Bagdá - O Conselho de Ministros do Iraque decidiu hoje adiar as eleições antecipadas para 10 de Outubro depois de a Comissão Eleitoral ter alertado sobre a falta de garantias de uma votação integral, justa e imparcial.
As eleições antecipadas no Iraque estavam agendadas para o próximo dia 06 de Junho.
Hoje, através de um comunicado, o gabinete do primeiro-ministro, anunciou que o governo votou "por unanimidade" a marcação das eleições para o dia 10 de Outubro.
A posição foi comunicada após uma reunião extraordinária com membros da Alta Comissão Eleitoral Independente, o órgão de supervisão do processo democrático no país.
"A decisão foi tomada após o estudo de uma proposta da Comissão Eleitoral ao Conselho de Ministros que incluiu importantes razões técnicas que garantem a integridade das eleições e a igualdade de oportunidades para que todos possam concorrer de forma livre e justa", refere a mesma nota.
Inicialmente, a eleição antecipada tinha sido convocada para o dia 06 de Junho, após as manifestações que se registaram em todo o país desde Outubro de 2019 e que exigiram melhores serviços públicos, o fim da corrupção e medidas contra o "sectarismo endémico" no sistema político do Iraque.
O adiamento foi decidido depois de nos últimos meses vários líderes políticos e a própria Comissão Eleitoral terem alertado de que a realização das eleições em Junho seria inviável por motivos "técnicos" que impediriam que fossem justas e transparentes.
A Comissão Eleitoral enviou na segunda-feira uma carta ao governo do primeiro-ministro Mustafa al Kazemi para pedir formalmente o adiamento alegando que poucos partidos políticos se tinham inscrito nas listas eleitorais e o prazo para a apresentação de candidaturas já tinha terminado.
Apesar de o Presidente iraquiano, Barham Saleh, ter ratificado em Novembro de 2020 uma nova lei eleitoral - que modifica as circunstâncias eleitorais e proíbe os partidos a apresentarem listas conjuntas a nível distrital.
Mesmo assim, o Parlamento tem ainda de aprovar uma série de leis para garantir a integridade dos processos eleitorais nomeadamente a lei de formação do Colégio Federal, o único órgão com autoridade para validar os resultados e que ainda não tinha sido aprovada devido a diferenças políticas.
As divergências que marcam o sistema legislativo iraquiano são provocadas pelas posições das dezenas de partidos xiitas, sunitas, curdos e de minorias como os cristãos.
Desde que Al Kazemi convocou eleições antecipadas várias organizações como a missão das Nações Unidas no Iraque (UNAMI) apelaram às autoridades do país para que fossem aprovadas as leis necessárias para garantir eficazmente eleições justas e transparentes.
A realização de eleições foi uma das primeiras promessas de Al Kazemi que assumiu o cargo depois do antecessor, Abdel Abdelmahid, se ter demitido em Novembro de 2019 durante as violentas manifestações de protesto em que morreram cerca de 600 pessoas, vítimas da repressão policial.