Belfast - Mais de 100 mil funcionários públicos da Irlanda do Norte iniciaram hoje uma greve em protesto contra condições salariais.
Observam ainda a greve os professores, enfermeiros e condutores de autocarros, uma consequência do impasse político.
A acção coordenada entre 16 sindicatos é descrita como a maior greve dos últimos 50 anos na província britânica.
Os trabalhadores do sector público protestam contra os salários, que dizem, são piores do que os dos seus colegas do resto do país.
Prevê-se que a greve de 24 horas provoque, entre outras perturbações, o cancelamento de serviços de autocarros e comboios, o encerramento de escolas e afectar significativamente o funcionamento dos serviços de saúde.
Os grupos sindicais planearam uma série de manifestações e marchas de protesto em cidades e vilas como Belfast, Londonderry, Omagh e Enniskillen para este dia.
Neste contexto, as autoridades sanitárias aconselharam as pessoas a serem prudentes, a fim de reduzir a probabilidade de necessitarem de tratamento médico, tendo em conta a "redução significativa dos serviços de saúde".
As greves ocorridas nos últimos meses na Irlanda do Norte em vários sectores públicos, como a educação, a saúde e os transportes, são o resultado de uma intensificação de conflitos salariais e também do impasse político.
Desde 2022 que a região está sem um governo autónomo em funções devido ao boicote do Partido Democrata Unionista (DUP) que recusa viabilizar um executivo por discordar com os termos do acordo do 'Brexit'.
O partido pró-britânico e segundo maior da Irlanda do Norte voltou a bloquear quarta-feira o regresso das instituições políticas regionais, a sétima vez em dois anos, ao impedir a nomeação de um presidente da assembleia regional.
A região é gerida interinamente pelo Executivo britânico sediado em Londres, mas o ministro para a Irlanda do Norte, Chris Heaton-Harris condicionou um novo pacote financeiro de 3,3 mil milhões de libras (3,84 mil milhões de euros) ao regresso do DUP.
"A remuneração do sector público na Irlanda do Norte é uma matéria descentralizada. Trata-se de um assunto que diz respeito aos políticos eleitos localmente", insistiu.
O ministro deu um prazo até à meia-noite de hoje para se chegar a um acordo, caso contrário poderá ser obrigado a convocar novas eleições regionais, que o DUP perdeu para os pró-irlandeses Sinn Féin em 2022 pela primeira vez na história da região. GAR