Teerão - A iraniana vencedora do Prémio Nobel da Paz deste ano, Narges Mohammadi, foi hoje transportada para um hospital para ser submetida a exames médicos, dois dias depois de ter iniciado uma greve de fome por falta de cuidados hospitalares.
"Narges Mohammadi foi enviada para um hospital fora da prisão depois de se ter comprovado o seu [mau] estado de saúde", informou a Direção-Geral das Prisões do Irão, citada pelo jornal iraniano Shargh.
"Devido à ausência de problemas graves, a prisioneira foi enviada de volta à prisão para continuar a sua pena", acrescentaram os serviços prisionais.
Os activistas iranianos Alireza Khoshpat e Alieh Motalebzadeh confirmaram na rede social X (antigo Twitter) que Mohammadi foi levada ao hospital.
Mohammadi, que sofreu um ataque cardíaco em 2022, iniciou uma greve de fome na segunda-feira para protestar contra a falta de cuidados médicos nas prisões e a obrigatoriedade do uso do véu islâmico no país.
As autoridades iranianas negaram há duas semanas levar Mohammadi a um hospital para exames pulmonares e cardíacos porque ela se recusar a usar um véu islâmico ('hijab').
O Comité Norueguês do Nobel atribuiu no mês passado o prestigiado prémio a Mohammadi "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos".
O Governo iraniano considerou a atribuição do prémio à activista como "um ato político" e uma medida de "pressão" do Ocidente.
Mohammadi cumpre actualmente uma pena de 10 anos de prisão por "espalhar propaganda contra o Estado", mas tem entrado e saído de várias prisões iranianas nos últimos anos.
O seu ativismo custou-lhe 13 detenções, cinco penas no total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.
A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e passou longos períodos em confinamento solitário.DSC