Ancara - A polícia de Ancara deteve a presidente da Associação Turca dos Médicos (ATM) após esta ter solicitado uma investigação às alegações de que os militares turcos usaram armas químicas contra militantes curdos no norte do Iraque, foi hoje anunciado pela agência Reuters.
Segundo reporta a imprensa turca, que cita a Procuradoria de Ancara, Sebnem Korur Fincanti, 63 anos, foi detida sob a acusação de disseminar "propaganda terrorista" como parte de uma investigação iniciada pela polícia anti-terrorismo,
Fincanci, uma especialista forense, passou grande parte da carreira a documentar torturas e maus-tratos no país e é uma das principais activistas de direitos humanos na Turquia.
O jornal turco Birgun e outros meios de comunicação locais reportaram que Fincanti, que é também presidente da Fundação de Direitos Humanos da Turquia, foi presa pela pela polícia na sua residência em Istambul.
Ela estava a ser transportada para Ancara para ser interrogada pelas autoridades judiciais.
Na semana passada, as autoridades turcas rejeitaram categoricamente as alegações de militantes curdos, de que, o exército usou armas químicas contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, insistindo que os soldados aí estacionados não têm essas armas no inventário.
Em comentários a um meio de comunicação pró-curdo, Fincanci disse ter observado um vídeo em que se pretende demonstrar o uso de armas químicas, razão pela qual pediu uma "investigação efectiva".
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Sebnem Fincanci de caluniar as forças armadas da Turquia e de insultar o país "ao utilizar a linguagem da organização terrorista".
Erdogan prometeu tomar medidas para "fazer uma limpeza" na ATM e em outras organizações profissionais "apoiantes de movimentos terroristas".
A detenção da médica ocorreu um dia depois de a polícia ter efectuado rusgas em várias cidades turcas, em que deteve 11 jornalistas que trabalham para a imprensa pró-curda.
A polícia disse que os jornalistas foram detidos por notícias e outros conteúdos "que incitam o público ao ódio e à inimizade" e acusou os meios de comunicação social de ter ligações com o PKK, que lidera uma insurgência armada contra o Estado turco desde 1984.
O grupo é considerado uma organização terrorista na Turquia, Europa e Estados Unidos.