Nova Iorque - O sub- secretário-geral da ONU para assuntos humanitários, Mark Lowcock, alocou hoje 100 milhões de dólares (84 milhões de euros) para apoiar sete países, incluindo a Etiópia, que receberá um quinto deste valor, para evitar o agravamento da fome.
"Ninguém deve considerar que uma situação de fome seja um efeito colateral inevitável desta pandemia [de covid-19]", afirmou Lowcock, citado por uma nota hoje divulgada.
Para o sub-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para os assuntos humanitários, "se isto acontecer, é porque o mundo permitiu que isso acontecesse", disse, acrescentando que a fome "pode ser prevenida".
"Mas temos de agir a tempo para fazer uma diferença. Por agora, mais fundos para as operações de ajuda é a forma mais rápida e eficaz de apoiar os esforços contra a prevenção da fome", sublinhou o responsável.
Uma importante fatia do valor será atribuída à Etiópia, que receberá 20 milhões de dólares (16,8 milhões de euros) para "acção de antecipação da insegurança alimentar e de seca" no país, refere o comunicado.
"Os já altos níveis de insegurança alimentar deverão ser exacerbados pela chuva abaixo da média, agitação civil, aumento da insegurança, pragas de gafanhotos e pelos efeitos económicos da pandemia de covid-19, que inclui uma diminuição dos rendimentos e uma crescente inflação", destacou o documento.
Além da Etiópia, serão também abrangidos por este fundo Afeganistão (15 milhões de dólares), Burkina Faso (seis milhões de dólares), República Democrática do Congo (sete milhões de dólares), o nordeste da Nigéria (15 milhões de dólares), Sudão do Sul (sete milhões de dólares) e Iémen (30 milhões de dólares).
"A fome resulta em mortes agonizantes e humilhantes. Alimentam o conflito e a guerra, espoletam deslocações em massa. O seu impacto num país é devastador e duradouro", referiu Lowcock.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou em quatro de Novembro uma operação militar na região de Tigray, após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
As autoridades do Tigray dispararam no sábado foguetes contra a capital fronteiriça da Eritreia, que acusam de estar a ajudar o Exército federal etíope na sua ofensiva, uma escalada que poderá agravar e internacionalizar o conflito.
Desde então, a ONU estima que mais de 27.000 pessoas tenham atravessado a fronteira da Etiópia para o Sudão.
Já a pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.328.048 mortos resultantes de mais de 55 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo o balanço mais recente da agência francesa AFP.
As medidas para combater a covid-19 paralisaram sectores inteiros da economia mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a pandemia reverterá os progressos feitos desde os anos de 1990, em termos de pobreza, e aumentará a desigualdade.