobre Jerusalém e a Mesquita de al-Aqsa", segundo reporta a al-Jazeera.

O Hamas apelou à ANP para que rejeite os Acordos de Oslo, assinados em 1993 pelo governo de Yitzhak Rabin e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), bem como os acordos de segurança conjuntos, e "faça a transição para a resistência armada".

Por seu lado, o porta-voz da presidência da ANP, Nabil Abu Rudeina, afirmou que as declarações de Netanyahu são um sinal claro das intenções "premeditadas" de Israel de deslocar o conflito para a Cisjordânia quando atingir os seus objectivos na Faixa de Gaza.

Rudeina denunciou ainda a intenção de Netanyahu de impor o controlo militar israelita sobre Gaza, uma vez terminada a sua ofensiva, como "um desafio à comunidade internacional", incluindo os Estados Unidos, que censurou, através de um veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um cessar-fogo.

Seis palestinianos morreram na Cisjordânia após ataque com 'drones'

Seis palestinianos foram mortos hoje num ataque com um 'drone' israelita na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, elevando para quase 490 o número total de mortes neste território desde o início do ano.

O Ministério da Saúde palestiniano confirmou esta manhã a morte de quatro jovens em Jenin, e durante a tarde morreram mais dois, um deles menor, devido aos ferimentos sofridos no ataque no bairro de Sibat.

O Exército israelita confirmou a operação em Jenin, após identificar uma "célula terrorista que disparava dispositivos explosivos".

As incursões das forças israelitas e os confrontos com os palestinianos em cidades da Cisjordânia ou bairros de Jerusalém Oriental têm sido repetidas quase diariamente ao longo deste ano, o mais violento na região em quase duas décadas e que se intensificou ainda mais desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas em Gaza em 07 de Outubro.

Desde esta data, 281 palestinianos, incluindo mais de 70 menores, morreram em confrontos com as forças israelitas, mas nove também morreram às mãos de colonos.

Os ataques de 'drones' israelitas na Cisjordânia, como os de hoje, também aumentaram nos últimos meses, tanto em Jenin como noutras cidades da Cisjordânia, como Tulkarem.

Em Julho passado, o Exército utilizou 'drones' numa forte ofensiva militar por terra e ar contra o campo de refugiados de Jenin, que causou a morte de 12 palestinianos e de um soldado israelita.

Jenin tem sido o principal foco da resistência armada palestiniana no norte da Cisjordânia, onde uma milícia formada tem actuado de forma autónoma.

As operações de Israel na cidade registaram um novo pico de mortes em 09 de Novembro, quando uma nova incursão do Exército provocou a morte a 14 palestinianos.

Desde o início de 2023, 489 palestinianos morreram na Cisjordânia em confrontos armados com tropas e agressores israelitas.

A região tem assistido à proliferação de novos grupos armados palestinianos, que realizam cada vez mais ataques e que já provocaram a morte de 41 israelitas, a maioria deles colonos, cinco deles menores.

Os palestinianos detidos ultrapassam os 3.500 desde o início da guerra em Gaza, segundo as autoridades palestinianas, enquanto as forças israelitas dizem ter detido mais de 2.000.

Líderes do Médio Oriente têm poucas respostas para o pós-guerra

Líderes do Médio Oriente reuniram-se hoje no Qatar para debater soluções para o pós-guerra em Gaza, tendo como única certeza oporem-se a enviar tropas para o território palestiniano devastado pela guerra de

A questão palestiniana é muito sensível para os dirigentes do mundo árabe, uma vez que a guerra em curso desde 7 de Outubro desencadeou manifestações maciças em vários países.

No fórum anual de Doha, o Qatar reafirmou que nenhum país árabe enviaria forças armadas para estabilizar a situação após o fim das hostilidades.

"Ninguém na região aceitará enviar tropas para o terreno para se confrontarem com um tanque israelita. Isso é inaceitável", declarou o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahman Al-Thani.

Também manifestou-se contra o envio de uma força internacional para a Faixa de Gaza nas actuais condições.

Os palestinianos estiveram representados na reunião pela Autoridade Palestiniana, que detém o poder na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967. A Faixa de Gaza é desde 2007 controlada pelo Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia (UE) e Israel.

O primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammad Shtayyeh, sustentou no fórum que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) não pode ser erradicado, porque "é parte integrante do mosaico político palestiniano".

A erradicação do Hamas é o objectivo declarado de Israel, que prometeu aniquilar o movimento islamita em retaliação contra o ataque de proporções sem precedentes perpetrado em território israelita a partir de Gaza a 07 de Outubro, que fez 1.200 mortos, na maioria civis, segundo as autoridades israelitas.

Na Faixa de Gaza, os bombardeamentos israelitas fizeram pelo menos 18.412 mortos, de acordo com um balanço hoje divulgado pelo Governo do Hamas, e 1,9 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Se a comunidade internacional não gerir bem o pós-guerra, "vamos encontrar-nos numa situação ainda mais assustadora dentro de um ano ou dois", advertiu o primeiro-ministro palestiniano, Bisher al-Khasawneh.

