PM indiano nega tendências autocráticas e critica oposição

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  • Luanda     Segunda, 29 Abril De 2024    12h32  
Narendra Modi, Primeiro-ministro da Índia
Narendra Modi, Primeiro-ministro da Índia
Pedro Parente

Nova Déli - O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que pretende alcançar o terceiro mandato nas eleições gerais, nega tendências autocráticas e acusa a oposição de difamar a Índia, anuncia hoje a Reuters.

"A oposição não consegue chegar ao poder e, por isso, começa a difamar a Índia na cena internacional", afirma numa entrevista ao diário de língua inglesa Times of India publicada hoje.

Segundo o PM, a oposição "estão a espalhar calúnias sobre o nosso povo, a nossa democracia e as nossas instituições".

Modi, 73 anos, mantém os níveis de popularidade após dois mandatos, durante os quais a Índia aumentou a influência diplomática e peso económico.

Os analistas políticos apontam como provável a vitória nas eleições gerais, que vão decorrer durante vários dias até ao dia 01 de Junho.

O Primeiro-ministro conseguiu para o partido Bharatiya Janata (BJP), nacionalista hindu, duas vitórias em 2014 e 2019, usando argumentos religiosos junto do eleitorado hindu.

"A Índia não se vai transformar numa autocracia eleitoral porque o 'Yuvraj' (príncipe herdeiro) não pode chegar automaticamente ao poder", diz Modi na entrevista.

Numa referência irónica a Rahul Gandhi, 53 anos, líder do Congresso, o principal partido da oposição e descendente de uma dinastia de primeiros-ministros indianos.

A oposição e os defensores dos direitos humanos denunciam retrocessos na democracia e criticam os apelos de Modi à fé religiosa maioritária da Índia (hindu), em detrimento das grandes minorias, incluindo os 210 milhões de muçulmanos indianos.

O governo de Modi é também acusado de utilizar o sistema judicial para neutralizar alguns dos dirigentes da oposição.

Desde que Modi chegou ao poder, em 2014, a Índia desceu 21 lugares no índice mundial de liberdade de imprensa elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), passando a ocupar o 161º lugar entre 180 países.

A afluência às urnas nas eleições gerais tem sido, até ao momento, inferior à registada em 2019.

Os meios de comunicação social indianos atribuem este facto às temperaturas muito elevadas.

Os analistas consultados pela agência France Presse acreditam que a vitória do partido de Modi, que parecia garantida, também pode estar a desmotivar os eleitores.

De acordo com o Times of India, Modi está certo de que o BJP e aliados vão ganhar mais de 400 dos 543 lugares no Parlamento indiano.

"Onde quer que eu vá, recebo amor, afecto e apoio sem precedentes", afirma ainda o primeiro-ministro. 

Entretanto, o principal partido da oposição da Índia, o Congresso, acusou o primeiro-ministro Narendra Modi de usar discurso de ódio depois de ter chamado aos muçulmanos "infiltrados", dias depois do início das eleições gerais, que decorrem até Junho.

No comício de domingo, no estado do Rajastão, Modi, nacionalista hindu, afirmou que quando o Partido do Congresso estava no governo "disseram que os muçulmanos tinham primazia sobre os recursos do país", pelo que se a oposição regressar ao governo vai reunir as riquezas da população e "distribuí-las por aqueles que têm mais filhos".

Segundo ele, "vai distribuí-lo pelos infiltrados", continuou, perguntando à multidão que aplaudia o discurso: "Acham que o vosso dinheiro ganho arduamente deve ser dado aos infiltrados?".

As declarações referiam-se quando em 2006 o então primeiro-ministro Manmohan Singh, do Partido do Congresso, defendeu que as castas mais baixas, as tribos, as mulheres e, "em particular, a minoria muçulmana" deveriam ter o poder de partilhar igualmente o desenvolvimento do país.

"Eles devem ser os primeiros a reclamar os recursos", afirmou Singh. Um dia depois, o gabinete esclareceu que as declarações se referiam a todos os grupos desfavorecidos.

Agora, o presidente do partido do Congresso, Mallikarjun Kharge, descreveu os comentários como "discurso de ódio".

Na história da Índia, nenhum primeiro-ministro rebaixou tanto a dignidade do seu cargo como Modi", escreveu Kharge na rede social X (antigo Twitter).

As palavras do chefe de Governo, que procura o terceiro mandato, foram recebidas por fortes críticas ao terem como alvo os muçulmanos e por terem violado as regras eleitorais, que proíbem os candidatos de se envolverem em qualquer actividade que agrave as tensões religiosas.

Sem ser juridicamente vinculativo, o código de conduta da Comissão Eleitoral da Índia proíbe os candidatos de "apelar a sentimentos de casta ou comunais" para obter votos e pode originar avisos e suspensões. Citado pela imprensa local, um porta-voz da comissão recusou comentar o caso.

Os críticos de Modi têm referido que a tradição de diversidade e secularismo da Índia está a ser atacada desde que o Partido Popular Indiano (Bharatiya Janata Party, BJP) subiu ao poder, em 2014.

O BJP é acusado de fomentar a intolerância religiosa e, por vezes, até a violência, o que o partido nega, afirmando que as suas políticas beneficiam todos os indianos.

Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que os ataques contra as minorias se tornaram mais despudorados com Modi, com muçulmanos a serem linchados por multidões sob a alegação de comerem ou contrabandearem vacas, um animal considerado sagrado na religião hindu.

As empresas muçulmanas foram boicotadas, enquanto casas e negócios foram demolidos e locais de culto dos muçulmanos incendiados. Alguns têm apelado abertamente ao seu genocídio.

Anteriormente, o BJP já tinha apelidado os muçulmanos de infiltrados e migrantes ilegais, ao entrarem na Índia vindos do Bangladesh e Paquistão, além de vários estados governados pelo partido terem restringido o casamento inter-religioso, invocando o mito do "jihad do amor", segundo o qual os muçulmanos convertem as mulheres hindus através do casamento. GAR



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