Nova Iorque - O Governo e a oposição síria impediram o acesso imediato da ajuda humanitária nas áreas devastadas no país pelos terramotos de seis de Fevereiro, denunciou hoje a Missão de Investigação das Nações Unidas para a Síria.
"O Governo sírio levou uma semana para permitir a chegada da ajuda humanitária através da fronteira. Tanto o Governo como os rebeldes do Exército Livre da Síria impediram que a ajuda chegasse às comunidades afectadas", declarou a comissão de três especialistas, presidida pelo brasileiro Paulo Pinheiro.
Da mesma forma, o grupo 'jihadista' Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o antigo ramo sírio da rede Al-Qaida que opera no noroeste da Síria, região muito atingido pelos terramotos, rejeitou o envio de ajuda de Damasco, disseram os especialistas.
"Houve um grande fracasso por parte do Governo sírio, mas também da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, em levar ajuda vital aos sírios que estavam numa situação desesperada", concluiu o Pinheiro, numa conferência de imprensa.
"O conflito não só não cessou durante o terramoto, como os ataques continuaram", acrescentou Pinheiro, sublinhando os ataques recentes realizados pelo exército israelita contra o aeroporto internacional de Aleppo e outras zonas próximas.
A missão também censurou todas as partes pela sua falta de vontade de buscar uma pausa imediata nas hostilidades para ajudar as vítimas, levando "a população síria a sentir-se abandonada nos momentos de maior desespero".
O chefe da missão exigiu que essas negligências sejam investigadas e os responsáveis também responsabilizados.
Os especialistas lançaram estas denúncias na apresentação de um novo relatório sobre violações de direitos humanos no conflito sírio, que está prestes a completar 12 anos.
O novo documento, que será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em 21 de Março, foca-se especialmente nos abusos denunciados nos últimos seis meses.