"Penso que nos últimos 30 anos, tivemos demasiados processos e muito pouca paz", acrescentou.

Expressou a esperança de que a guerra sirva como "sinal de alarme", especialmente porque o conflito ameaça alastrar à região.

Contudo, do fórum de Doha não saiu, até agora, nada de concreto, e países como a Arábia Saudita, o Líbano e o Egipto não estiveram representados ao mais alto nível.

Mas os palestinianos afirmam que é necessária uma resposta muito mais fundamental, uma resposta que leve a sério "um Estado palestiniano independente, soberano e viável", nas palavras de Shtayyeh.

O Qatar, que acolhe no seu território os dirigentes do Hamas, recordou que continua a trabalhar para a instauração de uma nova trégua como a de Novembro, que se traduziu numa pausa de uma semana nos combates, na troca de 110 reféns israelitas por 240 prisioneiros palestinianos e na entrada de ajuda humanitária naquele enclave palestiniano pobre.

Países muçulmanos tentam mobilizar apoio na ONU a cessar-fogo em Gaza

Os países  muçulmanos mobilibilizaram-se para alcaçar um apoio esmagador à resoluçãoque a Assembleia-Geral da ONU votará hoje exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza, após os EUA terem votado a mesma exigência na semana passada no Conselho de Segurança.

Um grupo de embaixadores falou hoje à imprensa em nome da Organização de Cooperação Islâmica (OIC, o maior organismo muçulmano do mundo) e disse estar "em total mobilização" para obter o máximo de apoio possível, segundo o embaixador palestiniano junto às Nações Unidas, Riyad Mansour.

Mansour disse ter expectativas de que desta vez o apoio ao cessar-fogo seja muito maior do que em 26 de outubro, quando 120 países na Assembleia votaram a favor de uma resolução que pedia uma "trégua imediata e duradoura" no enclave. Na ocasião, 14 países (entre eles os Estados Unidos e Israel) votaram contra e 45 abstiveram-se.

O representante palestiniano disse que, desta vez, a linguagem é mais clara  (pede um cessar-fogo imediato), esperando angariar o apoio de quase toda a comunidade internacional, o que servirá para enviar uma mensagem a Washington, em alusão ao apoio inabalável norte-americano a Israel.

Mansour explicou ainda que a resolução que irá hoje a votos é muito breve e limita-se ao cessar-fogo humanitário para não cair na "politização", e alertou que se oporão às tentativas de alguns países de introduzir alterações.

Embora não as tenha citado, referia-se às tentativas dos Estados Unidos e da Áustria de introduzirem alterações condenando explicitamente o Hamas e a sua tomada de reféns em 07 de Outubro, que deverão ser votadas separadamente antes da própria resolução.

Quanto ao facto das resoluções da Assembleia não serem vinculativas, Mansour minimizou-o e disse que o previsível apoio massivo ao texto pressiona Israel a acabar com a guerra.

 Unicef  precisa de 9,3 mil milhões de dólares para situações de emergência

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou um apelo de emergência para a angariação de 9,3 mil milhões de dólares de financiamento para ajuda humanitária a mais de 90 milhões de crianças em todo o mundo.

A maior parte dos fundos (1,44 mil milhões de dólares, correspondente a 1,33 mil milhões de euros) destina-se a crianças no Afeganistão, onde se estima que dois terços da população necessitem de assistência humanitária.

São também necessários 860 milhões de dólares (quase 800 milhões de euros) para ajudar os refugiados sírios, outros 840 milhões de dólares (perto de 780 milhões de euros) para crianças no Sudão, 804 milhões de dólares (744 milhões de euros) para os menores da República Democrática do Congo (RDC) e 580 milhões de dólares (537 milhões de euros) para as crianças ucranianas, tanto internamente como para as que se encontram em situação de refugiadas.

Estes são os cinco maiores pedidos de financiamento da agência da ONU, que lembrou ainda que, em apenas dois meses de guerra na Faixa de Gaza, foram necessários mais de 1,2 mil milhões de dólares (1,1 milhões de euros) para ajuda humanitária, e que existe o risco de terem de ser canalizados financiamentos que já tinham sido destinados a outras situações de emergência.

A Unicef alertou também para o facto dos programas de ajuda no Sudão, Burkina Faso, RDC, Birmânia (Myanmar), Haiti, Etiópia, Iémen, Somália, Sudão do Sul e Bangladesh estarem sub-financiados.

Em comunicado, a agência da ONU detalhou todas as medidas que espera financiar com a ajuda solicitada, incluindo a vacinação contra o sarampo, a luta contra a falta de alimentos, o acesso à educação básica, à água potável e à possibilidade de se criarem mecanismos de denúncia de abusos sexuais.

"Milhões de crianças continuam presas em crises humanitárias cada vez maiores e mais complexas", afirmou a directora executiva da Unicef, Catherine Russell, frisando que as crianças "não podem pagar o futuro com a própria vida".AM/DSC





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