Istambul - Os países membros da Interpol estão a pedir às nações que exortem os fornecedores locais de criptografia online a "assumir a responsabilidade" e a projectar produtos com o objectivo de proteger as crianças contra abusos, disse quarta-feira, 24, o órgão internacional.
Uma resolução adoptada na Assembleia Geral anual da Interpol, em Istambul (Trquia), também pede que os países membros aprovem leis que permitam a aplicação da lei local para prevenir e responder a casos de abuso sexual infantil online, usando a tecnologia.
A resolução foi hoje aprovada, no segundo de três dias dia da reunião, de acordo com um comunicado da Interpol.
"Por meio da resolução, os países membros expressaram a sua preocupação com o aumento do uso de criptografia ponta-a-ponta para ocultar crimes on-line ilícitos contra crianças, como aliciamento, transmissão ao vivo de abuso sexual e distribuição de material de abuso sexual infantil", revelou a Interpol.
A resolução foi amplamente defendida pelos delegados, pode ler-se no comunicado, entre os cerca de 470 chefes de polícia, ministros e outros representantes de mais de 160 países que participam na reunião.
"Este problema é frequentemente apresentado como um jogo de soma zero, privacidade versus protecção infantil, mas ambos podem ser protegidos", disse o secretário-geral da Interpol, Juergen Stock,
"Com a segurança desde o design, os fornecedores de serviços podem cumprir as obrigações de privacidade e também garantir que as novas tecnologias não custem a segurança das crianças", frisou Stock.
A Interpol disse que a tecnologia de criptografia de ponta-a-ponta impede que os fornecedores de serviços "detectem o abuso sexual infantil e cumpram as solicitações legais das autoridades que procuram investigar os casos, prender os infractores e remover as crianças vítimas do perigo".
O órgão policial está programado para realizar na quinta-feira uma eleição para uma nova direcção.
O primeiro presidente chinês do órgão de policiamento internacional, Meng Hongwei, desapareceu a o meio do seu mandato de quatro anos, numa viagem à China, em 2018.
Posteriormente, descobriu-se que ele tinha sido detido, acusado de suborno e outros alegados, tendo então a Interpol anunciado que Meng havia renunciado à presidência.
Um vice-presidente do organismo, Kim Jong Yan, da Coreia do Sul, foi eleito como substituto para cumprir o resto do mandato de Meng.
A eleição é motivo de polémica porque representantes da China e dos Emirados Árabes Unidos estão a concorrer a cargos importantes, isto porque os críticos afirmam que, se esses candidatos vencerem, os seus países usarão o alcance global da Interpol para prender dissidentes exilados e, até mesmo, opositores políticos, em casa, em vez de 'caçar' traficantes de drogas, traficantes de seres humanos, suspeitos de crimes de guerra e supostos extremistas.
Alguns grupos de direitos humanos também acusaram o candidato dos Emirados Árabes Unidos de envolvimento em tortura e detenções arbitrárias.