Paris - O ministro do Interior francês, Gérarld Darmanin, indicou hoje que 95 pessoas foram detidas e 67 elementos das forças de segurança ficaram feridos na sequência das manifestações ocorridas no sábado no país contra um controverso projecto-lei sobre "segurança global".
Os protestos, nomeadamente na capital francesa, Paris, degeneraram em incidentes violentos, com o registo de carros incendiados, fachadas e montras de estabelecimentos vandalizadas e mobiliário urbano destruído.
O ministro do Interior francês acusou ativistas radicais de terem fomentado tais tumultos.
Só em Paris, segundo precisou Gérarld Darmanin na sua conta na rede social Twitter, 48 polícias e agentes ficaram feridos, bem como um bombeiro.
Também na capital francesa, 25 pessoas, incluindo dois menores, foram detidas, referiu o ministro, acrescentando que as restantes detenções foram efetuadas em outras manifestações que ocorreram em cerca de 100 cidades francesas.
O protesto em Paris ficou igualmente marcado por confrontos entre ativistas radicais e elementos policiais e pelo arremesso de projéteis contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogéneo.
Aprovado no passado dia 24 de novembro pelos deputados da Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês), o projecto-lei sobre "segurança global" visa expandir alguns poderes e fornecer uma maior proteção às forças de ordem pública.
Entre outros aspectos, o texto adotado em novembro prevê um controlo da gravação e da divulgação indevida (com possível punição) de imagens relacionadas com as forças de ordem pública, algo que foi classificado por várias vertentes da sociedade francesa como um ataque à liberdade de imprensa e de expressão.
Na passada quarta-feira, o Governo francês admitiu rever este artigo específico do projecto-lei, mas os organizadores das manifestações de sábado consideraram isso como insuficiente e mantiveram os protestos para exigir a retirada total do novo diploma que qualificam como liberticida.
Na sexta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, assegurou que na nova formulação do projecto-lei não será proibido gravar e divulgar imagens de elementos das forças policiais, negando ainda que o novo diploma constitua um ataque às liberdades fundamentais.
A polémica em redor deste diploma surge num momento em que o país tem sido abalado por alguns casos de violência policial, como foi o caso da recente situação que envolveu um produtor de música negro espancado por polícias à entrada de um estúdio em Paris.