Moscovo - O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu mais cooperação entre o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para garantir ao mundo o fornecimento de alimentos e recursos energéticos.
"A Rússia é a favor do estabelecimento de uma cooperação mais estreita no âmbito dos BRICS para o fornecimento confiável e ininterrupto de energia e recursos alimentares aos mercados mundiais", afirmou Putin numa intervenção por vídeo-conferência na terça-feira durante a abertura da cimeira que decorre em Joanesburgo, África do Sul.
Putin enfatizou que o seu país está a aumentar o fornecimento de combustíveis, produtos agrícolas e fertilizantes aos países do sul e contribui para fortalecer a segurança alimentar e energética global e combater a pobreza e a fome nos países mais necessitados.
A este respeito, insistiu que o seu país é capaz de substituir os cereais ucranianos no mundo, tanto comercialmente como em doações, ou seja como ajuda humanitária.
O Presidente repetiu a promessa feita na recente cimeira Rússia-África, que se realizou em São Petersburgo (Rússia), de que enviaria carregamentos de 25.000 a 50.000 toneladas de cereais para seis países africanos.
"As conversações com os parceiros já estão concluídas", anunciou, salientando que a Rússia teve este ano "uma colheita magnífica".
O líder russo voltou a insistir que Presidência (Kremlin) está pronto para voltar à iniciativa do Mar Negro sobre as exportações de cereais se todas as suas condições forem cumpridas e voltou a acusar o Ocidente de dificultar o fornecimento russo de cereais e fertilizantes desde o início da guerra na Ucrânia, há 18 meses.
Putin referiu ainda que os cinco países BRICS ultrapassam os países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) "em paridade de poder de compra" e considerou "irreversível" a renúncia ao dólar nas trocas e transferências entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Como resultado, a participação do dólar nas operações de exportação e importação no âmbito dos BRICS diminuiu. No ano passado, foi de apenas 28,7%", disse.
Além da expansão do grupo, a cimeira dos BRICS também deverá debater a "desdolarização" entre os países membros optando pelas respectivas moedas nacionais, a exemplo da política em curso que a Índia pretende potencializar com a rupia indiana, ou possivelmente através de uma "moeda única" como defende o Presidente do Brasil, Lula da Silva.
Para a cimeira dos BRICS foram convidados mais de 60 líderes do Sul Global para o evento, que decorre em Sandton, no norte de Joanesburgo.
Putin é o grande ausente na cimeira de Joanesburgo, para onde decidiu não viajar por receio de ser detido na sequência do mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional por alegados crimes de guerra na Ucrânia.
A delegação russa é liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.DSC