Washington - O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, vai deslocar-se à Flórida esta semana para se reunir com Donald Trump, quando os seus correligionários ameaçam destituí-lo, anunciou hoje a Lusa.
Johnson ofereceu inclusive à republicana Marjorie Taylor Greene, de extrema-direita, um lugar na sua equipa especial de conselheiros, à medida que se aproxima do grupo de apoiantes do antigo presidente, que agora dominam o Partido Republicano.
A decisão repentina foi tomada na quarta-feira, quando a Câmara dos Representantes atingiu um impasse e caiu, outra vez, em uma situação de caos.
Os republicanos na Câmara voltaram a separar-se outra vez, incapazes de trabalhar em conjunto para avançar com as suas prioridades e verem a sua maioria passar os dias sem uma agenda de união nem muito para mostrar ao fim de 15 meses no poder parlamentar.
Johnson foi incapaz de fazer aprovar uma proposta de vigilância, da área da segurança nacional, rejeitada pela sua maioria republicana, depois de Trump ter pressionado os congressistas a votarem contra.
Mas, ao mesmo tempo, Johnson foi avisado para não se associar aos democratas nesta proposta ou em outras, incluindo a relativa à ajuda para a Ucrânia, sob pena de ver Greene apelar à realização de eleições antecipadas que podem levar ao afastamento de Johnson do cargo de presidente da Câmara dos Representantes.
Tudo isto deixa Johnson, apenas ao fim de seis meses no cargo, em posição similar à de Kevin McCarthy, o anterior presidente da Câmara dos Representantes que foi destituído sem cerimónias no último Outono, o que aconteceu pela primeira vez.
"Vamos reunir e considerar os próximos passos", disse Johnson aos jornalistas, depois de convocar um encontro inesperado dos republicanos nas instalações do Capitólio.
Na sexta-feira, Trump e Johnson vão aparecer numa conferência de imprensa sobre "a integridade das eleições", em Mar-a-Lago, segundo um dirigente da campanha eleitoral de Trump.
É esperado que façam uma "declaração conjunta", avançou outra fonte envolvida no assunto.
Outrora céptico de Trump, Johnson tornou-se um apoiante fervoroso. Conduziu mesmo uma das principais contestações judiciais ao resultado da eleição presidencial de 2020 no seguimento do ataque ao Capitólio, em 06 de Janeiro de 2021, por uma multidão de apoiantes de Trump, que tentaram impedir a certificação da vitória do democrata Joe Biden.
A questão da integridade das eleições tem sido um tema obsessivo de Trump desde que perdeu a eleição de 2020, mesmo que esta tenha sido segura e que todos os Estados da União tenham certificado os resultados verificados na sua jurisdição, que foram enviados para o Congresso no dia do cerco ao Capitólio. CNB/CS