Número de deslocados por guerras e crises duplicou em 10 anos, diz ONU

     Mundo           
  • Luanda     Sexta, 18 Junho De 2021    20h54  

Genebra - O número de pessoas deslocadas por conflitos e crises no mundo duplicou em 10 anos e alcançou o número recorde de 82,4 milhões, com Síria e Venezuela como os países mais afectados, anunciou hoje a ONU.

Quando consideradas as situações de deslocamento internacional, a Síria ocupa o primeiro lugar a nível mundial, com 6,7 milhões de cidadãos que foram obrigados a abandonar as suas casas, seguida pela Venezuela, com 4 milhões (3,9 milhões sem estatuto de refugiados e quase 170.000 com o estatuto), destaca o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

O documento destaca que o número de refugiados, de pessoas deslocadas dentro do próprio país e de solicitantes de asilo alcançou 82,4 milhões em 2020, 4% a mais que os 79,5 milhões registados em 2019, que já significavam um recorde.

De acordo com o relatório, 2020 foi o nono ano consecutivo de aumento do número de deslocamentos forçados no mundo.

Como nos anos anteriores, os venezuelanos representaram o segundo maior grupo de população deslocada a nível internacional. Aos quase 171.800 refugiados registados somam-se os mais de 3,9 milhões de deslocados que não tinham o estatuto.

Atrás da Síria e da Venezuela aparecem Afeganistão (2,6 milhões), Sudão do Sul (2,2 milhões) e Mianmar (1,1 milhões).

Durante a pandemia, "tudo foi paralisado, inclusive a economia, mas as guerras, os conflitos, a violência, as discriminações e as perseguições - todos factores que forçam as pessoas a fugir - continuaram", declarou à AFP o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.

Actualmente, 01% da humanidade está deslocada, e há o dobro de "pessoas desarraigadas" na comparação com a década passada, quando o número total era próximo de 40 milhões, ressalta o ACNUR.

"Mas o grande salto diz respeito ao número de pessoas deslocadas dentro do próprio país, que alcançou 48 milhões, um número sem precedentes", destacou Grandi durante a apresentação do relatório.

No fim de 2020, a Colômbia prosseguia como o país com o maior número de deslocados internos, 8,3 milhões de pessoas, afirma o documento, que usa como base os dados governamentais.

A crise neste país e em outros como Etiópia, Sudão, Moçambique, Iémen, Afeganistão e a região do Sahel, o número de deslocados internos registou aumento de mais de 2,3 milhões no ano passado.

O informe também aponta que, durante o pico da pandemia de covid-19 em 2020, mais de 160 países fecharam as suas fronteiras, e 99 deles não admitiram nenhuma excepção para atender as pessoas que procuravam protecção.

Depois, recorrendo a medidas como exames médicos na fronteira, certificados de saúde, ou a instauração de quarentenas à chegada, ou simplificando alguns procedimentos e com entrevistas a distância, cada vez mais países encontraram um modo de garantir o acesso aos procedimentos de asilo, apesar da pandemia.

Neste sentido, o governo da Colômbia, um país que recebeu 1,7 milhões de deslocados no ano passado, anunciou em Fevereiro de 2021 que concederia o estatuto de proteção temporária a mais de um milhão de venezuelanos.

Pela primeira vez em cinco anos, porém, o número de venezuelanos na Colômbia registou uma queda, depois que 124.600 regressaram ao seu país, devido às dificuldades económicas provocadas pela pandemia.

De acordo com os números da ONU, a Colômbia foi o segundo país do mundo que mais recebeu população refugiada (7% do total), atrás apenas da Turquia (3,7 milhões) e à frente do Paquistão (1,4 milhões), Uganda (1,4 milhões) e Alemanha (1,2 milhões).

No total, 42% de todas as pessoas deslocadas são jovens com menos de 18 anos. De acordo com as estimativas do ACNUR, quase um milhão de crianças nasceram como refugiados entre 2018 e 2020.

"A tragédia de tantos meninos e meninas nascidos no exílio deveria ser razão suficiente para maximizar os esforços para prevenir e acabar com os conflitos e a violência", afirmou Filippo Grandi.

Em 2020, quase 3,2 milhões de deslocados internos e apenas 251.000 refugiados conseguiram regressar à casa, respectivamente 40% e 21% a menos que em 2019.

O reassentamento de refugiados também registou uma queda drástica. Apenas 34.400 refugiados foram reinstalados no ano passado, o menor nível em 20 anos, devido ao número limitado de vagas e à pandemia, segundo o ACNUR.

"As soluções exigem que os líderes mundiais e aquelas pessoas com capacidade de influência deixem as suas divergências de lado, acabem com as abordagens políticas egoístas e, em troca, se concentrem em prevenir e resolver os conflitos e garantir o respeito pelos direitos humanos", declarou Grandi.





Fotos em destaque

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

Sábado, 20 Abril De 2024   12h56

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Sábado, 20 Abril De 2024   12h48

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Sábado, 20 Abril De 2024   12h44

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Sábado, 20 Abril De 2024   12h41

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Sábado, 20 Abril De 2024   12h23

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Sábado, 20 Abril De 2024   12h19

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Sábado, 20 Abril De 2024   12h16

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Sábado, 20 Abril De 2024   12h10

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Sábado, 20 Abril De 2024   12h05

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Sábado, 20 Abril De 2024   11h58


+