Lima - A Justiça peruana proibiu na sexta-feira o ex-presidente Martín Vizcarra de deixar o país no prazo de 18 meses, sob denúncias de que teria recebido propina para autorizar obras públicas quando era governador de Moquegua (sul), em 2014.
A destituição de Vizcarra e a posse de Manuel Merino, o chefe parlamentar que assumiu a Presidência do país na terça-feira, desencadearam manifestações massivas em Lima e outras cidades, com saldo de uma dúzia de feridos pela repressão policial, condenada por organizações de direitos humanos.
"Determina-se o impedimento de saída do país contra o investigado Martín Vizcarra; a medida terá a duração de 18 meses", anunciou a juíza María Álvarez em audiência judicial a pedido da procuradoria, que investiga as denúncias de que o ex-presidente recebeu 600 mil dólares em propina para dar luz verde a obras públicas quando era governador.
"Já falamos que ficaremos no país", afirmou aos jornalistas Vizcarra, que nega as acusações e questiona a legitimidade do governo de Merino. "Temos a verdade que nos respalda".
O Congresso destituiu Vizcarra por "incapacidade moral" na segunda-feira, no encerramento de um segundo julgamento político contra o agora ex-presidente em menos de dois meses.
Desde terça-feira, milhares de pessoas foram às ruas de Lima e outras cidades em defesa do político sem partido ou bancada no Congresso, mas bastante popular, e para protestar contra a posse de Merino.
Durante uma nova manifestação na quinta-feira, um grupo de pessoas que tentou chegar ao Congresso enfrentou com pedras e pedaços de pau a polícia, que dispersou a multidão com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Após os incidentes, oito pessoas foram presas e uma dezena ficou ferida.
A indignação seguia viva nesta sexta-feira, quando centenas de jovens marcharam desafiadoramente até a residência do primeiro-ministro, Antero Flores-Aráoz, em Lima, mas acabaram impedidos de continuar por um bloqueio policial.